As previsões de Karl Rove
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editado por Pedro Correia a 3/11/12 às 01:51
A reação do PS ao convite de Passos Coelho e do Governo para a "Refundação" do Estado dissipou as dúvidas que teria acerca da estratégia socialista de retorno ao poder. Longe vão os tempos em que a ala moderada do PS era maioritária e em que tudo era pensado e ponderado. É verdade que em oposição o PS costuma eleger líderes mais à esquerda (lembram-se de Ferro Rodrigues?) e em que é dada prevalência ao diálogo com as diversas esquerdas existentes. Nada de mal viria ao mundo com este cenário, mas o país mudou... Só a estratégia do PS é que não.
Estamos no meio de um processo de assistência financeira internacional, com uma conjuntura europeia de forte crise e o PS continua a fazer política como se estivessemos num mundo business as usual.
editado por Pedro Correia a 3/11/12 às 01:51
«O despotismo pode dispensar a fé, mas a liberdade não.»
Toqueville
Pelo menos nos tempos mais próximos parece que o 1.º de novembro deixará de ser o feriado religioso de Todos os Santos. Em paralelo, a noite que o antecede vem desde algum tempo a sofrer a aculturação anglossaxónica e a transformar-se na noite das bruxas ou do halloween.
Nada tenho contra as tradições anglossaxónicas em terras com predominância de cultura inglesa, até porque partilho uma dessas nacionalidades, mas em países católicos latinos deixar-se influenciar por ritos pagãos estranhos, apagando as tradições locais, já é algo que considero ridículo e de falta de brio na cultura de raiz desse povo. Todavia, a hierarquia católica, no conjunto de vários feriados religiosos, optou por manter uma série de vários relacionados com o culto mariano, que não precisa de ser incentivado por estar bem vivo, em detrimento de celebrações fixas no calendário de outras festas litúrgicas. Nisto o Todos os Santos foi um dos sacrificados.
Todos os Santos, mesmo sendo parcialmente desvirtuado pelo aproveitamento do culto dos finados do dia 2 (uma confusão que em nada retirava o caráter cristão da data), esquecendo o comércio em torno do Natal, era o único feriado religioso ameaçado por uma retoma pagã da data e foi precisamente esta ameaça que a hierarquia católica alimentou com a sua opção.
Doravante, a noite de 31 de outubro será cada vez mais halloween para um 1.º de novembro sem santos e quando quiserem trazê-los de volta, talvez tal só sirva para que os festejos pagãos se possam prolongar mais pela noite dentro.
ESTRATÉGIA DO ABISMO
A recusa do PS em associar-se ao PSD e CDS para negociar o Programa de Ajustamento, agora que Portugal começa a ter condições objectivas para impor essa renegociação sem pôr em causa o apoio financeiro que continuamos a necessitar, revela a predominância táctica da ala esquerda do PS ( Mário Soares, Ferro Rodrigues, João Cravinho, Paulo Pedroso, etc ), a qual, com o apoio dos apoiantes de Sócrates que ainda subsistem, prefere colocar os socialistas num processo de ruptura em vez de enveredar por um caminho negocial com a EU e o BCE.
O processo de ruptura tem duas etapas.
A primeira é a de provocar eleições antecipadas, pressionando o Presidente da República para o efeito (na qual a projecção futurológica do não cumprimento dos indicadores económicos no fim do primeiro trimestre de 2013 ocupa agora a tese central de derrube do Governo). Entretanto, no terreno, desempenhará a função de evitar que os objectivos traçados sejam cumpridos.
A segunda é fazer uma aliança pós eleitoral com o BE e coordenação de objectivos com a CGTP (que, recordemos, era a linha política de Ferro Rodrigues enquanto foi secretário geral do PS), libertando assim o PC para continuar com a defesa formal das suas teses comunistas. Esta etapa seria a consumação da “grande aliança da esquerda “. Esta etapa confirmaria ter sido “ usado e deitado fora” o Presidente da República como o idiota útil que estava convencido que teria um governo PSD/PS, esta etapa também seria o triunfo estratégico dos partidos não democráticos que preferem o confronto com a Europa.
Esta etapa obviamente significaria o regresso de Portugal ao abismo da bancarrota, com os credores a recusarem continuar a financiar um país que, após dois anos de negociação e consolidação orçamental, prefere retroceder para o confronto e o caos, pondo em causa a continuidade no espaço do euro.
Contudo, este processo de ruptura é também uma grande oportunidade para a maioria que suporta o actual Governo.
Continuando a forçar a necessidade de negociar o programa de ajustamento em curso, por forma a que conduza Portugal para a criação de medidas que suscitem o investimento (externo e interno), a criação de emprego e permitam libertar os portugueses da asfixia taxativa que actualmente sofrem, e se, e isto é importante, incorporarem nessa negociação as mediadas aceites e sugeridas pelos socialistas e social-democratas europeus, a maioria política de suporte ao actual Governo reforçar-se-á, abrangendo parte dos socialistas democráticos que não se revêem em alianças com o BE e o PCP.
Este processo de ruptura do PS é, a médio prazo, uma estratégia de estertor. O estertor final antes do fim do ciclo político da coacção ideológica dos partidos antidemocráticos, o fim do Portugal que obriga os portugueses, na Constituição, a ir “ a caminho do socialismo “.
«Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias da vida enquanto aguardam pela grande felicidade.»
Pearl S. Buck