Então ? Doeu muito ?
Doeu muito fazer um acordo de compromisso que garante, seja a quem for que ganhe as eleições, que terá uma plataforma de objectivos de política económica em banda larga que não impedem a expressão própria das opções políticas de cada partido ?
Doeu muito colocarem os interesses do bem comum dos portugueses à frente de obsessões destrutivas ?
Doeu muito optarem por assegurar que Portugal seja um país com os dois pés dentro da Europa e do Euro?
Doeu muito aumentarem a capacidade negociadora de Portugal nas difíceis circunstâncias económicas e financeiras que actualmente vivemos ?
Doeu muito fazerem o que 80% dos portugueses queriam que fizessem ?
Claro que não doeu.
A pergunta, que em todo o Portugal de faz, é porque isto não foi feito há mais tempo.
Ter-nos-ia salvo da bancarrota.
Mas vou dizer-lhes a quem doeu.
Doeu ao PC e ao BE, que viram em duas semanas quebrar-se o controlo ideológico que sempre pretenderam exercer sobre o PS, através de “benevolentes” companheiros de estrada.
Doeu aqueles que defendem a tese da extrema-esquerda marxista de que “esquerda” é a esquerda que não aceita a democracia representativa, a integração na Europa, a integração no Euro e a participação na NATO.
Doeu a Sócrates e aos seus bobby’s, que, para justificar o seu governo, tem de estar contra tudo o que signifique a solução dos sarilhos em que nos deixou metidos.
Doeu a Mário Soares e Manuel Alegre, que em 2013 querem reviver a irresponsabilidade instável da Iª Republica.
Doeu àqueles comentadores que, na imprensa e televisões, têm como objectivo ser porta-vozes de uma agenda política minoritária, e doeu a uns tantos outros responsáveis editoriais e jornalistas, artistas da manipulação da informação e da pequena política, que viram as suas narrativas ultrapassadas pela realidade.
E sei a quem não deve doer.
Não deve doer aos portugueses mais do que tem doído. Com a bancarrota e com o remédio que tivemos de engolir para a resolver.
Se aquele pequeno Portugal rancoroso e mesquinho que mata um vizinho por causa de um rego de água, o mesmo que cercou José António Seguro durante toda esta semana, impedir este acordo que a grande maioria dos portugueses desejam, podemos esperar que a com a dor que vão infligir aos portugueses virá o ódio, um ódio profundo a quem os devia representar mas não os representa.
Se isso acontecer, podemos começar a escrever o epitáfio do regime desta IIIª República.