Educação acima de tudo
«Havemos de pôr na rua estes bandidos que estão a destruir Portugal.»
Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, ontem, em Lisboa
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«Havemos de pôr na rua estes bandidos que estão a destruir Portugal.»
Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, ontem, em Lisboa
Após o discurso populista de António Costa na abertura do Congresso do PS-Açores na Horta, que recebeu um elogio rasgado de Carlos César e uma grande ovação dos congressistas, eis que um Seguro, inseguro, agastado e desnorteado faz um triste discurso no encerramento do congresso, que, como mandam estas festas transmitidas em direto para a TV, lá teve os aplausos dos presentes no Teatro Faialense que se haviam comovido com Costa.
Seguro começou no seu novo tom de quem se sente injustiçado a tentar agarrar a máquina do partido nos Açores: elogiou José Contente (o tradicional homem do aparelho regional e seu anterior apoiante) como candidato à câmara de Ponta Delgada; o Vice-presidente do Governo (o homem das finanças do executivo açoriano), o ex-presidente César (que já dera o sinal para o apunhalarem na abertura) e o novo líder do PS-Açores e atual Presidente do Governo Regional.
Depois virou-se a atacar o Primeiro-ministro, sentiu-se pioneiro no pedido de alargamento do prazo de maturidade do empréstimo à troika, repetindo o erro de ter sido ele quem falara de mais tempo para consolidar as contas públicas, mostrando que nem ainda compreendeu o que Gaspar pediu.
Falou que teria reestruturado os fundos comunitários para apoio ao investimento, como se estes não tivessem sido definidos pelo PS no tempo de Sócrates e como se no final do QREN e com Portugal falido se conseguisse mudar rapidamente a rota iniciada e até propôs a repetição de uma receita rosa.
Assegurar o crescimento com a construção de via férrea para Madrid, mostrando persistência na veia das obras públicas para tirar Portugal da recessão como se não tivesse sido esse o caminho que nos levou à bancarrota.
Claro que ele teria dinheiro 5000 ME, vindos da ajuda e destinada à banca e outras coisas afins, só não está disponível para a reforma do Estado, pois para ele tal é só cortar no Estado Social...
Deu para compreender o desespero dos socialistas com este líder, mas foram eles que o escolheram e ainda não vi ideias de fundo alternativas vindas de quem o está a apunhalar internamente.
Quando éramos miúdos gostávamos de brincar às profissões. Os meninos queriam ser bombeiros, astronautas, mecânicos, jogadores de futebol; as meninas queriam ser cabeleireiras, professoras, secretárias, enfermeiras; entre muitas outras coisas. Estas brincadeiras deliciavam-nos, mas estavam quase sempre desenquadradas da realidade. Os nossos pais educavam-nos para que tirássemos boas notas e prosseguíssemos os estudos. A menos que não houvesse capacidade financeira, quase todos queriam que entrássemos na universidade e tirássemos um curso superior que nos permitisse autonomia e sustentabilidade futura. Muitos pais condicionaram as escolhas dos filhos, antevendo dificuldades de integração no mercado de trabalho, outros, porém, alimentaram os seus sonhos na tentativa de permitirem que os filhos pudessem alcançar a liberdade de escolha que lhes havia sido negada quando tinham a mesma idade.
Todos temos histórias distintas, o contexto sócio cultural, a educação e as escolhas, que se misturam com as nossas aptidões e o nosso carácter, conduziram-nos por diferentes caminhos. Hoje em dia, muitos de nós estão frustrados e queriam voltar atrás, mas tal não é possível, o caminho é sempre em frente, ou então estagnamos e morremos na teia das nossas amarguras e desilusões. Escolher uma profissão é um risco que nos pode trazer maior ou menor retorno consoante as possibilidades que nos surjam. No entanto, o principal é sermos versáteis, flexíveis e adaptarmo-nos constantemente à mudança. Mais do que as competências técnicas, aquilo que se valoriza é o carácter do ser humano e a sua capacidade de inter-relacionamento. A técnica é algo que se aprende e que, independentemente de haver alguma aptidão prévia, se desenvolve com maior ou menor esforço, mas as qualidades humanas são inatas e condicionam tudo o que fazemos no nosso dia a dia. Seremos sempre melhores profissionais, se tivermos qualidades humanas que atestem os nossos princípios e valores.
As profissões e o mercado de trabalho estiveram sempre desajustados das reais necessidades, o que tem provocado elevadas taxas de desemprego ao longo dos anos. Saber o que se gosta é importante, mas vale muito pouco se não houver oportunidade de exercer essa atividade no mercado de trabalho. Não chega fazer o que se gosta ou ter uma boa remuneração, é fundamental avaliar o que se precisa e trabalhar para colmatar essas necessidades. A verdade é que nada de grande se consegue sem esforço, ninguém tem o que quer sem lutar para o conseguir e, nessa luta, há muitos passos: uns para trás, outros para o lado, uns em falso, outros arrastados; mas a certeza que o caminho é sempre em frente.
