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Forte Apache

Olímpicos (5)

Pedro Correia, 31.07.12

 

Já se escreveu história em Londres: Michael Phelps é desde hoje o atleta mais medalhado de sempre nos Jogos Olímpicos. Depois da prata conquistada domingo na estafeta 4x400m livres (com vitória da equipa francesa), o campeão norte-americano de natação subiu hoje ao pódio por duas vezes. Com outra medalha de prata, nos 200m mariposa, e a sua primeira de ouro neste torneio, graças a uma brilhante prestação na estafeta 4x200m livres.

Oito medalhas em Atenas, outras oito em Pequim, agora três na capital britânica: a 'Bala de Baltimore' ultrapassa o máximo que fora estabelecido nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, pela ginasta soviética Larissa Latynina, detentora de 18 medalhas conquistadas em três Olimpíadas.

Cada vez mais alto, cada vez mais rápido, cada vez mais longe.

Olímpicos (4)

Pedro Correia, 31.07.12

 

Portugal permanece em branco quanto a medalhas olímpicas sem se registar nenhuma comoção nacional. Foi algo a que nos habituámos durante demasiadas edições das Olimpíadas e conseguimos sobreviver a isso. Mas basta dar um pulo a Vigo, Badajoz ou Ayamonte para se perceber que entre nuestros hermanos é tudo bem diferente. O fracasso da selecção olímpica de futebol espanhola, à qual resta agora apenas a hipótese de um resultado honroso contra Marrocos antes de fazer as malas, está a causar quase tanta polémica como a contínua subida do montante da dívida e das taxas de juro. O saldo não podia ser pior, apesar de os olímpicos espanhóis contarem com estrelas como Jordi Alba, Juan Mata e Javi Martínez: duas derrotas consecutivas, contra essas irrelevâncias do futebol mundial que são o Japão e as Honduras, e nem um golito marcado para animar a malta. O Guardian conseguiu resumir tudo numa frase atirada aos futebolistas espanhóis: "São mortais."

Por estes dias, só falta ao treinador que é o rosto mais visível destas derrotas, Luis Milla, ser açoitado na praça pública: está a ser mais criticado do que o presidente do Governo, Mariano Rajoy. Mas o governante espanhol também não tem motivos para respirar fundo: se contava com eventuais medalhas olímpicas para anestesiar a opinião pública, já certamente se desiludiu. Nesta matéria Espanha permanece em branco. Ao contrário de países como a Mongólia, a Moldávia, o Azerbaijão, a Lituânia, a Geórgia e o Catar.

A crise começou ainda antes das Olimpíadas, ao ser anunciado que o campeoníssimo Rafael Nadal, por lesão, não compareceria em Londres: era o adeus antecipado à mais que provável medalha de ouro no ténis. Depois foi o que se sabe. Além do desaire no futebol, também a nadadora Mireia Belmonte, que chegou a ser apontada como esperança para um lugar no pódio, fracassou nas meias-finais dos 200 metros estilos. De tal maneira que as atenções até já se viram - vejam lá - para o pólo aquático. Mas nem aí as coisas estão a correr bem.

Nos Jogos de Barcelona, em 1992, Espanha recolheu 22 medalhas. Há quatro anos, em Pequim, os nossos vizinhos voltaram a transbordar de orgulho: subiram 18 vezes ao pódio. Desta vez, está visto, não sucederá nada semelhante. Os resultados estão a ser inversamente proporcionais ao investimento: Espanha enviou a Londres um contingente de 281 atletas - é o nono país nas Olimpíadas em termos de participantes. Até por isso o mau humor dos espanhóis é mais compreensível. E neste caso nem podem atirar as culpas para cima de Angela Merkel...

Wacko studies

José Meireles Graça, 31.07.12

"A ENR corresponde à parte da economia que, por diversas razões, não é avaliada pela contabilidade nacional e existe em todos os países. É composta pela produção ilegal, produção oculta (subdeclarada ou subterrânea), produção para uso próprio e produção não coberta por estatísticas deficientes."

 

Ah, grandecíssimos patifes, que se não fossem eles a situação da dívida pública, e do défice, e dos impostos altos, seria muito melhor.

 

Bem, eu produzo alguma fruta e legumes no meu quintal. Os meus tomates coração-de-boi (dispensam-se piadas foleiras) fazem, com oregãos, uma salada do outro mundo. E se o Estado me obrigasse a declará-los nem os produzia nem os comprava no mini-mercado - o que anda por aí é um sucedâneo torpe do genuíno tomate. No lugar da horta plantava um sassafrás, para ao menos saber que planta é.

 

E quer-me parecer que a hecatombe no pequeno comércio seria ainda maior se o pequeno comerciante, que ninguém ajudou quando os municípios gastaram milhões em arruamentos e melhoramentos para terem o privilégio de terem nos seus territórios as cadeias de supermercados, não tivesse algum jogo de rins. Não vale a pena cobrar mais aos contribuintes se o preço for haver cada vez menos para serem cobrados.

 

Depois, a generalização dos cartões desconvém-me particularmente: que o meu cartão de crédito serve sobretudo para perguntar se os preços com e sem cartão são os mesmos, pagando a dinheiro se for mais barato. É por isso, Sérgio Vasques, que isto que dizes: “As medidas tomadas pelo governo na prática têm estimulado o regresso ao dinheiro vivo, quando se deveria pensar urgentemente em estimular os pagamentos electrónicos, se necessário pondo em discussão os valores cobrados ao comércio por estes serviços” - faz com que sejas parte do problema, e não da solução. Porque o Estado quanto mais tem mais gasta, e gasta mal. Se não gastasse mal, os investimentos que faz pagavam-se a si mesmos.

