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Forte Apache

E depois uma ditadurazinha ?

Maurício Barra, 08.05.13

Dois dias antes de Portugal dar um passo de gigante no regressos aos mercados internacionais, João Ferreira do Amaral, um economista próximo da área socialista, deu uma entrevista ao Expresso, no qual continuou a defender que Portugal nunca deveria ter entrado no Euro, e a solução para os nossos problemas é, agora, sair da moeda única europeia.

Argumenta que “ um país fraco não pode ter uma moeda forte”. Não lhe passa pela cabeça que o país não é fraco por causa da moeda, mas sim pelo desperdício acumulado de quinze anos, nos quais Portugal recebeu a maior apoio financeiro alguma vez recebido nos últimos dois séculos, da Europa e em Euros, a maior parte a fundo perdido, e em vez de o transformar em crescimento e emprego, como o fizeram a maior dos países que receberam idênticos Quadros de Apoio, colocou-o quase todo em cimento armado e a engordar o Estado a caminho do socialismo, com uma gestão de tal forma incompetente que, em vez de enriquecer o país, criaram uma “bolha” interna de crédito fácil, geraram défices orçamentais anuais permanentes e aumentaram o rácio da dívida portuguesa para números estratosféricos.

Mas pela boca morre o peixe !

Via João Navarro de Andrade, no Delito de Opinião”, tive acesso ao conteúdo da entrevista que o dito economista deu a Clara Ferreira Alves. Leiamos um excerpto.

 

« A receita para tão suave milagre anda JFA a bradá-la há anos neste deserto: sair do €. Limpo, cirúrgico e indolor, ou pelo menos sem austeridade exageradas como a que hoje penamos – certo?

Vai daí e Clara, senhora de grande astúcia, pergunta pelas consequências de tão elegante e airosa magicação segregada pelo auspicioso cérbero de JFA:

Como seria pagar a dívida externa nesse cenário de saída ordeira?

Seria o cenário argentino. Teríamos dois anos infernais e depois resolvia-se. O pior seriam os dois anos, do ponto de vista democrático. A violência, a bandidagem… a dívida externa, a pública só me preocupa na media em que é externa, é brutal.”

Persiste Clara:

“Mas as prestações sociais teriam sempre de aumentar, o que aumenta o risco de hiperinflação.

E aí, o que me preocupa mais são os medicamentos, que são quase todos importados. Teria de ser feito um programa especial para isso. A despesa também não seria por aí além.”

Ou ainda:

“As pessoas fazem perguntas concretas sobre a vida delas. Se tiverem uma dívida ao banco de uma casa, como é que essa dívida vai ser paga? Em euros? Em escudos?

Acho que o Estado se deve substituir ao devedor na proporção que resulta da desvalorização cambial. Pode fazer um empréstimo junto do banco de Portugal. A outra hipótese é a bonificação da taxa de juro. Ou se reduz o capital ou se reduz a taxa de juro.” »

 

Ou seja, o douto senhor, que teoriza sobre a saída do euro, diz-nos que o “day after” é um  caos tão indiscritível que não é mensurável. Ou seja, propõe sair de uma situação onde há falta de crescimento e desemprego para uma nova situação onde haverá muito mais desemprego e uma acentuada regressão económica.

Na qual a ordem pública terá de ser controlada. E os contestatários, a vadiagem, bem amordaçados..

E depois uma ditadurazinha, não é ?