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Forte Apache

Os Fângios de direita

José Meireles Graça, 05.08.13

"Mas também podia ser a descrição do último passatempo da direita portuguesa. Há dois anos, em Faro, Assunção Esteves não consegue travar a tempo e embate num veículo que estava parado em frente a uma passadeira. O impacto do automóvel da presidente da Assembleia da República foi tão violento que o carro da frente atropelou uma idosa que atravessava a rua. No ano seguinte, o presidente da Câmara Municipal de Tomar, António Paiva, também do PSD, atropelou uma criança que circulava com a sua bicicleta. Violando o limite de velocidade de 50 km/h, o veículo do autarca só conseguiu travar a 20 metros do acidente e a vítima foi projectada caindo a 17 metros de distância. Acabou por morrer. Já o candidato do PSD à Câmara Municipal de Lagoa, nos Açores, Gaspar Costa levava 1,65 gramas de álcool por litro de sangue e espetou-se contra uma árvore. Morreu um jovem de 19 anos e outra jovem ficou em estado grave."

 

E não lhes acontece nada porquê? Ora, é bom de ver: Polícia, Ministério Público, Tribunais, é tudo  a mesma corja - em se tratando de passatempos da direita portuguesa fecham os olhos.

 

E não é só em Portugal. Em Espanha a coisa não é muito diferente: um dirigente do PP tinha 45 multas acumuladas desde 2011 e nada. Mas foi a Cuba, teve um acidente que provocou uma vítima mortal e "Ángel Carromero ficou sem carta e foi condenado a quatro anos de prisão". Cuba é um estado de direito, os poderosos, lá, não têm como passatempo pôr em risco a vida dos seus concidadãos.

 

Mas, espera: Para da comparação se poder tirar uma conclusão edificante, o dirigente preso não deveria ser governante local?

 

Porque, assim, almas mal-intencionadas - fascistas, vá lá - poderão julgar que o acidente pode ter tido alguma coisa a ver com a lástima das estradas e a decrepitude do parque automóvel cubano. 

O militante de base

José Meireles Graça, 04.08.13

Há com certeza textos que regulam a actividade dos Provedores de Leitores, jornal a jornal, e se calhar há também legislação - em Portugal tudo o que mexe é regulado.

 

Não vou pesquisar, que nem a legislação nem os estatutos podem iluminar o estranho caso Óscar Mascarenhas.

 

Um Provedor do Leitor tem como função puxar as orelhas aos jornalistas quando estes ofendem princípios do jornalismo são, direitos dos leitores ou o estilo do jornal (se o tiver), pontapeiam a Gramática ou ignoram o senso.

 

Age por sua iniciativa ou por reclamação dos leitores, não tem poderes hierárquicos, e é independente. A sua arma é a opinião escrita, e a força dela vem do prestígio que tiver granjeado pela sua carreira, a sua independência, o seu equilíbrio e a sua experiência.

 

Da carreira de Óscar sei nada, excepto o que pude respigar, que é um percurso anódino de jornalista, e o que pude constatar, que é uma relação com a expressão escrita, digamos assim, desconfortável; da independência ficamos conversados, que tachar de fascistas dois excelentes moços, de impecáveis credenciais académicas e percurso de cidadania exemplar, com a indemonstrada afirmação de que "nos poucos dias que levam de governo, já deram provas de terem sido aldrabões" pode excitar o universo alvar do comentarismo oposicionista mas não passa de um insulto gratuito; equilíbrio quer dizer ponderação, equidistância e contenção, tudo o que um texto espumando raiva e ressentimento não tem; e quanto à experiência, existirá decerto, mas ganhava se lhe fosse dado melhor uso.

 

Óscar Mascarenhas colou, no JN, um cartaz de campanha. A minha sugestão é que deixe o lugar de Provedor para um colega que saiba bater ao de leve nos colegas.

 

E que vá colar os cartazes nas paredes.

A Arca de Noé

José Meireles Graça, 03.08.13

Todos os dias tomo a minha ração de indignação e ternura, juntamente com três cafés. O café, dadas as suas propriedades excitantes, desperta-me do torpor e dá-me, não vontade de ir trabalhar, que apesar de tudo não se trata de um alucinogénio, mas de acordar; e a ração vou bebê-la a este sítio.

