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Forte Apache

lido no facebook

Rodrigo Saraiva, 30.09.12

Admito que haja ignorantes, mas os empresários que assinaram as PPPs, com o anterior Governo, são (foram) super-inteligentes.

 

o emplastro da política nacional

Rodrigo Saraiva, 30.09.12

Manifestação de central sindical e lá está o Louçã. Manifestação convocada pelas redes sociais e lá estão Louçã e Semedo. Vigília convocada pelas redes sociais e lá está a Catarina. Manifestação de um sindicato independente e lá está a Drago. Manifestação de portugueses em Bruxelas e lá está a Marisa. O Bloco insiste na estratégia emplastro.

O vil metal

José Meireles Graça, 30.09.12

Há uns bons anos, Cavaco aconselhou os empresários portugueses a virarem-se para Espanha. E para sustentar o conselho chamou com sagacidade a atenção para a circunstância de a Espanha ter um mercado muito maior, com um muito maior poder de compra, e ficar mesmo aqui ao lado. Isto foi para muitos quase uma epifania, dado que até à revelação nunca se tinham apercebido daqueles factos. Não obstante, com a característica curteza de vistas do empresariado nacional, não houve uma corrida para Espanha. Pior, dos que já lá estavam, e dos poucos que para lá foram, boa parte começou recentemente a dar à sola: lá como cá o que neste momento está a progredir é o retrocesso.

 

Quando algum Chefe de Estado, ou Primeiro-Ministro, vai ao Brasil, faz parte da tradição querer incentivar muito, incentivar intensamente, incentivar convulsivamente, as trocas bilaterais e o investimento. As trocas e o investimento em questão revelam-se teimosamente impermeáveis a incentivos por via de discursos, mas nem por isso os políticos de consequência desistem de tentar puxar a carroça do empreendedorismo.

 

O empresariado é que não acompanha.

 

Sem dúvida para remediar esta congénita deficiência, o actual Governo conta com um Secretário de Estado do Empreendedorismo. A tarefa deste político é ciclópica: tem que vencer o atávico atraso e falta de formação do empresariado português, constituído na sua esmagadora maioria por broncos quase irrecuperáveis, e isto baseando-se em pouco mais do que a pregação do Evangelho da Gestão Fortemente Lúcida, dado que dinheiro para distribuir não há - o tempo de torrar arame do contribuinte nas Qimondas da vida já lá vai. Nem dinheiro nem gestores, visto que as fornadas de técnicos altamente qualificados que as Faculdades de Economia e Gestão despejam anualmente no mercado vão trabalhar para o Estado, a Banca, e, mais recentemente, o estrangeiro. Agora, empresas é que não fazem, possivelmente por não quererem ombrear com o empreendedor tradicional, com vergonha da companhia.

 

Não há, graças a Deus, dinheiro para distribuir, mas também não há para emprestar. E aqui revela-se em todo o seu esplendor a utilidade de um Secretário de Estado do Empreendedorismo: não é preciso haver dinheiro para emprestar, informa o próprio, em pessoa ele mesmo. Em sendo preciso financiamento, reforçam-se os capitais próprios e pronto. Fallait y penser, a coisa é luminosamente simples.

 

Quer dizer que se alguém quer investir - reforça os capitais próprios; tem encomendas com pagamentos a prazo mais longo do que o que pode obter junto de fornecedores, a somar a um ciclo de produção também longo - reforça os capitais próprios; quer inovar, expandir, procurar novos mercados - reforça os capitais próprios; o Estado não restitui o IVA nos prazos, na mesma altura em que há um incumprimento de um cliente - reforça os capitais próprios; arderam-lhe as instalações, e a companhia de seguros arrasta os pés, porque a Lei e a supervisão o permitem - reforça os capitais próprios; e sucedem-lhe os mil e um imponderáveis da vida das empresas, o tempo penoso do início, a infelicidade imprevisível à qual é possível sobreviver, a oportunidade inesperada que é preciso agarrar - reforça os capitais próprios.

 

Este Secretário de Estado é um grande estadista. Mas Sancho Pança - era maior.*

 

* Frase de fecho pilhada de um clássico português, quem não conhecer tem a minha autorização para googlar.

