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Forte Apache

Alerta Laranja

Maurício Barra, 29.07.13

A transferência da energia para o Ambiente entusiasmou Mexia, porque permitirá que continue a mexer na co-geração à moda de Sócrates. Com os Portugueses a pagar, claro. E, para “épater les bourgeois”, eventualmente aparecerá  um descontozito de 3 a 5% na factura para a indústria pesada.

Transformar a conta energética em factor de aumento da competitividade da economia nacional, isso, está de regresso ao Canadá. 

Inevitável

Maurício Barra, 23.10.12

“O pedido de ajuda externa era inevitável, o Memorando de Entendimento (tal e qual como estava) era inevitável, o Orçamento do ano passado era inevitável, o deste ano é inevitável. É tudo inevitável até à falência final” (Luciano Amaral).

É tudo inevitável ?

Não.

Porque é inevitável a obrigação do Governo renegociar os termos do Acordo de Ajustamento antes que fiquemos todos desajustados.

Assim como será inevitável o Governo em 2014 e 2015 diminuir a despesa pública e baixar os impostos aos portugueses.

Isto se quiser evitar situações confrangedoras inevitáveis.

Alerta Laranja

Maurício Barra, 10.10.12

Desculpem voltar ao tema. O IMI.

Mesmo evitando o tremendismo intelectualmente desonesto de alguma imprensa que proclama que poderá haver aumentos de IMI em não sei quantos mil por cento sem referir o valor base de partida, se algum português, cujo único património seja a sua casa, perder a sua habitação de família por não poder pagar o IMI, garanto que haverá sangue. Está escrito na história.

 

E desculpem alertar novamente para a gestão política do desemprego.

Não se pode ser passivo perante a existência de mais de 300.000 portugueses ( +/- 50% do total dos desempregados ) sem  programas de incentivo.

Por exemplo, a solução de microcrédito para criação de microempresas é uma medida testada com sucesso em situações bem piores que a portuguesa. O Governo deverá negociar com a banca sistemas de apoio ao “little people”. A função social do sistema financeiro é obrigatória em períodos da grave crise económica antes que esta se transforme em grave crise política. Se esta vier a acontecer os bancos perderão grande parte do seu valor. E os actuais administradores perderão a sua propriedade.

Laffer e Murphy

Maurício Barra, 01.10.12

Depois de em Junho passado vermos aplicada a Portugal a curva de Laffer, o ponto a partir do qual o aumento de tributação diminui a receita tributada, a semana passada verificámos a teoria de Murphy a funcionar com a intervenção de António Borges. Se se confirmar que é o principal promotor da brilhante ideia de, a uma diminuição da TSU por parte das empresas (com a qual nenhum empresário estará contra), corresponder uma ainda maior tributação de quem trabalha no sector privado (*) (se fosse saldada por contrapartida fiscal, não teria o Governo descido ao abismo do qual tem agora de recuar), a sumidade do ex “muita coisa” revelou o seu limite, uma absoluta ignorância social. Uma básica ignorância social do que é a aplicação política de uma medida económica.

Com todo o respeito, usar em 2012 métodos que fazem lembrar as teorias da escola de Chicago, faz-nos recuar para o tempo “ em que os animais falavam “.

Eu supunha que o senhor conseguia manter uma conversa razoável com a sociedade a que pertence.

 

(*) e de uma penada hostilizando a base de apoio do PSD e do CDS.

Cabo das Tormentas

Maurício Barra, 10.09.12

« Sabe que quantas naus esta viagem 

Que tu fazes, fizerem, de atrevidas, 

Inimiga terão esta paragem, 

Com ventos e tormentas desmedidas! 

E da primeira armada, que passagem 

Fizer por estas ondas insufridas, 

Eu farei d’improviso tal castigo, 

Que seja mor o dano que o perigo!» 

 

" Que seja mor o dano que o perigo ". Esta estrofe dos Lusíadas resume bem o momento que vivemos.