 

Hoje indignei-me, como de costume, contra eles (eles são os empresários, os consumistas, os republicanos, os accionistas das grandes empresas, os ignorantões, os mal-intencionados - os capitalistas, em suma), desta vez por causa desses patifes que andam por aí a fracturar rochas para libertar gás, que depois é utilizado em actividades criminosas.

 

E enterneci-me moderadamente com uma gata a querer dar de mamar a uns patinhos, não conseguindo todavia evitar a suspeita de a bichinha ser um pouco burra.

 

Estava o dia ganho, julgava eu. Mas o Homem põe e a comunicação social dispõe: que antes de acabar o dia fui surpreendido com a notícia de que os golfinhos foram declarados pessoas não-humanas. Isto pode ser um pequeno passo, perdão, impulso para eles, mas é um grande passo para a Humanidade. E fico agora à espera da inclusão na Declaração Universal dos Direitos do Homem das baleias-de-bossa, macacos, cães e focas.

 

Sou todo a favor dos direitos, da modernidade e assim. Mas, por amor de Deus, nem vos passe pela cabeça incluir as ratazanas. São muito inteligentes, não contesto, mas isso não.

A multiplicação dos pães

José Meireles Graça, 03.08.13

Sei de fonte limpa que a CDU vai ter direito, por sessão legislativa, a três moções de censura; a interpelar o Governo em triplicado; a dizer a mesma coisa de três maneiras diferentes; a reforçar a presença na comunicação social da voz da classe operária, do campesinato, dos intelectuais e das camadas mais esclarecidas da população.

 

Adivinha-se portanto a derrota iminente das forças da reacção. Qual silly season o quê?

O carteiro invisível

José Meireles Graça, 31.07.13

Já redigi centenas de posts, e tenho esperança de que, tirando o facto de residir em Guimarães e trabalhar em Fafe, pouco tenha deixado entrever da minha intimidade.

 

Mas hoje não resisto a divulgar um facto familiar alarmante: suspeito que a minha Mulher dá sinais de loucura. E, pior, dá sinais de loucura por causa do novo carteiro.

 

Explico: À volta de um ano, mudou o carteiro. E, periodicamente, passei a ser inteirado de que o digno funcionário, quando houvesse cartas registadas, se abstinha de entrar no jardim ou esperar que viessem ao portão, antes deixando um aviso na caixa de correio, que obrigava a deslocações escusadas ao posto local, que dista uns quilómetros, implicando parcómetros, filas, esperas - a tralha do costume.

 

Isto originou uma reclamação, que a minha Mulher, porventura já abalada na plena posse das suas faculdades, apresentou por escrito. E a resposta veio, esclarecendo que o carteiro tocava sempre à campainha (o texto não esclarecia se duas vezes, que no serviço de reclamações não deve haver cinéfilos), deixando o aviso em caso de não haver resposta, pelo que a reclamação não teria fundamento.

 

Há meses, fui informado de que o carteiro veio entregar uma encomenda, tocou à campainha e entrou no jardim, colheu o recibo da entrega e, apesar de lhe ter sido pedido para se certificar, à saída, de que o portão ficava fechado, por causa do cachorro, saiu com o bicho trotando alegremente atrás da motoreta, o que foi testemunhado.

 

Como o animal foi avistado perto do antigo Hospital, preso por uma trela a um miúdo que o terá vendido a desconhecidos, estes infelizes sucessos causaram grande desgosto doméstico, e colocaram o carteiro na categoria de persona non grata naquela casa. Eu próprio registei mentalmente o incidente, para o efeito de, em cruzando-me com aquele servidor dos CTT, lhe revelar alguma impressão pessoal sobre o seu comportamento.

 

Sucede que as cartas registadas devolvidas continuaram. E como, segundo a tese possivelmente alucinada que minha Mulher adiantou, está sempre gente em casa, foi apresentada nova reclamação.

 

A resposta chegou hoje. E nela, com extrema amabilidade, somos novamente informados de que o carteiro afirma "passar aviso apenas quando não é atendido".

