Há com certeza textos que regulam a actividade dos Provedores de Leitores, jornal a jornal, e se calhar há também legislação - em Portugal tudo o que mexe é regulado.
Não vou pesquisar, que nem a legislação nem os estatutos podem iluminar o estranho caso Óscar Mascarenhas.
Um Provedor do Leitor tem como função puxar as orelhas aos jornalistas quando estes ofendem princípios do jornalismo são, direitos dos leitores ou o estilo do jornal (se o tiver), pontapeiam a Gramática ou ignoram o senso.
Age por sua iniciativa ou por reclamação dos leitores, não tem poderes hierárquicos, e é independente. A sua arma é a opinião escrita, e a força dela vem do prestígio que tiver granjeado pela sua carreira, a sua independência, o seu equilíbrio e a sua experiência.
Da carreira de Óscar sei nada, excepto o que pude respigar, que é um percurso anódino de jornalista, e o que pude constatar, que é uma relação com a expressão escrita, digamos assim, desconfortável; da independência ficamos conversados, que tachar de fascistas dois excelentes moços, de impecáveis credenciais académicas e percurso de cidadania exemplar, com a indemonstrada afirmação de que "nos poucos dias que levam de governo, já deram provas de terem sido aldrabões" pode excitar o universo alvar do comentarismo oposicionista mas não passa de um insulto gratuito; equilíbrio quer dizer ponderação, equidistância e contenção, tudo o que um texto espumando raiva e ressentimento não tem; e quanto à experiência, existirá decerto, mas ganhava se lhe fosse dado melhor uso.
Óscar Mascarenhas colou, no JN, um cartaz de campanha. A minha sugestão é que deixe o lugar de Provedor para um colega que saiba bater ao de leve nos colegas.
E que vá colar os cartazes nas paredes.