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Forte Apache

Gordon Sócrates José Brown

José Meireles Graça, 30.04.12

At his trial in 1945, Marshal Pétain told an unsympathetic court that he had begun every day by forcing himself to repeat the words 'we are defeated'. By the same token, every minister should begin the day by forcing himself to repeat the words 'we are indebted'.


É isso aí, Daniel - nem mais. E se substituíres a dupla Blair-Brown pelo one-man-show Sócrates, com uns acertos de datas, de números, e de histórias mal contadas, quase podias estar a falar de Portugal.

A propósito: Sabemos por onde anda Blair. E Brown? Não me digas que foi estudar Sciences Po para Paris, a expensas do pecúlio acumulado numa carreira de poupanças - já seriam coincidências a mais.

Perguntas inocentes

jfd, 30.04.12

Como é que se entra na história?

Falando sobre tudo e mais alguma coisa, dormindo trinta minutos por ano e fugindo a tudo o que é desafio que implique sufrágio?

Não percebo.

O que disse outro grande pensador, Bush o segundo, sobre a história?

 

"One of the things important about history is to remember the true history." -- George W. Bush, Washington, D.C., June 6, 2008

A revolta radical na Europa

Luís Naves, 30.04.12

Muitos comentadores esperam mudanças radicais na Europa, no caso de François Hollande vencer as eleições em França. Talvez tenham razão, mas aproveito para tentar explicar o que julgo serem as limitações desta tese.

 

Em dois artigos da mesma página do Financial Times de hoje, Lawrence Summers (ex-secretário do Tesouro americano) critica as políticas de austeridade lideradas pela Alemanha. O caso espanhol é nítido: segundo os economistas, cortar brutalmente na despesa pública numa economia que não está muito endividada e onde o desemprego ronda os 25% é pura loucura.
Em outro texto, Wolfgang Munchau prevê uma "insurreição progressista" e atribui a provável derrota de Nicolas Sarkozy à "hiperactividade" do presidente, característica pessoal que impediu que ele fizesse as reformas que a França exigia em 2007. "A austeridade atrai os países a uma armadilha de crescimento lento", escreve Munchau pela enésima vez.
O prestigiado colunista do FT tem esperança de que Hollande introduza "uma mudança na narrativa tóxica sobre a crise da zona euro e a sua resolução. Segundo essa narrativa, a crise foi causada pela irresponsabilidade orçamental. A prescrição é de austeridade e reformas económicas. A ferramenta para atingir a primeira é o pacto orçamental, que Hollande já disse que não vai assinar, excepto se for complementado por políticas que aumentem o crescimento económico".

Munchau termina o seu artigo a explicar a razão pela qual Hollande não poderá esticar a corda na futura negociação. Tudo aponta para uma mudança dos eleitorados europeus na direcção das franjas. A primeira volta em França e as legislativas de Junho, as sondagens na Grécia e a disposição do eleitorado holandês parecem apontar para uma alteração de grande dimensão. Começa a ser difícil esconder o fenómeno debaixo do tapete.


 

A extrema-direita fortemente duvidosa

José Meireles Graça, 29.04.12

João José Cardoso descreve Fernanda Câncio como pertencendo a "alguma direita", Ricardo Lima como encaixando em algo a que chama "anarco-direita" e a mim como pertencendo à "extrema-direita".

Acho isto injusto: Se Fernanda Câncio pertence a alguma direita, eu devo ser pelo menos um terrorista nazi.

E como se dá o caso de subscrever quase por inteiro o que F. Câncio escreveu (o que não implica necessariamente reciprocidade - tratei da mesma realidade vista por um ângulo diferente), então, se a lógica não for uma batata, devo ser um socialista de extrema-direita democrática terrorista nazi.

Tenho a fraqueza de gostar de João José, aprecio-lhe o estilo sincero e excessivo. Até, se vivêssemos na mesma cidade, não desdenharia beber um copo com ele, dando-lhe a prévia e necessária garantia de que não levaria sob o anoraque uma bomba caseira.