 

Soube, a propósito do negregado plano de privatização, que os CTT são uma organização prestigiada, lucrativa, eficiente e depositária inclusive de merecidos prémios internacionais. E a carta, acima referida, diz que "Os CTT-Correios de Portugal, estão empenhados em conferir Qualidade aos seus Produtos e Serviços, de forma a satisfazer todos os Clientes, pelo que nos esforçamos por evitar e corrigir todo o tipo de situações, que possam eventualmente comprometer os níveis de satisfação a que nos propomos".

 

Já a sucessão estranha dos factos alegados me deveria ter levantado suspeitas. Mas este texto, impressionante pela sua evidente sinceridade e pela abundância de maiúsculas, lançou esta dúvida excruciante no meu espírito: ou a minha Mulher sofre de momentâneas alucinações, ou esta organização tão gabada é um logro.

 

Na dúvida, vou apoiar a privatização. Não é que os privados não enviem cartas parvas aos clientes; é que têm menos quem os defenda.

Os sintomas da doença incógnita

José Meireles Graça, 30.07.13

Barreto, estou a imaginá-lo durante a entrevista: cenho franzido, duas fundas rugas cavadas por anos de meditação sobre os males da Pátria, os olhos angustiados e errantes, e o dedo fulminante apontando a sentença definitiva, profunda e límpida:

 

"... todos os políticos e gestores de empresas públicas que lesaram o Estado devem ser responsabilizados politicamente, e judicialmente só aqueles que cometeram verdadeiras ilegalidades".

 

É isto? Cáspite!, que a gente está mesmo ao lado da solução e não é que nos passa desapercebida?

 

Mas, espera: Há alguém que ignore estes nomes? Há alguém que não saiba acrescentar à lista muitos outros? Há quem desconheça, localmente, quem são os edis que começaram os seus mandatos a tinir e os acabaram com fartos cabedais? Há algum responsável político sobre cujos desmandos, reais ou imaginários, a Oposição do dia não se tenha cansado de chamar a atenção?

 

O regime precisa ser reformado, sim: o sistema eleitoral, a legislação criminal, incluindo o processo penal, as práticas e meios de investigação; como casar a investigação do enriquecimento ilícito com a preservação da privacidade e sem reforçar os poderes de uma administração fiscal enxerida e predatória; e uma longa lista de outras matérias.

 

Para tudo isto é preciso estudar muito, discutir muito, e com muita paciência. E não ter excessivas esperanças: que no meio de um eleitorado que não hesita em eleger homens sobre cuja venalidade há poucas dúvidas não irá nascer de um dia para o outro aquele espírito de exigência e censura que é a verdadeira garantia de uma vida pública sã.

 

Agora, os já clássicos discursos de motorista de táxi não melhoram se embrulhados numa retórica mais elaborada. Fosse Barreto um blogger anódino, como este Vosso criado e muitos, e não estaria mal. Mas quando se detém uma magistratura de influência convém não dizer apenas qual é o destino, mas também como lá chegar.

 

Barreto isso não fez. E é pena, que há uma relativa abundância de quem sabe muito; e escassez de quem diga como se faz melhor.

Os actores não-convidados

José Meireles Graça, 25.07.13

Sentença pr'àqui, sentença pr'à li, mas link é que nicles - só ficamos a saber que tem 180 páginas, mais do que alguns êxitos editoriais.

 

E eu tinha curiosidade de ler a coisa, nem que fosse em diagonal, a ver se percebo como pode justificar-se que um juiz se ache competente para suspender uma decisão política sob pretexto de que

 

"com a transferência para a Estefânia os utentes ficariam pior servidos, uma vez que os blocos operatórios e cuidados intensivos neonatais neste hospital, mesmo com obras, apresentam lacunas técnicas e de espaço. 'A reiterada expressão - divulgada nos meios de comunicação social - de que a MAC não cabe no HDE, refutada pelas requeridas, deixou de ser mera frase, pois o que se apura é que a transferência da MAC implica a redução de prestação de serviços, de que modo e em que circunstâncias, não se sabe', diz a sentença".

