120 anos de alegrias
120 anos F.C.Porto from SpinFilmesPortugal on Vimeo.
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120 anos F.C.Porto from SpinFilmesPortugal on Vimeo.
depois de ver as imagens dos protestos de estudantes ontem na Faculdade de Direito de Lisboa e recordando as do ISCTE sinto uma satisfação em comprovar que existe mobilidade no Ensino Superior. Independentemente da proximidade geográfica entre as instituições é bom saber que há estudantes que frequentam áreas de conhecimento diversificadas.
«Detesto as vossas ideias mas estou pronto a defender até à morte o vosso direito a exprimi-las.»
Voltaire
Estreia amanhã no Brasil o filme “Colegas”. Tive o privilégio de o ver em primeira mão, há um par de meses, no decorrer do Festival de Cinema de São Paulo, com direito a intervenção do realizador no final da fita.
Ganhou o Grande Prémio do Público.
Optei por não colocar aqui o trailer por me parecer que é redutor na medida em que se limita a apresentar um grupo de adolescentes com Síndrome de Down a fazerem palermices.
Marcelo Galvão, provavelmente por ser sobrinho de um portador da síndrome, conseguiu construir uma divertidíssima história com o olho e o par de ventrículos que só está acessível a quem convive de perto com estas pessoas. Chegou lá, à desarmante ironia e ao refinado sentido de humor, à pretensa ingenuidade que, por ser subestimada, raramente é tomada por inteligência pura.
Para nós, portugueses, há uma cereja inesperada a esborrachar-se no topo do bolo: o Rui Unas (actor com quem nem simpatizo particularmente) apresenta-se de forma hilariante a fazer de detective português.
Aplaudo a estreia do filme, como aplaudi de pé a sua apresentação, no meio de uma plateia de adolescentes trissómicos brasileiros, bonitos, espertos, bem arranjados e divertidos. E fico à espera que passe por cá.
"Há um entendimento unânime de todos os partidos de que não é necessário fazer uma nova lei. Seria a única via, fazer uma nova lei, não há outra via', afirmou Assunção Esteves aos jornalistas".
"O provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, fez na terça-feira uma recomendação à Assembleia da República para que clarifique urgentemente as 'hipotéticas dúvidas' sobre a lei dos mandatos".
Um paisano lê uma notícia destas e pasma. A Senhora Presidente veicula a posição "unânime de todos", não fosse algum desprevenido cogitar se a unanimidade não seria apenas de alguns; e o Senhor Provedor, num acesso de precaução que o honra, queria que a Assembleia se desse ao cuidado de clarificar dúvidas que talvez venham a existir. Isto implica, nos deputados, além da clarividência que sem dúvida a muitos assiste, também dotes de vidência, necessária para efeitos de adivinhação de dúvidas "hipotéticas".
Sucede que nos jornais, nas redes sociais, nos partidos, nas declarações de candidatos, dúvidas sobre a interpretação da Lei de Limitação de Mandatos é o que não falta - agora.
Sobre a maneira de resolver o assunto disse o que convinha. Os senhores líderes dos partidos na Assembleia decidiram assim afrontar-me, ignorando com sobranceria a minha opinião.
Não vejo isto com bons olhos: se amanhã houver decisões judiciais opostas, por exemplo, no Porto e em Lisboa, alguns eleitores acharão que o Juiz A é do partido x e o Juiz B do partido y; ou que um é burro e o outro arguto; ou que são ambos burros; ou que são ambos umas cabeças mas os senhores deputados umas abéculas que pariram um texto que, em menos de uma página A4, criou uma enorme confusão; e haverá decerto quem nisto tudo veja intenções obscuras.
É certo que os tribunais têm notoriamente pouco que fazer; e que o Parlamento goza de um prestígio tal junto da população que se lhe perdoa com facilidade que faça, em matéria sensível como são as leis eleitorais, textos duvidosos.
Ademais, a Senhora Presidente fez questão de frisar que "só se legisla de novo quando há razões suficientes para isso, nós entendemos que não há, que o erro que foi detetado não foi decisivo".
Está, portanto, tudo bem. Já agora, se não fosse pedir de mais, talvez não fosse pior que os partidos esclarecessem qual é a interpretação oficiosa, detalhe que terá escapado. Esclarecimento, de preferência, unânime de todos.
Poucas coisas vão animando este povo, mas ontem Ronaldo e Mourinho lá nos deram mais uma alegria. Como é bom calar os nossos amigos espanhóis assim!
Atenção, fala um tipo que é Sportinguista :)
Quando o muro ruiu e se pôde ver, quem já o sabia, quem o adivinhava e quem o negava, que do lado de lá havia acomodados, resignados e descrentes, no cenário decrépito do cemitério de muitas ilusões, houve quem julgasse que, enfim, talvez não se tivesse chegado ao fim da história, mas por certo ao fim daquela história. Puro engano: não foi só o velho Cunhal, inteligente e fanático, que viu no desenrolar das coisas a ingenuidade, senão a traição, de apparatchicks chegados ao Poder por acaso, e a longa mão do imperialismo; muitos outros viram a mesma coisa. E disseram para consigo que o socialismo tinha decerto sofrido um revés, mas que com uns retoques na prática política, outra gente, e a experiência dos falhanços, o sonho estava tão vívido como sempre desde há quase cem anos.
Num certo sentido, não se enganou Cunhal: a capacidade das pessoas para acreditarem no Céu na Terra não tem limites; e a força de uma ideia que promete distribuir a paz, o progresso, a segurança, a igualdade para todos, só se esvai quando, chegada a ruína, e passado um tempo de desnorte, trocam uma miragem por outra ou pelo conforto de ideias velhas.
A miragem dos nossos dias, nesta parte do Mundo, é a União Europeia, e o seu símbolo o Euro: paz eterna, liderança mundial do crescimento, igualdade dos países, os pequenos com o mesmo voto, e a mesma voz, dos grandes, solidariedade entre ricos e pobres... lembram-se? Lembram-se, claro, a retórica é a mesma, e os apparatchicks de Bruxelas, com o seu regime fiscal de excepção, as mordomias que não têm nos países de origem, as suas intrigas palacianas, a distância e independência da opinião pública, trombeteiam o mantra da "construção da Europa" todos os dias, até ao enjoo. E outro tanto fazem quase todos os que, porque nisso acreditaram, apostando as reputações e as carreiras, não podem, como Cunhal não pôde, negarem-se.
De vez em quando, um sobressalto: as eleições em Itália disseram, à superfície, que os Italianos não sabem o que querem, mas sabem que não querem a austeridade; e disseram mais profundamente, a meu ver, que sobretudo não engolem um gauleiter europeu, mesmo que italiano, para executar uma política que de alemã e bruxelense tem tudo porque quer salvar uma moeda estrangeira, e de italiana nada.
Não é que eles, como nós, tarde ou cedo, tenham muito escolha - mas ir pelo caminho dos espinhos porque tem que ser e não há outro remédio, é uma coisa; e ir por aí porque uns malditos diabos estrangeiros determinam e mandam publicar, é outra.
E ainda que eles e nós estejamos ainda sob o império da ilusão colectiva de uma geração, e seja talvez necessário um projecto alternativo no qual as pessoas possam depositar as suas esperanças e, talvez, as suas ilusões, as eleições italianas disseram, como já tinham dito os referendos que se fizeram para convalidar as engenharias de pátrias, que por aqui não vamos lá.
"Eles" não vão lá.
«O tempo é um rio que me leva, mas eu sou esse rio; é um tigre que me golpeia, mas eu sou esse tigre.»
Jorge Luis Borges