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Forte Apache

Esperemos que tenha sido tão bom para vós como para nós.

Rodrigo Saraiva, 06.08.13

Sgt. Johnny Beaufort:

Did any of you men serve in the Confederate army during the late unpleasantness?

 

Recruit:

Yes sir. I had the honor of serving with General Nathan Bedford Forrest.

 

Sgt. Johnny Beaufort:

I would like to shake your hand. You are now an acting corporal. I hope you have the honor of buying me a drink on your next payday.

 

Os Fângios de direita

José Meireles Graça, 05.08.13

"Mas também podia ser a descrição do último passatempo da direita portuguesa. Há dois anos, em Faro, Assunção Esteves não consegue travar a tempo e embate num veículo que estava parado em frente a uma passadeira. O impacto do automóvel da presidente da Assembleia da República foi tão violento que o carro da frente atropelou uma idosa que atravessava a rua. No ano seguinte, o presidente da Câmara Municipal de Tomar, António Paiva, também do PSD, atropelou uma criança que circulava com a sua bicicleta. Violando o limite de velocidade de 50 km/h, o veículo do autarca só conseguiu travar a 20 metros do acidente e a vítima foi projectada caindo a 17 metros de distância. Acabou por morrer. Já o candidato do PSD à Câmara Municipal de Lagoa, nos Açores, Gaspar Costa levava 1,65 gramas de álcool por litro de sangue e espetou-se contra uma árvore. Morreu um jovem de 19 anos e outra jovem ficou em estado grave."

 

E não lhes acontece nada porquê? Ora, é bom de ver: Polícia, Ministério Público, Tribunais, é tudo  a mesma corja - em se tratando de passatempos da direita portuguesa fecham os olhos.

 

E não é só em Portugal. Em Espanha a coisa não é muito diferente: um dirigente do PP tinha 45 multas acumuladas desde 2011 e nada. Mas foi a Cuba, teve um acidente que provocou uma vítima mortal e "Ángel Carromero ficou sem carta e foi condenado a quatro anos de prisão". Cuba é um estado de direito, os poderosos, lá, não têm como passatempo pôr em risco a vida dos seus concidadãos.

 

Mas, espera: Para da comparação se poder tirar uma conclusão edificante, o dirigente preso não deveria ser governante local?

 

Porque, assim, almas mal-intencionadas - fascistas, vá lá - poderão julgar que o acidente pode ter tido alguma coisa a ver com a lástima das estradas e a decrepitude do parque automóvel cubano. 

O militante de base

José Meireles Graça, 04.08.13

Há com certeza textos que regulam a actividade dos Provedores de Leitores, jornal a jornal, e se calhar há também legislação - em Portugal tudo o que mexe é regulado.

 

Não vou pesquisar, que nem a legislação nem os estatutos podem iluminar o estranho caso Óscar Mascarenhas.

 

Um Provedor do Leitor tem como função puxar as orelhas aos jornalistas quando estes ofendem princípios do jornalismo são, direitos dos leitores ou o estilo do jornal (se o tiver), pontapeiam a Gramática ou ignoram o senso.

 

Age por sua iniciativa ou por reclamação dos leitores, não tem poderes hierárquicos, e é independente. A sua arma é a opinião escrita, e a força dela vem do prestígio que tiver granjeado pela sua carreira, a sua independência, o seu equilíbrio e a sua experiência.

 

Da carreira de Óscar sei nada, excepto o que pude respigar, que é um percurso anódino de jornalista, e o que pude constatar, que é uma relação com a expressão escrita, digamos assim, desconfortável; da independência ficamos conversados, que tachar de fascistas dois excelentes moços, de impecáveis credenciais académicas e percurso de cidadania exemplar, com a indemonstrada afirmação de que "nos poucos dias que levam de governo, já deram provas de terem sido aldrabões" pode excitar o universo alvar do comentarismo oposicionista mas não passa de um insulto gratuito; equilíbrio quer dizer ponderação, equidistância e contenção, tudo o que um texto espumando raiva e ressentimento não tem; e quanto à experiência, existirá decerto, mas ganhava se lhe fosse dado melhor uso.

 

Óscar Mascarenhas colou, no JN, um cartaz de campanha. A minha sugestão é que deixe o lugar de Provedor para um colega que saiba bater ao de leve nos colegas.

 

E que vá colar os cartazes nas paredes.

A Arca de Noé

José Meireles Graça, 03.08.13

Todos os dias tomo a minha ração de indignação e ternura, juntamente com três cafés. O café, dadas as suas propriedades excitantes, desperta-me do torpor e dá-me, não vontade de ir trabalhar, que apesar de tudo não se trata de um alucinogénio, mas de acordar; e a ração vou bebê-la a este sítio.

