Prendas de Natal. Para me darem, ou aos outros #14
Quatro amigos, encabeçados por Manuel Fúria, decidiram um dia criar "Os Golpes". Misturaram rock com a música tradicional portuguesa, trouxeram o Rui Pregal da Cunha novamente à ribalta e fizeram bons covers dos Heróis do Mar.
Ouvi-os ao vivo apenas uma vez e fiquei imediatamente com a sensação de que algo de novo estava a acontecer no nosso panorama musical. Naquele som havia tudo o que de bom que o rock nacional dos anos 80 nos tinha deixado, com muito de Sétima Legião e de Rádio Macau, entre outros, em destaque naquela sonoridade.
No entanto, numa altura de crise nacional, "Os Golpes" tiveram também a coragem de mudar o discurso político da música portuguesa, como já não acontecia precisamente desde os anos 80. Manuel Fúria usou sempre a cruz de Cristo ao peito e mais uma vez ouvimos alguém cantar os feitos nacionais. Uma pedrada no charco neste país entristecido e pessimista.
Infelizmente "Os Golpes" vão acabar e deixam-nos apenas dois discos, o "Cruz Vermelha sobre fundo branco" e o "G". Este infeliz final acaba por ser ainda mais um motivo para oferecermos estes discos pelo Natal.
