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Forte Apache

Norte.

Fernando Moreira de Sá, 27.01.13

Na passada sexta-feira, em Macedo de Cavaleiros, na abertura da Feira de Caça e de Turismo, tive a oportunidade de ouvir alguns discursos de diferentes personalidades do Norte. Do Norte profundo e demasiadas vezes esquecido.

 

Além das naturais queixas contra o centralismo do Terreiro do Paço (a Secretária de Estado do Turismo, ali presente, levou que contar) ouvi, não tanto nos discursos, algumas críticas ao eventual "centralismo" do Porto. Aqui no blogue, nalguns comentários a publicações minhas, já ouvi/li o mesmo tipo de críticas. Na parte que me toca, injustas. Quando a Regionalização se concretizar (o que acontecerá mais tarde ou mais cedo) serei o primeiro a me bater contra a possibilidade de o Porto, o meu Porto, ser a "capital" da Região. Prefiro uma solução tipo Vila Real. Os motivos são claros: o Norte para ser forte não precisa de ter no Porto a sua capital administrativa. O Porto não pode competir, enquanto cidade de média dimensão e em termos europeus, se não tiver uma Região forte. Para a ter, será fundamental que Braga, Guimarães, Vila Real, Bragança e Viana do Castelo ganhem mais músculo. O Porto, graças ao Aeroporto Internacional e ao Porto de Leixões será a porta de entrada aérea e marítima da Região. Trás-os-Montes e Douro, assim como o Minho, são as portas de entrada por via terrestre e precisam de criar mais "músculo". Sobretudo Trás-os-Montes e Douro. Por isso mesmo, a capital da Região deverá ser pensada e materializada nessa parte do território - o Minho, felizmente, graças a vários factores como a sua Universidade, um verdadeiro pólo de excelência, e à proximidade com Vigo/Santiago/Corunha, sem esquecer a sua componente litoral, não se encontra na mesma situação económica e social.

 

O que é fundamental, como já antes escrevi no Forte Apache, é ter toda a Região a remar para o mesmo lado. Mais unida, mais coesa. Ter uma estratégia e visão de conjunto. Um Porto centralista? Não, obrigado.

 

O Minho é uma passagem para a outra margem

Fernando Moreira de Sá, 29.09.12

Hoje, na Universidade de Vigo, explicava a um dos meus professores que um dos meus amigos e parceiro me denominava, enquanto perigoso regionalista nortenho, habitante da Galiza Sul. Ao que ripostou, com sonora gargalhada tão típica de galego, que ele se sentia um português do Norte.

 

Nem todos percebem esta relação verdadeiramente especial entre nós, as gentes do Norte de Portugal e as gentes da Galiza, sobretudo do Sul da Galiza – Tui, Vigo, Ourense, Pontevedra e mesmo, independentemente das rivalidades com Braga, Santiago de Compostela.

 

O Minho sempre foi uma ponte entre estes dois territórios, nunca uma fronteira ou um separador. As margens do Minho ou os montes que unem as duas regiões sempre foram pontos de passagem. Mais recentemente, no século XX, serviram de refúgio da Guerra Civil de Espanha ou de fuga/regresso, conforme as perspectivas políticas, nos primeiros tempos da nossa democracia.

 

Quando, por força da integração europeia, se aboliram as fronteiras mais nítida se tornou esta realidade. Quando se entra na Galiza torna-se difícil perceber que já não se está no Minho ou em Trás-os-Montes. Pelo menos para nós, aqui no Norte. A língua é praticamente a mesma (o velhinho galaico-português). Como ainda hoje me contava com piada um outro professor, quando vai a Lisboa confundem-no com um portuense ou minhoto ou transmontano por via da pronúncia. Expliquei-lhe que me acontece muito confundirem-me com galego em Madrid e Barcelona.

 

Um fenómeno muito interessante que se acentua na Galiza nas últimas décadas, sobretudo no meio académico e intelectual galego, é o seu profundo conhecimento sobre a nossa cultura – os nossos escritores, os nossos músicos, os nossos costumes. Infelizmente, nestas mesmas últimas décadas, o inverso não é tão verdadeiro, bem pelo contrário. O crescimento da aprendizagem da língua portuguesa na Galiza, até como forma de expressão política de determinados sectores da sociedade galega, é uma realidade indesmentível. Nos diferentes estudos de mestrado e doutoramento de universidades como a de Vigo e de Santiago, é possível a um estudante português apresentar as suas provas na sua língua materna. Sinceramente, desconheço se o inverso é verdadeiro nas nossas universidades. No meio académico galego o respeito pela língua portuguesa é extraordinário e deveria envergonhar muitos académicos nacionais que teimam em privilegiar o inglês em detrimento da nossa língua.

 

É, também, por isso que na Galiza me sinto em casa. Cada vez mais. Mesmo não sendo um “galego do Sul” nem eles “portugueses do Norte”. Não. Isso seria redutor. O que nos une é bem mais profundo...

Somos mesmo os maiores, carago!

Fernando Moreira de Sá, 27.03.12

 

A cidade do Porto foi escolhida como "Melhor Destino Europeu 2012" por mais de 212 mil votantes. A escolha das 20 cidades a votos foi da responsabilidade de um júri da Associação de Consumidores Europeus. Confesso que não estou admirado.

O Turismo de Portugal encomendou um estudo à Brandia sobre o turismo nacional e quais foram os resultados? O destino preferido dos portugueses foi o Norte de Portugal, seguido do Porto e em terceiro o Douro. Os três primeiros lugares. Depois foi a francesinha em destaque na imprensa internacional e novamente o Porto foi candidato ao prémio de Melhor Cidade 2012 nos Design Awards da “Wallpaper”, juntamente com Londres, Berlim, Cidade do México e Guangzhou (China). Ao longo dos últimos anos, o Porto e Norte de Portugal lá vai conseguindo crescer no número de turistas, na receita média por turista e temos visto vários hotéis a abrir e outros a renovarem-se.

No Norte de Portugal existem quatro "Património da Humanidade" (Douro, Foz Côa, Ribeira do Porto e Gaia, Guimarães), em 2012 temos Braga como Capital Europeia da Juventude e Guimarães Capital Europeia da Cultura e alguns dos mais fabulosos Parques Naturais (Peneda-Gerês, Montesinho, Douro Internacional) e um património histórico/monumental fantástico. Por isso mesmo, espero que aproveitem a Páscoa e nos visitem. Olhem que vale mesmo a pena!

 

Aproveito para enviar um forte abraço de parabéns ao Presidente do TPNP (Turismo do Porto e Norte de Portugal), Melchior Moreira, e a toda a sua equipa pois sei bem o enorme esforço, com tão poucos meios, que continua a fazer em prol da dinamização turística do Porto e Norte de Portugal.