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Forte Apache

As falácias do socialismo

Carlos Faria, 13.03.13

O desgaste do atual governo não só é ampliado devido ao modo deficiente como este comunica e explica as suas medidas, dos efeitos recessivos a curto-prazo que resultam da necessidade de correção da gestão do País incluindo das reformas que se impõem e deveriam substituir o aumento dos impostos, mas também da incapacidade em contrapor, publicamente e a bom som, os insucessos e contradições na prática da alternativa socialista.

Podemos mesmo esquecer a mais antiga, o facto de haver socialistas a repetirem até à exaustão que austeridade traz mais austeridade que ainda se atrevem com a falácia de abrir uma exceção para o PEC4 que, segundo eles, teria salvo o País.

Mas já não nos podemos esquecer que explicaram-nos em alta voz que veríamos como farol da Europa a via alternativa do crescimento que seria implementada por François Hollande em França, agora no poder aquele socialista cria uma austeridade de esquerda que equilibra contas e já não falam alto do modelo francês que evidencia a falácia do crescimento sem recursos para o sustentar.

Insistem que com o PS no poder as coisas seriam diferentes, mas a falácia cai por terra se compararmos os resultados entre o governo "entroikado" em Lisboa e o governo que garante que não traz a austeridade do Continente para os Açores e onde "O desemprego na Região cresceu em 2012 a um ritmo muito superior do que a nível nacional e os números da execução fiscal mostram que nos Açores a economia travou mais a fundo. As receitas do IVA (imposto sobre o valor acrescentado) caíram no ano passado 2% no país e 14,4 % nos Açores e as do IRC (imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas) decresceram 17,3% no país e 42,5% na Região" como denuncia Luís Garcia hoje no jornal Incentivo.

Contraditório também é preciso sobre os resultados práticos e alternativas socialista no presente.

Cancelamento de cirurgias em Serviço Público

Carlos Faria, 30.01.13

Já me habituei que existe um tratamento diferencial na cobertura jornalística nacional dos problemas insulares face aos que se passem no território do Continente, tal como já me habituei a que os problemas no estado social, quando gerido por socialistas, merecem menor atenção do que quando geridos por governos sociais-democratas.

Imagine, que nuns Açores com um Serviço Regional de Saúde, onde o Executivo socialista chuta para as empresas públicas as dívidas da sua governação para se vangloriar perante Lisboa de ter um superavit nas suas contas públicas já houve 50 cirurgias canceladas só em Ponta Delgada, nomeadamente por dificuldades orçamentais.

Este hospital cobre uma população de menos de 150 mil pessoas, transponha a relatividade do problema para a dimensão de 9,5 milhões de habitantes do Continente e veja quantos cancelamentos o Serviço Nacional de Saúde teria efetuado e a dimensão do escândalo que seria.

É assim na prática, na terra do domínio quase absoluto do PS, que está defendido o serviço público... mas o perfume inebriante da rosa cala a desgraça.

 

Relações PSD-Açores/PSD - Caminhos autónomos numa relação difícil

Carlos Faria, 13.01.13

Acabou há momentos o XX congresso do PSD-Açores, na sequência do qual foi eleito pela primeira vez em eleições regionais e ratificado em congresso, o projeto de um líder do partido sem ser das duas principais ilhas do Arquipélago: Duarte Freitas, natural e residente na ilha do Pico.

Duarte Freitas entra com uma vontade de uma renovação profunda e de tal modo que nenhum elemento eleito na nova Comissão Politica Regional é repetente. Aprovou uma moção global estratégica "Reestruturar, Reformar e Renovar" e promoveu a uma alteração dos estatutos que não só diminui o peso das inerências como reduz o número de elementos nos órgãos do PSD-Açores. Embora assuma não cortar com os históricos.

No discurso final do congresso foi evidente que as relações partidárias regional e nacional não vão ser fáceis. Sendo o PSD-Açores uma estrutura autónoma e, como tal, com uma estratégia própria, as diferenças não são de estranhar. Contudo, sendo os Açores uma região pequena e arquipelágica o papel interventivo do governo sempre foi muito significativo na economia regional, o que tornou desde o início o PSD-Açores muito menos liberal do que no Continente e estando há mais de 16 anos seguidos na oposição, área onde em Portugal se tende a ser muito mais à esquerda do que no poder, é normal que nos Açores as simpatias na família laranja sejam mais próximas da social-democracia pensada em 1974 do que na atual estrutura liderada por Passos Coelho.

