As freirinhas de João Pinto e Castro
Nem todas as democracias são boas, diz-nos este autor. As democracias são MÁS quando os eleitores não votam como nós desejamos.
Há posts reveladores, que valem por mil palavras.
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Nem todas as democracias são boas, diz-nos este autor. As democracias são MÁS quando os eleitores não votam como nós desejamos.
Há posts reveladores, que valem por mil palavras.
Gostaria de esquecer este Savonarola da Saúde. Mas o homem não deixa: quer ir ao meu café remover a máquina de tabaco, a fim de me obrigar a ir sabe Deus onde, e proibir-me de fumar onde o faço habitualmente; quer ir dentro do meu carro meter o nariz e, se não for travado, quererá ir dentro de minha casa fiscalizar-me os hábitos (porque - não é verdade? - se pode invadir a propriedade privada móvel também pode invadir a imóvel); invoca estudos delirantes (“Está demonstrado que a concentração de fumo na parte de trás do veículo é muito grande, além de que os plásticos ficam embebidos por material carcinogénico que vai sendo lentamente libertado"), nos quais com toda a probabilidade é bem capaz de acreditar; e de uma maneira geral julga que tem uma missão salvadora das crianças e redentora da saúde e da moralidade públicas - os Savonarolas sabem sempre melhor do que as pessoas o que a elas convém.
É um ser perigoso. E, é claro, tem a companhia de outro metediço, ainda com menos legitimidade do que o governante português, que está "profundamente preocupado pelo facto de a maioria dos europeus começar a fumar na adolescência, antes de completarem os 18 anos”, situação que vai corrigir a golpes de regulamentos, multas, proibições, raios e coriscos.
Já agora me obrigam a agir fora da Lei, jogando ao gato e ao rato com as circunstâncias: infrinjo sem hesitações a Lei actual e não hesitarei em infringir as novas - a leis iníquas não é devida obediência.
E iníquas são elas: o senhor Secretário do Estado ao qual quer que cheguemos não tem o direito de me proibir comportamentos lesivos da minha saúde; a defesa de direitos de terceiros foi há muito ultrapassada, e não é agora mais do que uma desculpa frágil e hipócrita para um combate puritano.
O apoio maioritário de que estas medidas gozam significa nada: apontar o dedo a uma minoria que é diferente e, no caso, diferente por ter um vício, foi sempre um expediente de sucesso garantido para governantes a querer mostrar com proibições o serviço que não mostram com acções.
Sabe que mais, Nandinho? Vá trabalhar, a ver se produz algum bem.
editado por Pedro Correia a 3/6/12 às 02:02
O profeta teve uma visão do fim de mundo para dia 4 de Maio e convenceu uma multidão de fiéis que se preparou para o fim iminente. Chegado o dia 4 de Maio, o mundo não acabou e os fiéis ficaram genuinamente surpreendidos. Pensaram então os seguidores que estavam perante uma falsa profecia? Não, pelo contrário: acreditaram no profeta quando este disse que se tinha enganado nos cálculos. Afinal, o fim do mundo era a 4 de Outubro. E começaram a fazer os preparativos para aquele importante acontecimento, esquecendo todas as dúvidas de que a ideia podia ser uma ilusão.
Vem esta história a propósito do fim iminente do euro, que é profetizado por muitos analistas pelo menos há ano e meio. A Irlanda votou a favor do Tratado Orçamental (TO), na primeira de três votações decisivas para a zona euro num espaço de semanas, seguindo-se a ratificação do documento em pelo menos mais três países, isto nos próximos dias. A ratificação está conseguida, salvo erro, em oito Estados, bastando 12 para entrar em vigor. Claro que o processo depende da assinatura alemã e da francesa (se um destes dois não ratificar, acabou), mas tudo indica que o TO pode perfeitamente ser incorporado nas previsões, mesmo acompanhado de um pacto de crescimento que está a ser negociado. Onde estão os críticos da pressa portuguesa em ratificar?
“(…) levou a que até 2013, ainda estamos em 2012, a factura não era muito alta, andava relativamente baixa, e a partir de 2013 aquilo dispara. Quem imaginou isto em 2005 foi um governo e um partido que pensavam ficar no governo durante duas legislaturas e acabava no final de 2012. Isto é de um cinismo e de uma frieza atroz. E ficamos todos comprometidos com uma conta que não podemos pagar." (José Gomes Ferreira)
Desculpem recorrer ao Irish Times para vos anunciar que o refrendo sobre o tratado europeu já teve lugar e o sim ganhou.
Com 60% dos votos.
É que andei a procurar no Expresso on line e no Público on line e não encontrei a noticia!
editado por Pedro Correia às 18:47
editado por Pedro Correia às 23:11
Foi no dia 1 de Junho de 2002 que fomos surpreendidos com o falecimento do Prof. José Vieira de Carvalho. Já passaram 10 anos.
Conheci o Prof. José Vieira de Carvalho no início dos anos noventa. Eu era um miúdo e ele um verdadeiro Senador. Durante cerca de uma década, e em especial entre 1998 e o seu falecimento, tive a honra e o privilégio de conversar inúmeras vezes com ele. O legado do Prof. Vieira de Carvalho é impressionante: o Metro do Porto, o TecMaia, a Maia, o ISMAI. Aquilo que a Maia ainda é hoje foi fruto do seu pensamento estratégico, da sua visão e da sua enorme capacidade de trabalho. Coisas tão simples e que hoje são consideradas como um dado adquirido eram, nos anos oitenta e noventa, exclusivo da Maia: o inglês nas escolas, a educação física para todos, as políticas ambientais, as medidas sociais de apoio aos idosos, a construção de habitação social verdadeiramente digna e tantas, tantas outras que são impossíveis de enumerar num mero artigo de blogue.
