A aposta na exportação
Habituei-me há muito a ouvir dizer, à esquerda e à direita, que é preciso investir na Educação: não há países desenvolvidos sem um sistema educativo "avançado", o progresso material não é possível sem legiões de educandos a permanecerem longos anos nos bancos das escolas e universidades, é o melhor investimento que se pode fazer - vejam os brilhantes e numerosos casos de sucesso, como os países nórdicos em geral e a Finlândia em particular...
Há provas abundantes desta correlação. E como quem decide gastar já não é responsável aquando das consequências do gasto; os professores são uma classe profissional numerosa e aguerrida; e defender a ignorância não é ... defensável: vá de concordar sempre com despejar dinheiro na educação, e aplaudir os apaixonados pela dita, como este senhor, que, apesar de reconhecer humildemente que não foi um governante absolutamente perfeito, aproveita uma visita ao rincão para declarar: "Independentemente de tudo o resto que é preciso fazer, é a educação a base de todas as condições que podem permitir a um país como o nosso ultrapassar as presentes dificuldades".
Lamento mas a Educação não "provoca" desenvolvimento. Se provocasse, os países comunistas, campeões da aposta na Educação, ter-se-iam alguma vez distinguido pelo seu fulgurante crescimento. E suponho que não seja preciso fazer um inquérito, aliás impossível, para saber qual a opção que um médico ou engenheiro cubanos fariam, se pudessem escolher entre as suas profissões em Cuba e as de trabalhadores menos qualificados num país capitalista desenvolvido.
É claro que para desempenhar certas tarefas é preciso conhecimento; a formação profissional não substitui a educação formal; sem investigação científica não há evolução nem do conhecimento nem tecnológica; e se o aparelho da Educação não fornecer em quantidade suficiente gente habilitada em todas as áreas do Saber a economia ou importa formados noutras paragens ou estiola.
Agora, acreditar que multiplicar universidades, cursos, estabelecimentos, rebentar com milhões no Parque Escolar ou nas Novas Oportunidades, alargar a escolaridade obrigatória, "investir" porque o investimento na educação não pode estar errado, dá