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Forte Apache

As palavras que nunca vos direi (2)

Pedro Correia, 31.03.12

SUSTENTABILIDADE

Exemplo: «E portanto a uma trajetória de ajustamento gradual, num cenário, claro está, de uma redução da dívida para patamares de SUSTENTABILIDADE que os estados do euro assumem ser um valor da ordem dos 60% do PIB.»

Excerto de um texto do professor João Borges de Assunção

(Jornal de Negócios, 26 de Março)

Crónicas de cinco-réis (I)

Luís Naves, 31.03.12

No lançamento do livro de Fernando Pires “Os Meus 50 anos no Diário de Notícias” estariam umas cem pessoas e achei que estavam poucas, pois ali se resumia toda a história por contar do passado glorioso dos grandes jornais de Lisboa. Depois, pensando melhor, lembrei-me dos muitos que ali faltavam e cuja saudade estava na lembrança dos presentes. O tempo leva sempre a melhor sobre a vida e faltavam ali para cima de 50, uma multidão levada pela morte e que nos teria acompanhado no aplauso ao “chefe Pires”.
Não vou falar do livro, pois ali está também um pedaço da minha vida, mas serve esta crónica para relatar a sensação cruel que tive de como tudo muda à nossa volta. E, agora, no crepúsculo dos jornais, quando o passado se ergue como algo que não regressa nunca, olho para o caminho que percorri e vejo com nostalgia, pela primeira vez, o que na altura nem cheguei a ver. É um momento amargo, perceber que passei ao lado disto, que passei ao lado daquilo, que me distraí com outras ideias, que me escapou a simpatia daquela pessoa, ou o seu talento, que àquele desprezei, o outro nunca entendi. Demasiado tarde.


Os jornais que perdemos eram feitos por pessoas empenhadas, mas não era só isso, os de hoje também são. As redacções tinham dois tipos de jornalistas, os burocratas e os intelectuais, e uso as duas palavras sem malícia (eram isso mesmo). As duas tribos tinham respeito uma pela outra e completavam-se, numa espécie de casamento. Os que trabalhavam na maquinaria eram disciplinados e aos criativos mais malucos dava-se espaço para respirar. Os jornais eram sítio de conflito, claro, mas dominados por um código de ética e por hierarquias difusas (um tipo que não mandasse nada e tivesse a melhor ideia era sempre ouvido). Fernando Pires, no seu livro, menciona essa ética jornalística, o gosto pela verdade, e refere o exemplo da palavra “camarada”, usada por todos, mas sem qualquer ideologia. As pessoas tratavam-se por “tu”. O “chefe” Pires impunha um tal respeito que foi uma das únicas pessoas que sempre tratei por “senhor”.
O jornalismo mudou. É hoje uma profissão mais ligada ao poder e ao dinheiro, dominada por gestores segundo os quais entre uma salsicha e uma informação não existe diferença substancial. Pelo caminho ficou a inocência representada por personagens coloridas e figuras de romance. Nas redacções pairavam “cromos” e artistas, havia conversas delirantes, intelectuais e doutores, uns que pareciam não fazer nada mas que tinham a frase certa, outros que trabalhavam como uns loucos e casavam com o jornal, pareciam viver no jornal, respiravam o jornal. A diversidade perdeu-se. Hoje, os redactores são jovens e o seu único objectivo é enriquecer, embora estejam transformados em operários da escrita.
Há muitos anos, entrevistei um realizador de cinema, Samuel Fuller, e ele contou-me que tinha sido jornalista, começara como repórter, contratado por um velho chefe de redacção, à maneira do “chefe” Pires. Contou-me a história: “Queres ser jornalista?”, perguntou-lhe o veterano; Fuller respondeu que sim; “Queres ser rico?”. Fuller disse que sim; “Então, não sejas jornalista”, avisou o chefe.

 

Nota: Obrigado, Fernando Pires, por tudo aquilo que me ensinou.

