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Forte Apache

Ai aguenta, aguenta

André Miguel, 01.12.12

Esta prosa do colega de armas José Meireles Graça conduziu-me a esta vacuidade do Sr. Daniel Oliveira, o qual se mostra muito preocupado com a saída do país da geração melhor preparada.

Como emigrante agradeço desde já o adjectivo sobre a preparação, a qual na cabeça do Sr. Daniel Oliveira deve-se, certamente, unicamente à aposta na educação que o Estado depositou em nós. Isto de vivermos num mundo sem fronteiras, com liberdade de escolha e mérito próprio para procuramos o melhor, são coisa de somenos na cabeça da maioria da nossa esquerda. Se até Obama diz que não devemos a nós o nosso sucesso mas sim a terceiros é porque deve ser verdade… Enfim, adiante.

A certa altura atira o Sr. Daniel que este jovens “Eram sobrequalificados para o tecido empresarial português, que, por culpa própria e do Estado, não acompanhou o investimento público na qualificação do trabalho”. Engana-se meu caro. Foi precisamente o excesso de investimento público, o incentivo, a procura do progresso, o apoio e o subsídio financiado com os impostos sugados aos privados, juntamente com o crédito fácil e barato para o Estado que fez com que os nossos empresários, mesmo acompanhando a nossa qualificação, não tivessem meios de nos oferecer oportunidades. O Estado glutão tudo comeu e nada deixou até à entrada em cena do FMI. Como emigrante lhe confesso que dispensaria bem todo e qualquer apoio do Estado à qualificação do meu trabalho, deixe lá isso para quem paga os ordenados. O único apoio que o Estado devia dar ao mercado de trabalho era não apoiar o mercado de trabalho, sair da frente e deixar aos privados essa tarefa; o Estado não deve ser regulador e jogador.

Quanto à preocupação de não regressarmos permita-me tranquilizá-lo, pois regressaremos, fique tranquilo pois gostamos muito do nosso cantinho à beira mar. Também não se preocupe que sua santidade o Estado não ficará sem mão de obra qualificada. Hoje partimos, já expliquei as razões, mas depois de arrumar a casa, depois de todos os estragos de anos a fio a incentivar a qualificação do trabalho estiverem minorados, não se preocupe que Portugal voltará a necessitar os melhores e nessa altura lá estaremos e se não formos nós, certamente, outros estarão disponíveis. A certa altura diz ainda que “Desprezamos, enquanto povo, quase todas as conquistas dos últimos quarenta anos”. Fale por si, pois eu, jovem emigrante, tal como a minha família, orgulho-me de todas as conquistas de Portugal, pois não esqueço as histórias de miséria dos meus pais e avós no Alentejo do antigamente. E não, o país que construímos nas últimas décadas não está a partir, está a reconstruir-se. Até lá é aguentar, tal como nós emigrantes aguentamos a sua preocupação bem falante.

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