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Forte Apache

Zorrinho, Zorrinho!

jfd, 29.09.11

 

PS acusa Passos de «manchar a honra do Parlamento»

Ontem Zorrinho deu espectáculo!

 

O Primeiro-Ministro reconsiderou que o programa de ajustamento da Madeira deverá ser construído com o próximo Governo Regional. Zorrinho agarrou-se às anteriores palavras do mesmo, que já haviam sido corrigidas por Miguel Relvas, e disse:

"O Sr. Primeiro-Ministro disse, no debate de dia 14 de Setembro de 2011, que o relatório de avaliação da situação na Madeira será conhecido este mês de
Setembro e, durante este mês de Setembro, será desenhado ainda um programa de ajustamento macroeconómico para a Madeira". A Senhora Presidente do Parlamento não aceitou a questão como procedimental e não havendo mais tempo para o PSD responder, e não tendo lhe sido dado mais tempo a pedido do PS, Zorrinho saiu-se com esta:

"Sendo assim, não estando o parlamento disposto agora a defender a sua honra, porque ela foi manchada, eu requeiro desde já em nome da bancada do Partido Socialista, a convocação de uma conferência de líderes extraordinária no final deste debate para que seja agendado um debate de actualidade sobre este tema para amanhã" - imediatamente se lançou a confusão num Parlamento perplexo com o pedido do líder da bancada Socialista. O resto é história. Claro que não foi satisfeito o requerimento, e Zorrinho ainda teve de ouvir amargos comentários sobre o seu amuo por parte do CDS. Claro que, lendo a imprensa de hoje, parece que de facto Pedro Passos Coelho mentiu, manchou a honra do Parlamento e Zorrinho apenas a quis salvar qual cavaleiro andante da inovação - pois digam-me lá se não é inovar ser o próprio a requerir a  conferência de líderes! LOL

Parece-me a mim, mas assim só de repente, como quem não quer a coisa, que Zorrinho vai-se dar muito bem como líder da bancada do PS... E é muito bonito que se preocupe com a honra do Parlamento, tendo em conta o passado da bancada que lídera, e o Governo em que prestou serviço :P

Heil Merkel?! -Clop!

Ricardo Vicente, 29.09.11

A propósito destes dois excelentes posts, um de Daniel Oliveira, o outro de Luís Menezes Leitão, republico um post meu de 1 de Maio de 2010 que, evidentemente, mantém toda a sua actualidade.

 

A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu sanções mais severas contra os países que não respeitem as regras do pacto de estabilidade do euro, incluindo a suspensão dos seus direitos de voto, numa entrevista ao Bild am Sonntag publicada hoje.

Isto ainda é mais bizarro do que defender que os criminosos devem perder os seus direitos políticos. A proposta da chanceler alemã é qualquer coisa como isto: quem não cumpre com as regras da moeda única, perde soberania política. Tal doutrina levada ao extremo, ou levada (quem sabe) apenas à verdadeira intenção de Merkel, pode formular-se assim: país que não respeita as regras do Reich, é anexado pelo Reich.

O interessante é que sanções para países que violam o pacto de estabilidade do euro já existem desde antes ainda do euro começar a circular! E porque é que essas sanções nunca foram aplicadas? Porque a própria Alemanha (também a França e outros) fez parte do conjunto de primeiros países desrespeitadores do pacto.

O problema de Merkel não é apenas o de ter dificuldade em compreender o que significa o conceito de soberania quando aplicado a outro país que não a Alemanha. O problema de Merkel é não se aperceber da hipocrisia e inutilidade de falar em regras e agravamento de sanções quando essas regras já existem e todos os países sabem que tais sanções nunca serão aplicadas à Alemanha no caso deste país desrespeitar aquelas regras.

Tudo se pode dizer

Pedro Correia, 29.09.11

Em jornalismo, tudo se pode dizer -- desde que se diga com elegância e fleuma. Tive a prova disso há poucos anos, ao ler no El Mundo uma catilinária de Martín Prieto -- um jornalista distinguido com vários prémios que integrou os quadros fundadores do El País -- contra a mentira que campeia livremente na cena política espanhola. Dizia ele, a propósito de um certo ministro de Felipe González mais tarde também ministro de Zapatero, que "era um titã na difícil arte de não dizer a verdade". Acrescentando: "O facto de agora falar pouco é uma garantia de veracidade."

