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A discussão voltou a acender-se com a notícia de que a emigração teria aumentado 85% em 2011 e que em 2012 a Secretaria de Estado das Comunidades estima a saída de cerca 100 mil pessoas, na sua grande maioria jovens até aos 30 anos de idade.
O tema é complexo e de difícil abordagem, mas um país que se insurge contra o seu governo porque os cidadãos estão a emigrar em massa deve ser um país que julga que é obrigação do Estado dar emprego a tudo e todos. Os tempos da procura do progresso pelo investimento público para "estimular" o emprego (como a nossa esquerda tanto apregoa) acabaram e esperemos que não voltem mais.
Diz-se que não é uma decisão livre e espontânea mas uma inevitabilidade pela situação país. Até será assim em muitos casos, mas a verdade é que poderíamos trabalhar pelo salário mínimo ou numa profissão para a qual não estudámos, mas se não nos sujeitamos a isso e o mercado não oferece oportunidades há que as procurar lá fora. A emigração até serve como fuga ao saque fiscal em curso no país, portanto bem vistas as coisas existem bastantes vantagens, ganha o emigrante e ganha o país com as remessas do mesmo e a inexistência de encargos sociais com o desemprego. Se bem que saem muitos dos melhores, os mais ambiciosos, os mais empreendedores, os mais inconformistas, que tanta falta fazem a um país em crise. Claro que isto também causa uma ponta de revolta, todos gostamos muito do nosso país e custa imenso estar longe dos que nos são mais queridos, mas é o preço a pagar por melhores condições de vida e por oportunidades que de outro modo não existiriam. Por isso às vezes apetece-me apelar a todos os jovens, sem excepção, que emigrem, vão embora, virem costas a esse estado de coisas miserável, abandonem à sua sorte e deixem os oportunistas, as sangessugas, os velhos mentecaptos e senis senadores da nação a chafurdar na merda que criaram com anos a fio de desvario socialista com o dinheiro dos contribuintes, que deixem os parasitas sem hospedeiros contribuintes a quem sugar o fruto do seu trabalho. Afinal de contas Portugal nunca foi um país para jovens, não há um bom salário porque se é jovem, não se é promovido porque se é muito jovem - "ah e tal não tem experiência" - pois então os experientes e os sábios que se aguentem à bronca e resolvam a bela situação onde nos meteram a todos, como se diz na minha terra: desemmerdem-se. Mas o bom senso diz-me para não o fazer, porque penso nos que ficam, nos que não têm hipótese de sair, nos honestos e trabalhadores, nos mais velhos e nos pensionistas, que vêm uma vida de trabalho ir por água abaixo, que constantemente são chamados a pagar mais e mais contas e que a continuar neste rumo arriscam-se a pagar ainda mais.
Felizmente nada do que é permanece sempre igual e as coisas mudam, pelo que acredito no regresso. Apesar de tudo, e do muito que ainda há por fazer, sinto que aos poucos o país começa a entrar nos eixos, que o Governo não vacile e continue com as reformas, pelo que muitos de nós, certamente, regressaremos no futuro. Nem que seja para gozar o sol na reforma...
"Economia subterrânea e paralela é 25% do PIB português"
Um quarto, nada mais nada menos.
Quando as empresas privadas têm prejuízos fecham as portas, quando as empresas públicas têm prejuízos o Estado aumenta impostos, sugados aos primeiros e contra os quais concorre, para cobrir o desvario.
Quando se pagam impostos sem retorno é isto que acontece. Quando se pagam impostos para cobrir as asneiras de quem conduziu um país à falência é isto que acontece.
Qualquer imposto é um desincentivo ao trabalho e ao consumo. Quando o Estado fica com parte dos lucros de uma empresa está indirectamente a deter uma participação nessa empresa. Privadas? Pois... Quando o Estado fica com uma parte dos rendimentos do trabalhador está a confiscar parte do valor do seu trabalho, sendo aquele que sobra taxado novamente aquando do consumo. Não devem por isso existir impostos? Claro que devem, mas dentro de valores o mais baixo possível, caso contrário é isto que acontece.
Esta prosa do colega de armas José Meireles Graça conduziu-me a esta vacuidade do Sr. Daniel Oliveira, o qual se mostra muito preocupado com a saída do país da geração melhor preparada.