A necessidade faz a ocasião

catarinabaptista, 29.09.12

15 de Abril de 2012:

A presidente do PSD/Açores, Berta Cabral, manifestou hoje "solidariedade" com o Governo da República, liderado por Pedro Passos Coelho, mas frisou que "a firmeza na defesa dos Açores é a única forma" de os dois se entenderem. "Estamos solidários com a tarefa patriótica que o Governo da República está a empreender", afirmou Berta Cabral, que prometeu "dialogar com lealdade e negociar com firmeza" com Pedro Passos Coelho, que considerou ser "um autonomista convicto e de longa data".

27 de Setembro de 2012:
Numa entrevista à RTP-Açores, a antiga presidente da Câmara de Ponta Delgada lembra que tem um passado político, que não chegou ontem ao palco político e garante ter sensibilidade social. “Alguém me acha parecida com o dr. Passos Coelho? Alguém acha que tenho um passado que leve as pessoas a pensarem que sou igual ao dr. Passos Coelho?”, questionou. “Eu tenho um passado. Eu não nasci ontem para a política".

 

Qual das senhoras terá falado verdade? A Berta de Abril ou a Berta de Setembro? São poucas as mulheres na política, gostava que aquelas que por lá andam demonstrassem que podem ser diferentes dos homens, pois a política precisa de melhorar muito. E nós podemos dar um toque diferente.

O Minho é uma passagem para a outra margem

Fernando Moreira de Sá, 29.09.12

Hoje, na Universidade de Vigo, explicava a um dos meus professores que um dos meus amigos e parceiro me denominava, enquanto perigoso regionalista nortenho, habitante da Galiza Sul. Ao que ripostou, com sonora gargalhada tão típica de galego, que ele se sentia um português do Norte.

 

Nem todos percebem esta relação verdadeiramente especial entre nós, as gentes do Norte de Portugal e as gentes da Galiza, sobretudo do Sul da Galiza – Tui, Vigo, Ourense, Pontevedra e mesmo, independentemente das rivalidades com Braga, Santiago de Compostela.

 

O Minho sempre foi uma ponte entre estes dois territórios, nunca uma fronteira ou um separador. As margens do Minho ou os montes que unem as duas regiões sempre foram pontos de passagem. Mais recentemente, no século XX, serviram de refúgio da Guerra Civil de Espanha ou de fuga/regresso, conforme as perspectivas políticas, nos primeiros tempos da nossa democracia.

 

Quando, por força da integração europeia, se aboliram as fronteiras mais nítida se tornou esta realidade. Quando se entra na Galiza torna-se difícil perceber que já não se está no Minho ou em Trás-os-Montes. Pelo menos para nós, aqui no Norte. A língua é praticamente a mesma (o velhinho galaico-português). Como ainda hoje me contava com piada um outro professor, quando vai a Lisboa confundem-no com um portuense ou minhoto ou transmontano por via da pronúncia. Expliquei-lhe que me acontece muito confundirem-me com galego em Madrid e Barcelona.

 

Um fenómeno muito interessante que se acentua na Galiza nas últimas décadas, sobretudo no meio académico e intelectual galego, é o seu profundo conhecimento sobre a nossa cultura – os nossos escritores, os nossos músicos, os nossos costumes. Infelizmente, nestas mesmas últimas décadas, o inverso não é tão verdadeiro, bem pelo contrário. O crescimento da aprendizagem da língua portuguesa na Galiza, até como forma de expressão política de determinados sectores da sociedade galega, é uma realidade indesmentível. Nos diferentes estudos de mestrado e doutoramento de universidades como a de Vigo e de Santiago, é possível a um estudante português apresentar as suas provas na sua língua materna. Sinceramente, desconheço se o inverso é verdadeiro nas nossas universidades. No meio académico galego o respeito pela língua portuguesa é extraordinário e deveria envergonhar muitos académicos nacionais que teimam em privilegiar o inglês em detrimento da nossa língua.

 

É, também, por isso que na Galiza me sinto em casa. Cada vez mais. Mesmo não sendo um “galego do Sul” nem eles “portugueses do Norte”. Não. Isso seria redutor. O que nos une é bem mais profundo...

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