No encerramento as diferenças ideológicas nos discursos de Duarte Freitas e do líder nacional ficaram bem patentes. Mais: embora o líder regional tenha deixado claro que muito pelo que estamos a passar resulte dos erros socialistas em Lisboa e no Arquipélago e de ter assumido a necessidade de se respeitar o compromisso com a troika, assinado no governo de Sócrates, também não deixou de salientar que apesar do memorando entre o Governo dos Açores e o da República reforçar compromisso internacional de redução do diferencial de impostos de 30 para 20% entre a Região e o Continente, ele, líder do PSD-Açores, discorda.

Passos Coelho, tentou rebater alguns mitos sobre as vias alternativas e os insucessos da sua política e deixou claro que não se deixa demover na sua estratégia, apesar das vontades insulares. A nova Lei de Finanças Regionais será o primeiro combate com Duarte Freitas, ficando por definir qual a margem entre a solidariedade interna do PSD-Açores com a estrutura nacional e a autonomia das decisões para defender os interesses regionais, sabendo-se ainda que o PS-Açores, por dificuldades financeiras, assinou de cruz e sem discutir na Região a aceitação das imposições de Lisboa, mas inunda a comunicação social com discursos contrários ao acordado e culpa sempre o Continente de todos os seus erros e compromissos impopulares.

Lições nacionais das eleições açorianas

Pedro Correia, 21.10.12

Considero que o resultado das eleições açorianas do passado domingo, que em cima da hora analisei aqui, foi sobretudo ditado por factores de ordem regional - designadamente a boa avaliação popular dos 16 anos de mandato de Carlos César, a renovação que o PS-Açores soube fazer em tempo útil ao designar Vasco Cordeiro como protagonista do novo ciclo político e à errática campanha da candidata social-democrata, Berta Cabral, incapaz de se apresentar como verdadeira alternativa à hegemonia dos socialistas no arquipélago.

Sugerem-me no entanto que faça uma avaliação política deste escrutínio sob uma óptica estritamente nacional. É um exercício interessante. Aqui fica, em quatro pontos.

 

1. Foi a primeira derrota eleitoral de Passos Coelho desde que chegou à liderança do partido e faz antever dificuldades adicionais nas autárquicas de 2013. Mas o PSD resistiu melhor do que muitos previam ao inevitável desgaste governativo, ganhando dois deputados e subindo quase três pontos percentuais face aos resultados obtidos nas anteriores eleições regionais açorianas, realizadas em 2008.

 

2. O CDS é, de longe, o partido mais penalizado pelo exercício da governação em Lisboa: perdeu três pontos percentuais e dois deputados neste escrutínio. Para o PSD, ainda por cima. Esfumou-se o sonho de governar em coligação com o PS em Ponta Delgada, resta a coligação com o PSD em Lisboa.

 

3. Os socialistas souberam capitalizar em votos a oposição moderada ao Governo liderado por Passos Coelho. Pode irritar alguns nostálgicos do ciclo governativo anterior, que talvez preferissem agora ver o PS de braço dado com o Bloco de Esquerda numa oposição "frentista". Mas a eleição açoriana prova que Seguro está certo.

 

4. A esquerda radical baixa na região autónoma para percentagens irrisórias. Mais o PCP, que teve agora apenas 1,9% nas urnas (recuando 1,2% e mantendo à justa o seu deputado solitário) do que o BE, que obteve 2,3% (um ponto percentual a menos e um deputado perdido para o PS). Em qualquer  dos casos, nada que legitime o constante vociferar contra a troika e a exigência de novas eleições a nível nacional: PCP e BE, somados, recolheram apenas 4,2% dos sufrágios. Se os Açores servem de amostra, ninguém perderá tanto com novas eleições como estes dois partidos.

Eleições nos Açores

Carlos Faria, 14.10.12

Os partidos do governo da república hoje não perderam uma região que já não era sua há 16 anos, mas os resultados indiciam que estão mesmo a perder o País e sem darem quaisquer esperanças de que o estão a salvar e os muitos votos brancos que hoje desdobrei são sinal de uma descrença muito perigosa.

Podem-se perder eleições na política, mas perder a esperança no futuro nenhum governo em democracia pode permitir tal situação, pois é o regime democrático que fica em risco.

Mas a quente, várias reflexões podem-se já fazer com os resultados das legislativas regionais dos Açores de 2012.

Legislativas Regionais dos Açores numa conjuntura estranha

Carlos Faria, 11.10.12

No domingo há eleições nos Açores e o PSD-Açores corre o risco de ser julgado como se tivesse sido um governo que não foi e o PS-Açores tem a possibilidade de não ser julgado pelo governo que efetivamente foi. Se ganhar o primeiro ter-se-á a certeza que o Povo Açoriano distinguiu a estrutura regional e Berta Cabral do líder nacional, se ganhar o segundo, ficará a dúvida se foi mesmo vontade do eleitorado regional em entregar os destinos da Região a Vasco Cordeiro ou pretendeu sobretudo penalizar Passos Coelho.