Fica tudo dito - da melhor maneira. Mais palavras para quê?

Estamos sempre a ser surpreendidos...

Fernando Moreira de Sá, 28.09.11

Hoje, ao final da tarde, fiquei a saber que tenho um número não negligenciável de amigos que dominam a escrita da língua de Fiódor Dostoiévski.

Em contrapartida, este comum mortal não percebeu o conteúdo das diferentes mensagens recebidas. Não sei se me estavam a convidar para jantar. Sinceramente, não sei a que se referem.

 

Nem quero saber, obviamente. Estou em black-out. Melhor dizendo, em затемнение*...

 

Até para não ter de bater em ninguém:

 

*o tradutor do google é uma preciosa ajuda...

Diário de ideias soltas (8) Os sonhos do trader

Luís Naves, 28.09.11

Convém ver com a máxima atenção o vídeo colocado mais abaixo pelo José Aguiar da entrevista da BBC ao trader Alessio Rastani. Em três minutos, coloca mais problemas sobre o mundo em que vivemos do que a análise do melhor filósofo. O Ricardo Vicente, também neste blogue, já fez um comentário muito pertinente sobre as expectativas dos investidores e a manipulação incluída nas afirmações: o trader quer ganhar dinheiro e por isso tem incentivo em criar pânico. A ideia do medo foi também abordada por José Adelino Maltez.

Devemos olhar para isto como manipulação, mas no entanto temos de nos interrogar sobre a ideologia triunfante aqui revelada. Rastani diz que quem manda é a Goldman Sachs. Julgo que se refere ao poder financeiro. Para ele, aqueles senhores eleitos que se reúnem em importantes cimeiras não mandam nada e as suas decisões, os seus pacotes de salvamento, são irrelevantes para a Goldman Sachs.

 

Mas o verdadeiro poder alimenta-se de recessões, sonha com elas. Milhões de pessoas vão perder as suas poupanças, prevê o trader, antecipando os lucros que terá ao apoderar-se desse dinheiro.

Este é um poder que já não fabrica nada, que aliás acredita em fechar fábricas e em destruir o estado providência que deu alguma segurança a milhões de pessoas que trabalharam toda a vida e que, em breve, vão perder tudo, cumprindo o sonho do trader.

Este é o futuro radioso de um mundo dominado pela ganância e não pela democracia, aqui confessado com inocência, muita "candura", como diz a entrevistadora.

E permitam-me as perguntas: o poder é inocente? Isto é sustentável? Se os modelos de capitalismo estão falidos e acabaram as ideologias, o que se segue? Como irá a Goldman Sachs manter o seu poder depois de ter embolsado todas as poupanças de milhões de pessoas? E quando já não houver ninguém para esfolar? E que vão fazer aqueles senhores eleitos, vão eles também financiar os sonhos do trader?

3 meses e picos

jfd, 28.09.11

* Margens de Erro

 

Interessante a evolução das sondagens. Valem o que valem, diz-se quando interessa. No blog do Pedro Magalhães poder-se-á consultar o histórico e daí tirar o devido enredo.

Para mim me espantam as aparentes conclusões que se podem aferir quando se cruzam com os diferentes op-eds que povoam a imprensa de hoje. Ou eu estou na lua, ou os pundits, jornalistas e comentaristas sabem algo que eu não sei, e melhor ainda, que o Governo não está a acautelar! Eta gente visionária :P

Histeria Economia Gente

Ricardo Vicente, 28.09.11

Acerca do vídeo do trader de que toda a gente fala...

O facto de haver milhares de pessoas no planeta à espera de fazer muito dinheiro em consequência de uma recessão não significa que essas pessoas causem a recessão.

MAS... é verdade que no mundo da macroeconomia e das finanças - isto é, no nosso e normal mundo - aquilo em que as pessoas acreditam pode acontecer pela própria força dessas expectativas (e isto não é superstição, é ciência já nobelizada e totalmente vertida no mainstream).

Por outras palavras: o trader do vídeo, que assumiu ter a ganhar com uma recessão, tem também interesse em convencer as pessoas de que a recessão e o fim do euro e o fim do mundo e... se aproximam porque, quanto mais acreditarem, mais depressa a pessoas chegarão a esses fins, ainda que todos eles - os fins - sejam ainda evitáveis.