 

Vamos admitir que é assim, que há uma efectiva redução de serviços. Ainda que mal pergunte, o Governo não pode reduzir a prestação de serviços públicos, de Saúde ou outros, quando entenda que essa redução é necessária para assegurar a realização de outros bens - equilíbrio de contas públicas, afectação de recursos a outros fins que, erradamente embora, se estimem preferenciais, gestão mais criteriosa de meios e de espaços...nada? Se, por exemplo, o Ministério da Justiça entender amanhã que o tribunal xis deve mudar para instalações menos cómodas, ou mais longínquas, ou menos eficientes, os juízes não saem porque a oferta de Justiça, a que os cidadãos têm direito, pode piorar?

 

Não é isto uma mera decisão política? E, se é, precisamos da AR e do PR para quê? E do voto, e da opinião pública? Bastar-nos-iam os juízes, que não elegemos, para, em havendo interesses públicos ofendidos, segundo a opinião de alguns queixosos, decidirem quem está e não está no torto.

 

Entendamo-nos: eu acho que o cidadão precisa de quem o defenda do Estado e dos poderes de facto. E a única verdadeira garantia dessa defesa é a independência e irresponsabilidade dos juízes. O cidadão, não a colectividade. Que a vida desta é regulada pelo Poder Legislativo e Executivo, segundo regras que resultam de um complicado jogo de interesses, opiniões contraditórias sobre o que é o Bem Público, poderes e contra-poderes - chamamos a isso Política.

 

Que os juízes não deviam fazer. 

Porventura excessivo

José Meireles Graça, 22.07.13

Boa tarde Sra. Dra. xxxxx xxxxx.

 

Antes de mais, os nossos penhorados agradecimentos pela resposta, tanto mais devidos e penhorados quanto o tempo decorrido (mais de 6 meses) nos levou a pensar que esse serviço teria sido, no âmbito das reformas do Estado, extinto, ou teria havido óbitos ou outros imponderáveis  que impedissem uma resposta tempestiva. Não foi, pelos vistos, assim, e pelo facto damos graças a Deus, no caso de todos se encontrarem de perfeita saúde, e à tróica, visto que a ANACOM ainda existe, para conforto dos clientes das operadoras de telecomunicações.

 

O incidente com a Vodafone foi já há algum tempo resolvido. Pedimos licença para narrar com indisfarçável satisfação o sucedido: Deu-se a feliz circunstância de, pouco antes de expirar o período de fidelização, a Vodafone nos ter abordado para efeitos de renovação de contrato. Significámos ao representante daquela prestigiada empresa a nossa relutância em renovar contratos com uma quadrilha de ladrões, ponto de vista porventura retórico e excessivo, mas que a Vodafone aceitou com equanimidade, visto que prontamente anulou os débitos que abusivamente vinha fazendo, tendo-nos creditado os que já havia feito e que foram objecto da nossa reclamação junto de VV. Exªs.

 

Tudo está bem quando acaba em bem. Não fora esse o caso e teríamos ainda que enviar cópias de documentação, conforme o que o e-mail de V. Exª agora nos diz. E essa obrigação causar-nos-ia algum embaraço, não porque a documentação não exista, mas por nos parecer que uma entidade de supervisão não tem que duvidar do que o consumidor lhe diz, o supervisionado é que tem que fazer prova de que o cliente está no torto, se estiver.

 

Mas, enfim, isto é mais uma peguilhice da nossa parte, reconhecemos. Onde iríamos parar se o Estado acreditasse, sem provas, no que dizem os cidadãos?

 

Renovando os nossos agradecimentos, aproveitamos para apresentar os nossos mais

 

Cordiais cumprimentos.

O alfaiate cego

José Meireles Graça, 19.07.13

Antes que os partidos cheguem a acordo, como desejo, que o Presidente veja restaurada a sua popularidade, como seria útil, e que o PS se divida ou não, a bem da clareza, digo que as circunstâncias vão alterando aquilo que em cada momento um cidadão sensato e pragmático estima desejável, e que por isso o que ontem era a melhor escolha deixou de o ser.

 

Porque, na realidade, Cavaco fez um grande desserviço à Nação quando se pôs em bicos de pés, rejeitando a solução de um problema que os envolvidos haviam pelos seus próprios meios engendrado, e condicionando as escolhas dos responsáveis políticos, agora e, petulantemente, no futuro.