Quanto ao fundo da questão, quem seguir os links do post fica habilitado a construir a sua própria opinião - já há argumentos avonde, de um lado e outro. Ainda que o que afirmei sobre as taxas de crescimento de Portugal nos anos 60, e que Cardoso desmente por me basear num "mito tantas vezes desmontado", esteja na realidade bem montado na literatura económica disponível: "No período de 1960 a 1973...o ritmo de crescimento médio do PIB atingiu 6,9% ao ano. E como, entretanto, a população não aumentou (tendo mesmo descido 3% por causa da emigração) a capitação do PIB subiu praticamente à mesma taxa." (A Economia Portuguesa desde 1960, José da Silva Lopes, 2.1, 1996, Gradiva).


PS: Também sou taxado de ignorante, a propósito do pós-modernismo. E como na realidade sou - ignorante - não contesto: por exemplo, ignorava o que fosse "ucronia". Agora já sei - mesmo com J.J. Cardoso pode-se aprender alguma coisa.

«Ele merece, sem dúvida»

Pedro Correia, 28.04.12

 

A meio da tarde, enquanto aguardava duas horas, numa imensa fila de pessoas que se estendia do Campo Pequeno à Avenida Defensores de Chaves, dobrando duas esquinas sucessivas, escutei um homem que por ali passou dizer a outro: «Ele merece, sem dúvida.» Sabia a razão daquela fila interminável: durante cerca de cinco horas, milhares de pessoas deslocaram-se hoje ao Palácio Galveias para prestar uma sentida e expressiva homenagem ao eurodeputado Miguel Portas, que morreu terça-feira em Antuérpia a poucos dias de completar 54 anos.

Escutei por acaso aquela frase, que me pareceu uma excelente legenda para esta romagem de apreço por um homem que soube cativar figuras dos mais diversos quadrantes ideológicos. Por isso não me admirei de ver por lá gente tão diversa como Mário Soares, Maria Barroso, Ramalho Eanes, Jorge Sampaio, Pedro Passos Coelho, Assunção Cristas, António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa, Manuel Carvalho da Silva, Pedro Santana Lopes, Teresa Villaverde, Pina Moura, Almeida Santos, Luís Fazenda, Ruben de Carvalho, Manuel Graça Dias, Bagão Félix, Maria João Avillez, João Cravinho, António-Pedro Vasconcelos, Rui Vilar, Ricardo Costa, Pezarat Correia, António Vitorino d'Almeida, Inês de Medeiros, Mário Crespo, Pedro Choy, João Botelho, José Fonseca e Costa, Mário Tomé, Maria Antónia Palla, Vítor Dias, António Pires de Lima, Joana Amaral Dias, Ângelo Correia, Judite Sousa, Pedro Rolo Duarte, António Perez Metelo, Vasco Vieira de Almeida, José Sá Fernandes e José Ribeiro e Castro - entre tantas outras personalidades.

Enquanto abraçava os dirigentes do Bloco de Esquerda presentes junto à urna (Francisco Louçã, João Semedo, Fernando Rosas e José Manuel Pureza) e os familiares mais próximos de Miguel Portas, incluindo os irmãos Catarina e Paulo e a Mãe Helena, ia confirmando este raro condão do eurodeputado bloquista que perdurou para além do seu desaparecimento físico: ele era capaz de congregar a admiração sincera de muitos que não pensavam como ele. Por ser veemente na defesa dos seus ideais, transparecendo calor humano e convicção, sem nunca confundir claras divergências políticas com animosidades pessoais.

«Ele merece, sem dúvida.» Em dia de despedida, Miguel Portas podia ter muitos epitáfios. Este - espontâneo, genuíno e popular - foi um dos mais certeiros.

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"A política é um jogo sujo", mesmo ao serviço do Bem

Alexandre Guerra, 27.04.12

Agora, depois de o ter visto, este apache percebe porque é que o All The King’s Men (1949) é um daqueles filmes obrigatórios para quem trabalha em comunicação política.

Vencedor de três óscares da Academia, incluindo Melhor Filme, e baseado na obra homónima de Robert Penn Warren, de 1946, laureada com o Pulitzer no ano seguinte, All The King’s Men conta a história da ascensão política de Willie Stark nos anos 30 num Estado pobre dos Estados Unidos que, com a sua base de apoio assente nos “hicks” (provincianos, labregos), conquista o poder e o vai mantendo a todo o custo. Porque, a verdade é que a “política é um jogo sujo”, mesmo que esteja ao serviço do “Bem”.