 

Já os pobres diabos que queres, tu e todos os outros Sérgios, perseguir, não fazem investimentos patetas, não se querem meter na vida do próximo e ah! - não imaginam que fazendo estudos baseados em premissas falsas se possa chegar a conclusões acertadas.

aos Insurgentes

Rui C Pinto, 31.07.12

Há um blog, em Portugal, que tem liderado a campanha anti-Climate of fear, difundida vastamente nos US of A, mas com pouca expressão cá no burgo: o Insurgente. As razões que levam o libertário a combater ferozmente as teses científicas que alertam para as consequências de uma intervenção humana insustentável no consumo de recursos e na poluição dos ecossistemas não é muito lógica, a não ser na intransigente rejeição a eventuais soluções que resultem em aumentos de impostos ou legislação federal/estatal. 

 

O debate político travado, actualmente, entre activistas "verdes" e activistas capitalistas (chamo aqui desde os anarco-capitalistas aos Tea Party, ou aos 99 percent, o leque é vasto) pouco, aliás nada!, tem de científico. Os primeiros limitam-se a fazer previsões baseadas em modelos pouco rigorosos que preveem aumentos de temperatura exponenciais. Os segundos, dedicam-se a defender estudos de credibilidade nula desenvolvidos por instituições com agenda política, financiados por interesses que vão da abastada Koch Foundation à indústria petrolífera. A agenda destes últimos visa criar, na opinião pública, a confusão de que a comunidade científica que investiga os fenómenos naturais associados ao aquecimento do planeta e os activistas da Greenpeace são uma e a mesma coisa. Não são. Essa distinção fica para outras núpcias. 

 

O que me faz hoje escrever é o artigo publicado por Richard Muller no The New York Times, denominado "The conversion of a climate-change skeptic". O título é elucidativo. Ainda que do ponto de vista científico, Richard Muller (anteriormente avençado pela Koch Foundation) acrescente pouco ao debate, há trechos do seu artigo de opinião que vale a pena difundir, porque são elucidativos da distância que separa o debate ideológico entre os extremos do espectro político norte-americano e a ciência. 

 

(...)

"It’s a scientist’s duty to be properly skeptical. I still find that much, if not most, of what is attributed to climate change is speculative, exaggerated or just plain wrong. I’ve analyzed some of the most alarmist claims, and my skepticism about them hasn’t changed."

(...)

"Science is that narrow realm of knowledge that, in principle, is universally accepted. I embarked on this analysis to answer questions that, to my mind, had not been answered. I hope that the Berkeley Earth analysis will help settle the scientific debate regarding global warming and its human causes. Then comes the difficult part: agreeing across the political and diplomatic spectrum about what can and should be done."

Algarve é com um L

Diogo Agostinho, 31.07.12

Aqui este jovem, que vos escreve hoje, nasceu na região que é agora invadida pelos portugueses que chamam o Algarve de Marrocos. Poderia dizer: gostam pouco, não é? Eu sei que gostam.

 

De 300 mil habitantes ano, o Algarve nesta altura passa para o milhão e meio, dois milhões. É, de facto, uma região única. As condições, o sol, a praia, a temperatura da água (mas que raio de temperatura de água é essa da Costa?). Todo o encanto que o Algarve tem. Ora, vem isto a propósito de terem saído os números dos gastos dos turistas estrangeiros em Portugal. O número é entusiasmante: quase 500 milhões de euros.

 

Nesta fase que o País atravessa, o turismo é crucial para o nosso futuro. Bem sei das reclamações que muitos portugueses fazem do serviço no Algarve. Por isso lanço o apelo a quem está no sector, quer seja restaurante, hotel, loja, aluguer de toldo, aluguer de gaivota, que seja simpático quer com o camone, quer com o tuga. É que dinheiro não tem cor. E simpatia conquista. É o flanco a corrigir na minha região.

 

O turismo é fulcral para o Algarve.

 

Estive também este fim-de-semana por lá e felizmente a campanha nojenta de Guimarães, capital da cultura, não vingou! Eu não me esqueço do cartaz que fizeram:

 

 

 

Para se promoverem, não precisam de mandar abaixo! Toma lá morangos!

Pistas para reflexão sobre a crise: Conversa com agricultor

Carlos Faria, 31.07.12

A crise por que Portugal atravessa teve causas múltiplas, resultou de um acumular de erros que foram cometidos pela classe política e pelos agentes económicos e financeiros, mas também foi ampliada pelo comportamento de muitos cidadãos do povo.

Um agricultor conhecido meu - que abandonou a atividade há mais de uma década, quando tinha cerca de 50 anos de idade e ao abrigo da política da UE de subsidiar em Portugal a retirada de mão de obra de gente ainda válida na agricultura e nas pescas e cujos resultados igualmente contribuíram para a situação em que nos encontramos - teve nos últimos dias um diálogo do género:

- Não compensa mesmo trabalhar, estive num supermercado e encontrei um saco de 5kg de feijão por 7€.
- E então?...
- Está barato, não vale o trabalho.
- Pois!... e se fosse 1400 escudos?
- Ah, pensando assim já vale alguma coisa, mas eu penso em euros.

 

Dá que pensar este diálogo real...

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