Num país "que quer acreditar" que o actual Governo nos pode salvar do abismo em que o anterior nos colocou - e aqui convém sublinhar que os que querem acreditar ultrapassam largamente em número os "que querem votar" -, as medidas anunciadas pelo Primeiro Ministro foram difíceis para o corpo e ácidas para a compreensão.

Que o "corpo teria de sofrer" era esperado, depois da decisão de inconstitucionalidade da trajectória de ajustamento que estava em curso. A qual tem origem na irresponsabilidade do PS de "atirar a pedra e esconder a mão" para proteger o seu grupo eleitoral do sector público, engordado durante treze anos numa distorsão social que eliminou a equidade com quem trabalha no sector privado e que nos custou a todos o Estado sobredimensionado que nos levou à porta da bancarrota.

Mas que se descure a compreensão das medidas que a realidade impõe já é responsabilidade do actual governo.

O aumento de desconto para as SS reverte para melhoria da reforma de quem desconta ?

Ou é só um pagamento "imposto"?

Qual é a projecção total do seu valor e quanto representa no ajustamento do deficit ?

Os ordenados mínimos vão ter medidas compensatórias ? 

A baixa da TSU das empresas, diminuindo o pay check e aumentando a produtividade, quanto representará em investimento e emprego ?

Ou só é para apoio à tesouraria, já que a a banca se recusa a financiar as PME's invocando esse argumento ?

As "gorduras" do Estado continuam saturadas ou vão ser liofilizadas ?

É que falar em gordurar do Estado em Portugal é falar da distorsão de um mercado não concorrencial onde monopólios, duopólios ( agora os privados querem construir mais um nas televisões ) e oligopólios usam e abusam dos portugueses, como muito bem escrevia o actual Ministro de Economia.  Qual é a contribuição para ajustamento em curso das PPP's, SCUT's, Fundações e das famosas e onerosas rendas excessivas ?

E, sobretudo, quando é que o "saco de pedras" que todos temos de carregar fica menos pesado ? Quando e em que condições veremos os direitos económicos das famílias, desprezadas por esta Constituição, defendidos por um Governo em que queremos acreditar ?

Confundir determinação com bom senso, neste momento, pode ser particularmente grave. O momento exige a máxima determinação e o máximo bom senso para explicar os objectivos dessa determinação.

Só assim " os que querem acreditar " podem continuar a acreditar.

 

A Estratégia da Aranha

Maurício Barra, 27.08.12

O neo-realista residente do Largo do Rato Arons de Carvalho, os comentadores da RTPN, o tremendista Miguel Sousa Tavares, a primeira página do Expresso, o "editorial" do Ricardo Costa, a notícia direccionada do Público (que iniciou há duas semanas uma campanha para criar divergências entre o PSD e o CDS), a SICN, a redacção da RTP1 (*), todos eles juntaram-se ao PC e ao BE na crítica à privatização da RTP. O PC que desde 1974 quer (e em certas fases conseguiu) controlar a RTP. Na redacção, na edição, nos sindicatos, sempre o PC enquadrou a RTP (e a RDP) como o "seu" meio por excelência para transmitir a "sua mensagem", formatando ideológicamente a informação a que os portugueses tinham direito. Ramalho Eanes enfentou-os em 1974, mais tarde Sá Carneiro obrigou-os a recuar, mas depois com as televisões privadas (contra as quais estiveram sempre contra mas a que rapidamente "aderiram") e o sucesso que estas rapidamente obtiveram baseadas em puro trabalho jornalistico e na credibilidade, o impacto da informação condicionada da RTP perdeu escala de valor.

Todos eles estão, não contra o modelo de privatização, mas contra qualquer privatização. Tout court.

Eis como um "complicómetro" (**) levantado por uma "lebre" do Governo acabou por levantar e juntar os interesses corporativos e políticos que  ao longo da nossa "democracia " se mancomunaram para nos controlar.