 

Hoje indignei-me, como de costume, contra eles (eles são os empresários, os consumistas, os republicanos, os accionistas das grandes empresas, os ignorantões, os mal-intencionados - os capitalistas, em suma), desta vez por causa desses patifes que andam por aí a fracturar rochas para libertar gás, que depois é utilizado em actividades criminosas.

 

E enterneci-me moderadamente com uma gata a querer dar de mamar a uns patinhos, não conseguindo todavia evitar a suspeita de a bichinha ser um pouco burra.

 

Estava o dia ganho, julgava eu. Mas o Homem põe e a comunicação social dispõe: que antes de acabar o dia fui surpreendido com a notícia de que os golfinhos foram declarados pessoas não-humanas. Isto pode ser um pequeno passo, perdão, impulso para eles, mas é um grande passo para a Humanidade. E fico agora à espera da inclusão na Declaração Universal dos Direitos do Homem das baleias-de-bossa, macacos, cães e focas.

 

Sou todo a favor dos direitos, da modernidade e assim. Mas, por amor de Deus, nem vos passe pela cabeça incluir as ratazanas. São muito inteligentes, não contesto, mas isso não.

Rasgar jornais

Luís Naves, 03.08.13

Não percebo este tipo de post, mesmo com grão de sal.

Rasgar jornais é estúpido, intolerante e anti-liberal. Quem rasga jornais será bem capaz de um dia mandar queimar livros.

Ninguém é forçado a comprar jornais, mas se estes não existirem, não haverá democracia, pelo menos uma democracia saudável.

 

Rasgar jornais (e aquele não pertencia à pessoa que o rasgou) é prepotência e abuso de poder. Um gesto despótico, portanto.

Não gosto de déspotas e não gosto de pessoas que rasgam jornais e não gosto de posts que defendem pessoas que rasgam jornais.

As ideias dos outros podem estar erradas, mas é indigno que alguém as tente rasgar.

 

 

A crise foi a banhos

Luís Naves, 03.08.13

O pessimismo está a banhos. Nas redes sociais, onde ontem só encontrávamos textos neo-realistas e indignações, agora lemos sobre sorridentes partidas para férias em locais maravilhosos onde o colapso nacional não se fez sentir.

O Algarve está repleto e Lisboa parece uma aldeia.

É por causa da crise, mas esta fará mesmo assim uma breve pausa de semanas, pois é difícil escrever sobre desgraças alheias quando se está de papo para o ar na piscina. É difícil falar da fome dos portugueses e da sua pobreza sem remédio quando se tenta escolher entre vários petiscos sobre a mesa.
O Portugal comentador pode dar-se ao pequeno luxo de ignorar a troika durante algum tempo. Pode engordar uns quilos, enquanto pensa nas críticas que em Setembro parecerão muito mais certeiras.
Quando os dias encurtarem outra vez, regressam as visões do apocalipse e estaremos à beira do abismo. Serão derramadas lágrimas pelos portugueses que tantos sacrifícios fazem e haverá de novo coincidência entre as queixas dos intelectuais bronzeados e do País sofredor, essa abstracção cuja caricatura literária surgiu (até ontem à tarde) de forma tão concreta nas redes sociais.

 

Aqui, podem ler outro texto sobre grandes escritores e o preconceito de esquerda na vida intelectual.

A multiplicação dos pães

José Meireles Graça, 03.08.13

Sei de fonte limpa que a CDU vai ter direito, por sessão legislativa, a três moções de censura; a interpelar o Governo em triplicado; a dizer a mesma coisa de três maneiras diferentes; a reforçar a presença na comunicação social da voz da classe operária, do campesinato, dos intelectuais e das camadas mais esclarecidas da população.

 

Adivinha-se portanto a derrota iminente das forças da reacção. Qual silly season o quê?

Passar das palavras aos actos

Pedro Correia, 03.08.13

Aqui está uma forma saudável de fazer política: discorda-se frontalmente da decisão adoptada pelo partido, rejeita-se a candidatura lançada pelo partido e em consequência abandona-se o partido. Com todas as consequências daí inerentes. Para apoiar sem reservas uma candidatura alternativa e até integrar essa lista que se apresenta contra a do partido.

Atitudes claras, acima de tudo. Para estarem de acordo com as palavras. Ao contrário do que diz Rui Rio, "isto" em que vivemos é uma democracia. Porque em democracia há sempre alternativa. Só em ditadura é que não.

Agora compete aos eleitores julgar. Porque num sistema democrático, por mais notória que seja a qualidade das elites, só o povo é soberano.