"A ENR corresponde à parte da economia que, por diversas razões, não é avaliada pela contabilidade nacional e existe em todos os países. É composta pela produção ilegal, produção oculta (subdeclarada ou subterrânea), produção para uso próprio e produção não coberta por estatísticas deficientes."
Ah, grandecíssimos patifes, que se não fossem eles a situação da dívida pública, e do défice, e dos impostos altos, seria muito melhor.
Bem, eu produzo alguma fruta e legumes no meu quintal. Os meus tomates coração-de-boi (dispensam-se piadas foleiras) fazem, com oregãos, uma salada do outro mundo. E se o Estado me obrigasse a declará-los nem os produzia nem os comprava no mini-mercado - o que anda por aí é um sucedâneo torpe do genuíno tomate. No lugar da horta plantava um sassafrás, para ao menos saber que planta é.
E quer-me parecer que a hecatombe no pequeno comércio seria ainda maior se o pequeno comerciante, que ninguém ajudou quando os municípios gastaram milhões em arruamentos e melhoramentos para terem o privilégio de terem nos seus territórios as cadeias de supermercados, não tivesse algum jogo de rins. Não vale a pena cobrar mais aos contribuintes se o preço for haver cada vez menos para serem cobrados.
Depois, a generalização dos cartões desconvém-me particularmente: que o meu cartão de crédito serve sobretudo para perguntar se os preços com e sem cartão são os mesmos, pagando a dinheiro se for mais barato. É por isso, Sérgio Vasques, que isto que dizes: “As medidas tomadas pelo governo na prática têm estimulado o regresso ao dinheiro vivo, quando se deveria pensar urgentemente em estimular os pagamentos electrónicos, se necessário pondo em discussão os valores cobrados ao comércio por estes serviços” - faz com que sejas parte do problema, e não da solução. Porque o Estado quanto mais tem mais gasta, e gasta mal. Se não gastasse mal, os investimentos que faz pagavam-se a si mesmos.
Já os pobres diabos que queres, tu e todos os outros Sérgios, perseguir, não fazem investimentos patetas, não se querem meter na vida do próximo e ah! - não imaginam que fazendo estudos baseados em premissas falsas se possa chegar a conclusões acertadas.