Vou destacar três: TecMaia, ISMAI e Metro do Porto.
Quando a Texas decidiu deslocalizar lançando no desemprego cerca de 900 trabalhadores, o Prof. Vieira de Carvalho olhou para o problema e transformou-o numa oportunidade. No mesmo local criou o Parque de Ciência e Tecnologia da Maia, Tecmaia. Hoje, passados estes anos, os resultados estão à vista: quase uma centena de empresas e quase dois mil trabalhadores.
Quando um grupo de professores decidiram criar uma instituição de ensino superior na Maia, o Prof. Vieira de Carvalho assumiu o projecto e juntos lançaram o Instituto Superior da Maia que, passados estes anos, se transformou na segunda maior instituição de ensino superior privado de Portugal e a maior do Norte, com seis mil estudantes e sempre a crescer, ano após ano, num mercado em queda desde 2005.
Quando José Vieira de Carvalho convenceu os seus pares e, conjuntamente com Fernando Gomes, lançou o projecto Metro do Porto, boa parte da classe política riu a bom rir. Passados estes anos, a Área Metropolitana do Porto está dotada de uma infraestrutura de elevada qualidade e que melhorou imenso a qualidade de vida dos habitantes do Grande Porto.
Quanto à Maia, nem é preciso explicar. Em 2002, quando o Prof. Vieira de Carvalho nos deixou, a sua terra - dizia ele que acima da Maia só Deus - era considerada como o concelho com melhor qualidade de vida em Portugal, em termos de políticas de ambiente sem concorrência a nível nacional e ombreando com os melhores exemplos do norte da Europa, com uma taxa de saneamento básico única no país (praticamente 100%), com uma rede viária de excelência, com equipamentos desportivos fantásticos e ao serviço da população e o concelho com as maiores taxas de crescimento. A Zona Industrial da Maia era a maior e mais pujante do Noroeste Peninsular.
O Prof. José Vieira de Carvalho teve direito a uma homenagem impressionante do seu Povo, da sua Maia, no dia do seu funeral. O Prof. Vieira de Carvalho, o Autarca e o Político que tanto fez pela sua Maia, pela sua Região e pelo seu país, ainda não teve a devida e merecida homenagem dos seus pares pelo impressionante legado que nos deixou. Pelo que conheci do Prof. Vieira de Carvalho, ele pouco se importará: a principal homenagem foi-lhe feita por aqueles que ele mais amava, no dia do seu funeral. E essa é a que verdadeiramente conta.
Já passaram 10 anos. Nós não esquecemos.
editado por Pedro Correia a 8/6/12 às 08:47
O Governo está a preparar uma descida da TSU para as empresas que recrutem trabalhadores jovens e com salários baixos. É uma medida que pode ser importante no combate ao desemprego. Uma boa notícia.
Porém, continua adiada uma outra medida que tinha, também ela, sido uma excelente notícia: o regime de caixa para as micro e PME. Ou seja, as empresas passarem a pagar o IVA ao Estado apenas quando receberem dos clientes. Não tenho qualquer dúvida que esta medida seria bem mais importante e crucial no combate ao desemprego e na promoção do crescimento económico.
editado por Pedro Correia às 10:50
Lenny Kravitz, músico talentoso e multi-instrumentista, dotado de um "feeling" que combina o Soul, o R&B e o Rock como poucos o conseguem fazer, contava ao USA Today, em Setembro do ano passado, que se revoltou quando viu um documentário no qual algumas pessoas não aceitavam a eleição do Presidente Barack Obama, por causa da sua cor de pele, e que queriam o seu País de volta, fosse de que maneira fosse.
Kravitz sempre soube que havia racismo nos Estados Unidos, no entanto, diz que a forma como aquelas pessoas se expressaram no documentário, de forma crua e dura, afectou-o de tal forma que o inspirou para o álbum Black and White, lançado no Verão de 2011.
Como o próprio refere, este seu último álbum, que surgiu de um momento de inspiração, é uma afirmação cultural e política contra aquela América racista e discriminatória que está bem viva.
Neste trabalho, Kravitz faz referência aos seus pais que, no início dos anos 60, eram um casal defensor da multi-racialidade. Martin Luther King é igualmente referenciado como um símbolo de integração e de luta pelos direitos humanos.
Kravitz deixa bem claro o seu entusiasmo com Barack Obama, não tanto pela questão política, mas pela sensibilidade que o residente da Casa Branca veio demonstrar. Já em 2008 tinha dito sobre Obama: "It was a great validation, to hear someone who had perspective on both sides. Because I knew what he was talking about. Race in this country is still the elephant in the room that no one wants to discuss."
Seguramente, esta noite será um Lenny Kravitz mais político e interventivo que subirá ao Palco Mundo (neste que é o segundo fim-de-semana do Rock in Rio Lisboa 2012), já que longe vão os tempos do Let Love Rule (1989).
«A verdadeira pátria de um escritor não é a língua, mas sim a linguagem.»
Juan Marsé