Diz-se que os Açorianos sabem distinguir bem o que está em causa em cada eleição, mas que nesta campanha houve quem procurou confundir as coisas: houve.

Tempestade tropical Nadine volta a atacar os Açores

Carlos Faria, 01.10.12

Confesso que já começo a estar cansado de no último mês e meio ter quase sempre um furacão ou tempestade tropical a ameaçar os Açores.

Imagem do NHC

 

Depois do Gordon, foi o Nadine e este, após uma trajetória circular, volta novamente a ameaçar este arquipélago após alguns estragos no Faial, Pico e Terceira, parece que não se deu por satisfeito e eis que a sua rota atual tende a afetar outra vez o Faial e estender os seus braços às Flores e Corvo... talvez ainda seja cedo para saber o traçado final, mas não me agrada nada vê-lo a dirigir-se precisamente para a minha ilha.

 

 Imagem de Hurricane Tracker

 

Independentemente da campanha eleitoral, perspetiva-se mais uma semana de ansiedade nos Açores...

À espera de Nadine

Carlos Faria, 19.09.12

Para acompanhar e origem da foto consulte o NHC

 

Depois de ter esperado por Gordon, que felizmente se desviou mas atacou a ilha de Santa Maria; de ter esperado por Godot no Teatro Faialense, mas que não apareceu; e enquanto o Continente se delicia com temperaturas estivais e sol; resta-me ficar à espera que Nadine se mantenha fiel na sua rota e não venha visitar os Açores como já ameaçou.

Entretanto, o vento já sopra com alguma intensidade e vai quebrando os ramos mais frágeis, o céu varia entre o azul e o cinza muito escuro, aguarda-se chuva forte, raios e coriscos acompanhados por intensa percussão e como não tenho a quem atirar as culpas, só me resta resignar e que tudo corra pelo melhor.

O estranho comportamento do CDS-PP

Carlos Faria, 06.09.12

Penso que na coligação governamental, fora dela e sobretudo da parte dos cidadãos já todos têm plena consciência que a carga fiscal está a atingir ou atingiu o limite, pelo por questões de sobrevivência política ou pessoal ou meramente por defesa do valor do seu trabalho estão todos contra o aumento de impostos.

Todavia, nos últimos dias tem-se assistido a um intensificar de divergências públicas entre os partidos da coligação governamental, sobretudo por parte do PP, que ora mostra discordâncias de assuntos na ordem do dia na comunicação social, como foi o caso da concessão da RTP; ora apresenta por antecipação posições políticas sobre questões ainda não assumidas por parte do governo, como foi agora o aumento de impostos.

Uma coisa é comum: o PP tenta mostrar sempre uma posição política em sintonia com a opinião e desejos maioritários da população, um comportamento de quem está no poder mas não quer assumir os espinhos das decisões polémicas ou impopulares e como se estivesse em campanha para eleições a curto-prazo.

Conhecendo o facto de se estar em pré-campanha nos Açores, onde o CDS-PP aspira a aumentar a sua expressão eleitoral, não estranho que se esteja perante uma estratégia de solidariedade e de apoio político do partido nacional com os objetivos dos centristas açorianos e não de um esticar da corda dentro da coligação no Continente.

O comportamento do PP seria assim o oposto ao do líder nacional do PSD quando disse que "se lixem as eleições", primeiro está Portugal, pouco antes do início desta campanha e até hoje nenhum sinal para salvaguardar os objetivos do PSD-Açores foi mostrado do lado de Passos Coelho.

Recorde-se que na Madeira o CDS ascendeu ao segundo lugar no parlamento e tal objetivo, embora difícil de alcançar, deve ser um sonho para os centristas nos Açores. Mas esteve bem Passos Coelho em travar esta imagem de divisionismo interesseiro do CDS no Continente, pois uma coligação implica também uma corresponsabilização dos amargos da governação.

Açores: no pasa nada!

Filipe Miranda Ferreira, 04.09.12

 

Ainda me lembro...

Quando foi Alberto João Jardim a assinar um memorado de entendimento em nome da Região Autónoma da Madeira com a República Portuguesa.

Assunto para um mês nos nossos jornais de referência, os nossos senadores a rasgarem as vestes perante tal cataclismo, a blogosfera em chamas contra o despesismo insular.

Ainda bem que nos Açores não existe nada assim nem foi preciso nenhum resgate financeiro!!!