A seu lado, Willie Stark tem Jack Burden, um antigo jornalista, que, acreditando no homem e no político, passa para o “outro lado” e se torna no seu assessor mais próximo.

O filme começa precisamente com Jack Burden, ainda repórter político do “Chronicle”, a ser chamado ao gabinete do seu editor. Este pergunta-lhe se já ouviu falar num tal de Willie Stark. Ao que Burden responde não.

É então que o editor lhe diz que se trata de um político de Kanoma City, uma capital de comarca “típica, quente, poeirenta e remota”, que se vai candidatar a um cargo público no “county council”.

E perante esta informação aparentemente algo inócua e sem interesse jornalístico, Stark pergunta: “E o que tem isso de especial?”

“Dizem que é um homem honesto”, responde o editor.

 

É neste discurso que Willie Stark, falando com paixão e com sinceridade ao povo, inverte a tendência negativa da sua primeira campanha eleitoral para Governador. Acabaria por perder, mas longe de ser a derrota estrondosa que muitos previam. Na altura em que soube os resultados eleitorais, anunciando a sua derrota, Willie Stark sorriu. Alguém perguntou-lhe porquê e ele respondeu: "Agora perdi, mas aprendi como se ganha!"

jfd @ tv *2 - Veep & Scandal

jfd, 27.04.12

E como hoje é sexta-feira vamos lá falar daquilo que mais gosto a seguir a outras tantas coisas de que também gosto. Televisão. Em americano sou um coach potato ;) E como falar de política a toda a hora pode enfadar a audiência, aqui vai algo diferente :)

Estreou Veep. Uma série cómica sobre a Vice-presidente dos EUA satirizada por Julia Louis-Dreyfus que já foi Elaine e depois Christina. É interessante e quase me atreveria a dizer que esta é a filha de Homens do Presidente com Spin City. É deveras exagerada a forma como é caracterizada a figura da Veep que, na política americana pouco mais é que o presidente do senado e um corpo presente para certas ocasiões.

Passa a série toda a pergunta se o POTUS já ligou, sendo que este parece que nunca lhe há de ligar!

Recomendo que se veja quando e onde possível!

Scandal é uma espécia de K Street dramatizada. É um drama que retrata como uma elite de advogados e outros especialistas encaixam e tratam de situações complicadas de grandes e poderosos de Washington antes de as mesmas sequer chegarem às mãos do Ministério Público. É genial como a realidade está retratada e me lembra vários livros escritos pelos diversos insiders de ex-administrações que vão ganhando a vida contando segredos. Recomendo vivamente pois a história é interessantíssima. Os enredos são dramáticos e até mexem com o nosso imaginário colectivo do caso Bill - Mónica. Este pode ser um primo distante do tio The Good Wife que casou com os Sopranos, mas também posso estar a exagerar. 

A cambalhota

José Meireles Graça, 27.04.12

João Pinto e Castro, a respeito da reviravolta opinativa pachequiana, propõe aos leitores duas hipóteses de explicação: a) o homem é um genuíno espírito independente; b) o homem é tolo.


Tolo não é, basta ouvi-lo falar - aquilo é um desparrame de ideias profundas, pelo que podemos com segurança descartar a hipótese b). A a) é aliciante mas errónea: Pacheco poderá andar a reboque das últimas leituras que lhe ocuparam o ócio, e não hesitar em mudar, do que é testemunho o seu percurso. Só que, com uma curta diferença de apenas meses, ninguém se re-sintoniza tão radicalmente.


Por mim, adianto uma hipótese c): Não foi convidado para deputado nem para coisa nenhuma, não faz parte de nenhum orgão político e, incompreensivelmente, ninguém lhe pergunta a opinião. Logo, está aflito com os sucessivos erros que a sua área política, por falta de aconselhamento, não cessa de cometer.


E creio que é aqui, na generosa preocupação com o acerto de políticas do PSD, para já não falar da angústia causada pelas consequências dessas políticas, que radica a cambalhota - não é preciso formular hipóteses malévolas.

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