Como emigrante agradeço desde já o adjectivo sobre a preparação, a qual na cabeça do Sr. Daniel Oliveira deve-se, certamente, unicamente à aposta na educação que o Estado depositou em nós. Isto de vivermos num mundo sem fronteiras, com liberdade de escolha e mérito próprio para procuramos o melhor, são coisa de somenos na cabeça da maioria da nossa esquerda. Se até Obama diz que não devemos a nós o nosso sucesso mas sim a terceiros é porque deve ser verdade… Enfim, adiante.
A certa altura atira o Sr. Daniel que este jovens “Eram sobrequalificados para o tecido empresarial português, que, por culpa própria e do Estado, não acompanhou o investimento público na qualificação do trabalho”. Engana-se meu caro. Foi precisamente o excesso de investimento público, o incentivo, a procura do progresso, o apoio e o subsídio financiado com os impostos sugados aos privados, juntamente com o crédito fácil e barato para o Estado que fez com que os nossos empresários, mesmo acompanhando a nossa qualificação, não tivessem meios de nos oferecer oportunidades. O Estado glutão tudo comeu e nada deixou até à entrada em cena do FMI. Como emigrante lhe confesso que dispensaria bem todo e qualquer apoio do Estado à qualificação do meu trabalho, deixe lá isso para quem paga os ordenados. O único apoio que o Estado devia dar ao mercado de trabalho era não apoiar o mercado de trabalho, sair da frente e deixar aos privados essa tarefa; o Estado não deve ser regulador e jogador.
Quanto à preocupação de não regressarmos permita-me tranquilizá-lo, pois regressaremos, fique tranquilo pois gostamos muito do nosso cantinho à beira mar. Também não se preocupe que sua santidade o Estado não ficará sem mão de obra qualificada. Hoje partimos, já expliquei as razões, mas depois de arrumar a casa, depois de todos os estragos de anos a fio a incentivar a qualificação do trabalho estiverem minorados, não se preocupe que Portugal voltará a necessitar os melhores e nessa altura lá estaremos e se não formos nós, certamente, outros estarão disponíveis. A certa altura diz ainda que “Desprezamos, enquanto povo, quase todas as conquistas dos últimos quarenta anos”. Fale por si, pois eu, jovem emigrante, tal como a minha família, orgulho-me de todas as conquistas de Portugal, pois não esqueço as histórias de miséria dos meus pais e avós no Alentejo do antigamente. E não, o país que construímos nas últimas décadas não está a partir, está a reconstruir-se. Até lá é aguentar, tal como nós emigrantes aguentamos a sua preocupação bem falante.
Somos um país de fantásticos futebolistas e porreiros futeboleiros; adoramos uma boa discussão de café sobre o nosso clube favorito, tanto como o tempo de antena que damos aos comentadeiros do costume.
Não dispensamos uma boa polémica sobre aqueles lances onde uma equipa acaba beneficiada por culpa do malvado árbitro, sendo que, por vezes, a cegueira do coitado é tal que toda a gente fica com a certeza que foi propositado para beneficiar uma das partes. E isso é intolerável, pois o árbitro deve ser o mais discreto possível a bem da sua imparcialidade. Não admitimos asneiras a tal figura. Ponto.
Ora o inverso acontece exactamente na nossa economia, onde temos um Estado regulador e craque da bola. E isto causa-me uma verdadeira urticária, pois não me entra na cabeça porque diabo permite o povo que o nosso Estado seja ao mesmo tempo árbitro e jogador.
O Estado Português legisla sobre a actividade económica, ditas as regras do jogo, mas depois intervém sendo rival, leia-se concorrente, de todos os jogadores em campo. E no fim do jogo ainda fica com uma parte do resultado da equipa que ganhou a partida – impostos sobre os lucros – bem como parte do prémio dos jogadores que contribuíram à vitória – impostos sobre os rendimentos dos trabalhadores. Fantástico, não é?
Isto é uma perversão total das mais elementares regras do capitalismo e economia de mercado, mas ninguém se indigna, ninguém protesta, ninguém reclama. Protesta-se, sim, exactamente pelo seu inverso: que o árbitro intervenha ainda mais, apoie ainda mais e facilite ainda mais. O problema é que quando um árbitro decide favorecer, só o pode fazer a uma das partes e aí alguém terá de arcar com a derrota, sendo que pior será a sua intervenção se o mesmo for jogador, pois claramente inclinará a balança a seu favor. Por isso é que perder por perder é sempre mais fácil de digerir se por falta de mérito próprio do que por decisão deliberada de alguém. Não perceber isto é não perceber absolutamente nada do que significou mais uma vinda do FMI a Portugal.