Na passada sexta-feira, em Macedo de Cavaleiros, na abertura da Feira de Caça e de Turismo, tive a oportunidade de ouvir alguns discursos de diferentes personalidades do Norte. Do Norte profundo e demasiadas vezes esquecido.
Além das naturais queixas contra o centralismo do Terreiro do Paço (a Secretária de Estado do Turismo, ali presente, levou que contar) ouvi, não tanto nos discursos, algumas críticas ao eventual "centralismo" do Porto. Aqui no blogue, nalguns comentários a publicações minhas, já ouvi/li o mesmo tipo de críticas. Na parte que me toca, injustas. Quando a Regionalização se concretizar (o que acontecerá mais tarde ou mais cedo) serei o primeiro a me bater contra a possibilidade de o Porto, o meu Porto, ser a "capital" da Região. Prefiro uma solução tipo Vila Real. Os motivos são claros: o Norte para ser forte não precisa de ter no Porto a sua capital administrativa. O Porto não pode competir, enquanto cidade de média dimensão e em termos europeus, se não tiver uma Região forte. Para a ter, será fundamental que Braga, Guimarães, Vila Real, Bragança e Viana do Castelo ganhem mais músculo. O Porto, graças ao Aeroporto Internacional e ao Porto de Leixões será a porta de entrada aérea e marítima da Região. Trás-os-Montes e Douro, assim como o Minho, são as portas de entrada por via terrestre e precisam de criar mais "músculo". Sobretudo Trás-os-Montes e Douro. Por isso mesmo, a capital da Região deverá ser pensada e materializada nessa parte do território - o Minho, felizmente, graças a vários factores como a sua Universidade, um verdadeiro pólo de excelência, e à proximidade com Vigo/Santiago/Corunha, sem esquecer a sua componente litoral, não se encontra na mesma situação económica e social.
O que é fundamental, como já antes escrevi no Forte Apache, é ter toda a Região a remar para o mesmo lado. Mais unida, mais coesa. Ter uma estratégia e visão de conjunto. Um Porto centralista? Não, obrigado.
«Os mortos não ajudam a morrer os vivos que um dia amaram.»
François Mauriac
No momento em que se previa que José Seguro apostava nas autárquicas que lhe pareciam favoráveis e seriam a sua salvação para potencialmente caminhar para Primeiro-ministro de Portugal, eis que muitos membros da máquina do seu partido logo lhe espetam facas nas costas, iniciando uma revolta interna, pedem eleições e lança-se um estratega como homem de confiança: António Costa, e este surge como que a liderar a traição.
A verdade é que esta revolta no PS surge de um núcleo que se comporta como traidores que esfaqueiam o seu líder inseguro quando pressentem que um desafio eleitoral lhe poderia dar segurança… e provavelmente são estes traidores, oportunistas que lhe querem roubar a liderança que amanhã assumirão o papel de alternativa salvadora de Portugal.
Contudo, como é que um grupo que ascende ao poder dum partido através de traições públicas aos seus camaradas e sem nenhuma estratégia política que os distinga, exceto faro oportunista, pode ser para o Povo um exemplo de pessoas de confiança?
editado por Pedro Correia a 27/1/13 às 01:08
«A fonte da felicidade reside dentro de nós.»
Jean-Jacques Rousseau
Há dias, Francisco George, numa útil iniciativa do Correio da Manhã, revelou ao País os Dez Mandamentos para melhorar a saúde dos Portugueses e prevenir o risco de uma morte prematura.
O País dedica ao que diz George ainda menos atenção do que às correntes de ar. E faz muito mal, porque os conselhos são preciosos: o primeiro Mandamento consistia em consumir água ao longo do dia, o segundo tinha que ver com a problemática da sopa e os restantes tocavam em questões delicadas como o leite, o pão "de qualidade", a fruta e as ervas aromáticas.
Que um funcionário que sustento com os meus impostos se dedique a retribuir-me com conselhos parece-me, da parte dele, uma delicada atenção. Embora, no meu caso de pessoa um tanto mal-agradecida, ache os conselhos dispensáveis e imagine que haveria porventura tarefas mais úteis e urgentes para ocupar um Director-Geral da Saúde.
Mas enfim, que seria das nossas vidas de cidadãos se o Estado, através de alguns ungidos que lhe preenchem os quadros, não nos guiasse contra os perigos que espreitam quem se permite guiar-se pela sua cabeça?
Mas, nisto como noutras coisas, o nosso atávico atraso sempre aflora a sua hedionda cabeça: Francisco vai a uma conferência e expectora os Mandamentos que lhe inspiraram os seus aturados estudos; e o Governo Irlandês, farol da tecnologia de ponta, para resolver o escândalo das mulheres que, por beberem um pouco demais, ficam com o nariz avermelhado, faz uma aplicação.
Isto incomoda-me: que a Irlanda não é maior do que nós, nem melhor, nem ocupa lugar mais saliente no ranking do futebol, nem está menos falida. Mas, lá está: para resolver um problema sério, ele é Apps para Mirror Android e iPhone, além da versão web, naturalmente; e os nossos melhores dizem umas coisas místicas ao microfone.
Assim, "não vamos lá".