 

Passos, vendo rejeitada a solução e o elenco que apresentara, devia ter calmamente dito: O senhor Presidente não governa, quem governa sou eu. Se insiste em impôr-me a sua opinião sobre como devo proceder no exercício do meu mandato, não pode exigir-me que, em vez de fazer aquilo em que acredito, faça, sob minha responsabilidade, aquilo em que o senhor acredita, pelo que terá que ter a maçada de resolver a situação como lhe aprouver, mas sem mim.

 

Cavaco nunca, como governante, foi além da vulgata do europeísmo, porque acompanhada da cornucópia dos milhões da solidariedade da CEE, e só deixou obra feita porque no momento histórico em que assumiu funções as condições estavam maduras para a evidente necessidade de desmantelar a economia socialista e modernizar a sociedade - coisas que, por incapacidade e falta de coragem e convicção, deixou aliás a meio. Como Presidente, colaborou no governo socrático muito para além da solidariedade institucional, refugiando-se em "avisos" que por ingenuidade imagina lhe garantirão uma imagem histórica positiva. E, de forma geral, nunca, nem por palavras nem por actos, deu a impressão de estarmos perante um estadista, mas apenas um político manhoso que se faz passar por não-político, um orador menos que medíocre que tacha a oratória de "verborreia", e um economista que acredita piamente que ele e um grupo de colegas, por estarem todos albardados das mesmas qualificações académicas, ficaram ungidos da sabedoria que permite a solução de todos os problemas.

 

Cavaco, confrontado com a renuncia de Passos, provavelmente recuaria. Ou talvez não, e iria buscar ao armário do PSD a amiga Manuela, ou Rui Rio, ou outro qualquer - o PSD tem governantes potenciais para abastecer cerca de metade dos países representados na ONU.

 

Nunca saberemos. Mas que o PSD, o CDS e o PS tenham sido forçados a fazer, sob a égide de um fiscal presidencial, umas negociações grotescas fora do lugar delas, que é o Parlamento, sob pena de, se não colaborarem no humilhante exercício, se arriscarem a ser severamente penalizados nas urnas, fica como exemplo de como uma Presidência entende o exercício da Democracia.

 

Desejo o sucesso das negociações, sim. E não duvido que, se ele tiver lugar, Cavaco será aplaudido de pé não apenas pelas numerosas pessoas que sempre nele viram o que lá não está, mas também por muitas outras.

 

Por uma vez, abençoo a Constituição: não permite a reeleição.

O Polvo

José Meireles Graça, 17.07.13

Desconhecia até hoje a existência de um parceiro social designado por Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas e não faço ideia de quem seja João Pedro Soares - no Google há vários e não tenho vagar para espiolhar.

 

No site informa-se que a CPPME está "no terreno" há três décadas e exibe-se a fotografia de um stand nas Festas da Rã, em Cascais, ao que se segue informação vária, cuja natureza não pude apurar por de momento me apetecer ir à cozinha comer cerejas.

 

Pois esta, não duvido, prestimosa organização, "apresentou ao secretário-geral da CGTP as suas propostas para o sector empresarial e para a reanimação da economia nacional".

 

Isto é realmente moderno: uma federação das federações das associações dos empresários anões, medianos e crescidinhos, "apresenta" coisas a um comunista que dirige uma feroz confederação cujo propósito é eliminar os grandes empresários, após os quais os médios, que entretanto passariam a ser os grandes, após os quais os pequenos, que seria exagero designar como grandes mas são tão exploradores como os outros, e finalmente os micros, que se empregarem nem que seja dois sobrinhos e um amigo de um filho estão-se apropriando de mais-valias e não sei quê.

 

"No final da reunião tanto a CPPME como a CGTP mostraram-se favoráveis a que se realizem eleições o mais depressa possível, por entenderem que a crise política e económica actual só pode ser superada se for dada 'a voz ao povo', houver 'um novo Governo' e se puserem em prática novas políticas".

 

Tiro o meu chapéu ao PCP: tem dois partidos políticos na AR mais outro que se imagina que não é compagnon de route; tem uma central sindical, uma nuvem de comentadores e uma presença tão vasta quanto enjoativa na comunicação social; tem uma quinta, uma Festa justamente celebrada e sabe Deus que mais.

 

Não tinha os empresários. Mas está a trabalhar nisso - parece.