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Forte Apache

A ver o Europeu (3)

Pedro Correia, 13.06.12

Finalmente, voltaram os golos. Sem sequer necessitarmos do contributo de Cristiano Ronaldo. E numa partida em que não podíamos perder: Portugal enfrentou hoje com êxito a Dinamarca, que vinha moralizada de uma vitória contra a Holanda, marcando três excelentes golos. Aos 37 minutos, a equipa nacional já vencia por 2-0 no Arena Lviv (Ucrânia). Uma quebra de rendimento no início da segunda parte permitiu aos dinamarqueses empatar a partida, mas a vontade de vencer dos jogadores comandados por Paulo Bento ditou o rumo dos acontecimentos. E desta vez ninguém pode queixar-se de azar.

Portugal foi superior. Não devido ao factor sorte, mas devido ao factor competência. Do ponto de vista táctico e do ponto de vista técnico. A selecção demonstrou grande maturidade, física e psicológica. Superou algumas debilidades reveladas no jogo contra a Alemanha com um notável esforço colectivo. E deu-se até ao luxo de falhar duas outras soberbas oportunidades de golo, protagonizadas por um Ronaldo muito abaixo do seu rendimento habitual.

O seleccionador nacional confirmou ter fibra de líder ao recusar as intensas pressões mediáticas dos últimos dias para retirar Helder Postiga do onze titular e fazê-lo substituir pelo jovem Nélson Oliveira. Postiga, autor do segundo golo, justificou a confiança que o seleccionador nele depositou. A equipa entrará em campo no próximo domingo, contra a Holanda, muito mais moralizada com esta vitória, inteiramente merecida e justamente festejada. As bandeiras de Portugal vão regressar às varandas, não duvido.

 

Dinamarca, 2 - Portugal, 3

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Os jogadores portugueses, um a um:

 

Rui Patrício - Voltou a ser um bastião da equipa, com defesas seguras e grande personalidade entre os postes. Sem culpas nos golos dinamarqueses.

 

João Pereira - Melhor do que no jogo anterior, contra a Alemanha. Arriscou mais incursões pelo seu flanco e chegou a fazer um centro bem medido aos 52'. Perdeu no entanto o confronto individual com Krohn-Dehli na jogada que viria a gerar o primeiro golo dinamarquês.

 

Bruno Alves - Concentrado, seguro, eficaz. Continua exímio na arte de desarmar os adversários sem necessidade de recorrer a faltas. E voltou a ajudar o ataque português nos lances de bola parada, aproveitando a sua elevada estatura. Deixou Bendtner movimentar-se na grande área e marcar o primeiro golo dinamarquês: foi praticamente a sua única falha durante o encontro.

 

Pepe - Uma grande partida do central do Real Madrid, coroada no magnífico golo que marcou aos 24', de cabeça, elevando-se junto ao primeiro poste com a defesa dinamarquesa batida. Pôde assim vingar-se daquele seu remate à barra que só não chegou a ser golo por centímetros na partida contra os alemães. Foi, logo de início, o português que ganhou mais lances individuais. E manteve-se em excelente nível durante quase todo o encontro, só não conseguindo travar Bendtner na marcação do segundo golo dinamarquês, aos 79'.

 

Fábio Coentrão - Muito mais contido do que no jogo anterior, obedecendo provavelmente a indicações do técnico. O meio-campo português ressentiu-se disso. Na segunda parte perdeu alguns duelos individuais com o recém-entrado Mikkelsen, que mostrou muito melhor condição física do que Rommedahl como extremo-direito dinamarquês.

 

Miguel Veloso - O médio do Génova voltou a jogar muito concentrado, dando um contributo decisivo para anular os lances ofensivos da Dinamarca. Marcou aos 56' um excelente livre que o guardião dinamarquês defendeu com dificuldade.

 

Raul Meireles - Com uma exibição irregular, ressentiu-se do cartão amarelo que lhe foi mostrado pelo árbitro britânico logo aos 28', por travar com a mão um ataque perigoso da equipa adversária. Esta jogada, em que arriscou uma expulsão, parece ter inibido o médio do Chelsea, que hoje falhou mais passes do que é seu hábito. Muito desgastado fisicamente, foi substituído aos 83' por Varela.

 

João Moutinho - O melhor médio português, com missões constantes no corredor esquerdo e no próprio centro do terreno em apoio permanente à linha avançada. Marcou de forma exímia o canto que esteve na origem do primeiro golo português.

 

Nani - Voltou a ser o melhor português em campo, faltando-lhe apenas um golo para chegar perto da perfeição. Nunca quebrou animicamente, ao contrário de Ronaldo, e protagonizou algumas das jogadas mais acutilantes da selecção. Aos 36', fez uma assistência excelente para Helder Postiga e daí surgiu o segundo golo português. Outro passe de elevado nível para Cristiano Ronaldo, aos 49', poderia ter igualmente resultado em golo. Arrancou um cartão amarelo a Poulsen aos 55'.

 

Cristiano Ronaldo - Voltou a ser muito marcado, como já se esperava, mas desta vez só pode queixar-se dele próprio: esteve duas vezes isolado perante o guarda-redes da Dinamarca, aos 49' e aos 77', e falhou escandalosamente o golo em ambas as ocasiões. Recebeu um cartão amarelo à beira do fim do jogo.

 

Helder Postiga - Mereceu ter recebido a confiança do seleccionador. Marcou o segundo golo português, aos 36', e mostrou sempre grande dinamismo na linha avançada portuguesa. Rendido aos 63' por Nélson Oliveira.

 

Nélson Oliveira - O mais jovem elemento da selecção, único jogador de campo do Benfica no onze nacional, continua a ser levado em ombros pela imprensa desportiva portuguesa. Mas parece ainda demasiado imaturo para desafios de grande responsabilidade, ao nível da fase final de um Europeu. Entrou para o lugar de Postiga, mas não pode dizer-se que o substituiu com vantagem.

 

Varela - Substituiu Meireles, tal como sucedera contra a Alemanha. Aos 83'. Mas desta vez não falhou: quatro minutos depois de entrar, marcou o terceiro - e decisivo - golo de Portugal quando já quase todos aguardavam o empate.

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