A perturbação é evidente. Todos vão perder parte do poder que actualmente dispôem para controlar a informação que chega aos portugueses. Um novo player obrigará a que todos possam vir a ser avaliados pelo mercado em termos de credibilidade e formatação ideológica da informação. 

Daí o pânico que grassa sobretudo nos partidos não democráticos de esquerda e, infelizmente sem surpresa, nos "órgãos oficiais" da Impresa/Balsemão, onde a estratégia da aranha dos actuais directores, que demorou anos a tecer para controlar o principal grupo privado da imprensa portuguesa, transformando-o em informação mais "amiga" da esquerda do que amiga da verdade, pode ir todo por água abaixo.

 

(*) aqui não incluo o realizador António Pedro de Vasconcelos, porque a sua questão principal é o financiamento do audiovisual português a partir de uma plataforma pública, assunto que terá de ser equacionado seja qual for o modelo de privatização que o Governo entenda accionar.

(**) de facto o Governo aparentemente ligou o complicómetro para resolver este assunto. Em vez de seguir em frente com a proposta consensual de privatizar a RTP1, RTPN e RDP, reservando a RTP2, a RTPMemória, a RTPInternacional e RTPÁfrica para o "serviço público" que a Constituição "consagra", decidiu-se por um caminho absurdo que levantará dúvidas até para quem quer a privatização da RTP . Como diz Carlos Fiolhais " queremos acabar com as PPP's e agora com a RTP querem fazer mais uma". Voltamos a uma velha   tradição portuguesa : quando há a hipótese de decidir de uma forma clara e enxuta, prefere-se avançar para soluções a  dar tiros nos pés. 

Silly Season

Maurício Barra, 26.07.12

" Governo cria lista negra para quem não paga contas de luz e electricidade.

Os portugueses que devem mais de 75 euros de electricidade ou gás vão passar a ter o nome numa ‘lista negra’ a ser criada pelo Governo. "


A ser verdade . . . .  é tão absurdo.

E, politicamente, objectivamente idiota (*). Não pagar água e luz não é o mesmo que não pagar telemóveis ou, ainda pior, passar cheques sem provisão. Quem não paga água e luz está no grau zero de sobrevivência. Sem água e luz porque entretanto foram cortadas. Pessoas que perderam tudo que, num país com o desemprego actual, abrangem quem trabalhou e quer trabalhar e não encontram emprego.

Sim, pessoas que perderam tudo. Que agora querem que também percam a sua dignidade.


(*) quem presta serviço à comunidade sabe bem do que falo !

"Que se Lixem as Eleições"? A Sério ?

Maurício Barra, 25.07.12

Que se lixem as eleições, Portugal está primeiro “, diz, muito bem, Passos Coelho. O dito evoca Sá Carneiro que sempre disse – e praticou – que Portugal estava à frente do seu partido.

Mas este “ que se lixem as eleições” não pode ser entendido como “que se lixem os portugueses “. Não no sentido imediato do termo, mas referindo os portugueses menos informados que não compreendem os sacrifícios que é preciso sofrer para colocar novamente Portugal no bom caminho.

Porque há portugueses que estão “lixados”. Porque ainda não compreenderam se os sacrifícios valem a pena ou “isto vai ficar tudo na mesma”. E a razão é simples : todos os dias, na imprensa e nas televisões, são bombardeados pelo BE, PC e “tutti quanti” que a primazia de grande parte das redacções atribui à oposição. Muitas vezes sem o devido e atempado esclarecimento de quem, com determinação e sacrifício, quer levar Portugal a bom porto.

Caro Primeiro Ministro, além de continuar a fazer o que está a fazer, organize um sistema de informação permanente e fundamentada que informe os portugueses disso mesmo: verá que não vai ser preciso dizer “ que se lixem as eleições “. Vai passar a dizer que "vai ganhar as próximas eleições porque os portugueses compreenderam que pôs Portugal primeiro".