Consequências

Mr. Brown, 31.03.12

Mas ficaria bem ao CDS, tal como aconteceu noutras situações nesta legislatura, não impor consequências políticas a quem pensa pela sua própria cabeça. Cortinas de fumo à parte, no caso de Ribeiro e Castro não ficaria nada bem. Se esta alteração ao Código do Trabalho não é matéria de disciplina de voto, qual é que será? Resta o orçamento e pouco mais. Além disso, as alterações ao Código do Trabalho resultam do memorando de entendimento com a troika, o qual, pensava eu, comprometia todos os deputados do CDS. Se Ribeiro e Castro, furando a disciplina de voto, vota contra nesta matéria e isso não tem qualquer consequência, então a partir de agora, pelo menos no que ao ponto de vista do CDS diz respeito, todos os deputados do PS ganham liberdade para deixar de respeitar o memorando que o partido pelo qual foram eleitos também assinou. Um deputado do CDS arranjou um pretexto para votar contra, muitos outros pretextos não faltariam na bancada socialista.

Com arrependimento sincero, perdoamos um bocadinho

José Meireles Graça, 30.03.12

"O antigo ministro Teixeira dos Santos disse compreender as exigências pedidas pela Alemanha e afirmou que a questão não é o que Berlim deve dar, mas o que é que Portugal tem que dar em troca."

 

Está bem, Teixeira, "compreender as exigências pedidas" parece mesmo coisa tua, a menos que seja do jornalista - a gente percebe a ideia.

Mas isto é curtinho: se dizes agora o que nunca deste mostras de saber, é porque valores mais altos se alevantavam. Imaginamos quais foram esses valores, mas não conhecemos os detalhes, pá. Por isso, deixa lá essas conferências com os outros adiantados mentais europeístas (disso há aos montes, é conversa para boi dormir), e conta - queremos detalhes sumarentos.

Se o nosso Presidente já escreveu sobre o ror de vezes que preveniu, e avisou, e admoestou, e mais não tinha poderes executivos na matéria, tu, Teixeira, deves ter coisas para narrar de arrepelar os cabelos.

É isso que queremos. Se fores sincero, pode ser que a gente te perdoe um bocadinho.

Ainda sobre a Espinhosa Rosa.....

Francisco Castelo Branco, 30.03.12

No seguimento deste post, acho que o PS está a passar por um mau bocado, e ainda nem sequer foi festejado o primeiro ano de António José Seguro na liderança do Partido Socialista. O termo festejo é desadequado ao momento que o lider dos socialistas está a passar. Um pouco à semelhança do que anteriores lideres do  PSD tiveram que combater quando estiveram muitos anos na oposição.

O problema é que a sombra do ex-lider Sócrates continua a pairar no ar. As declarações de Isabel Moreira são uma prova disto. Se é de ter em conta o que foi proferido, o estatuto politico da deputada é suficiente para reflectir. Não foi por acaso que este ataque foi feito por uma independente. Há que resguardar aqueles que são publicamente conhecidos como "socráticos" ou mesmo "costas". Porque esses, caso abram a boca irão logo ser rotulados como desestabilizadores e oportunistas.

O timing para as mudanças será 2013, porque a mais que provável vitória socialista nas autárquicas, dará ao lider uma importante bagagem para as legislativas.

Espinhosa esta rosa

jfd, 30.03.12

 

Uma deputada quer a demissão do porta-voz.

O porta-voz manda calar o partido em jeito de desabafo.

Um líder parlamentar diz que não se demite.

Esse líder é acusado por outro deputado de esquizofrenia.

Para ajudar à festa vem um ex-candidato a líder dizer que estão a tentar(!) demonizar os Governos do ex-líder.

 

O PS continua abjecto. Vazio de ideias. Vazio de soluções. Longe de encetar um correcto caminho para Portugal.

Valha-nos o Governo.

 

Aguardam-se novos capítulos.

 

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