Ipsis verbis
«O homem ideal é aquele que é capaz de dar o seu pedaço de pão de cada dia, já de si irrisório, e de o cortar ao meio para ajudar alguém que está numa situação física muito pior que a sua.»
Jorge Semprún
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«O homem ideal é aquele que é capaz de dar o seu pedaço de pão de cada dia, já de si irrisório, e de o cortar ao meio para ajudar alguém que está numa situação física muito pior que a sua.»
Jorge Semprún
Por vezes, lembramos pedaços de romances que lemos no passado. Essas memórias podem ser caprichosas e levar-nos por associações impensáveis. É o tema do texto que podem ler aqui...
editado por Pedro Correia às 22:03
«No combate entre ti e o mundo, secunda o mundo.»
Kafka
«O mito é o nada que é tudo.»
Fernando Pessoa
Já há foto deles com o Manuel Pinho?
Entrei na rede social Twitter há mais de três anos com o nome Dita Dura. Em pouco tempo comecei a ter algum sucesso e passados alguns meses já era uma das contas portuguesas com mais seguidores. Falando de tudo e de nada, misturando assuntos sérios com piadas sem sentido, desenvolvi um personagem assente num humor extremamente cáustico e assertivo. Tentei também provar que é possível ser crítico e concludente, sem fazer ataques pessoais ou insultos gratuitos. Penso que deixei a minha marca ao longo deste tempo e esta convicção deixa-me com o sentimento cumprido de ter divertido, entretido e suscitado reflexões.
Amanhã irei revelar a minha identidade, colocando no perfil o meu nome verdadeiro e fotografia. Sei que é um risco, porque acredito que grande parte do sucesso vem deste mistério, mas a verdade é que é um ciclo que se fecha. É uma marca que se foi esvaziando ao longo dos tempos e que não pode ser eterna. Até agora, nunca geri esta situação com planos elaborados e decisões pensadas, mas sim de forma intuitiva e rápida.
O meu objetivo foi sempre apenas o de provocar o riso, desviar a atenção dos problemas e sofrimentos da vida, parar um pouco para pensar de forma leve e espontânea. Durante esta viagem pude contar com a gentileza e simpatia dos elogios de uma quantidade infinita de pessoas, que foram a razão desta caminhada ter sido tão longa. A estrada não termina aqui, não conto mudar muita coisa, mas é muito provavelmente o princípio do fim.
«Nenhum homem se pode intrometer entre outro homem e o seu destino.»
William Faulkner
Desde o início das suas funções de Ministro da Economia que muitos se aproveitaram do seu estilo diferente para o achincalhar e até alguns dos seus críticos abstratamente defendiam o seu modo de ser político: não influênciável, humilde, independente, simpático e com formação reconhecida.
Certo que era evidente que em parte se desabituara ao discurso político que se faz em Portugal, mas bastou ser substituído e imediatamente foi tratado como vítima, reconhecido o seu trabalho e até elogiado por alguns dos seus detratores...
Só tenho pena de me ter sentido tão só quando o defendia no tempo em que ele ainda era ministro e percebia a sua linguagem, deve ser da minha naturalidade Canadiana, mas nunca preferi os elogios póstumos a quem os merecia receber no seu tempo...
Mas é assim Portugal...
Sentença pr'àqui, sentença pr'à li, mas link é que nicles - só ficamos a saber que tem 180 páginas, mais do que alguns êxitos editoriais.
E eu tinha curiosidade de ler a coisa, nem que fosse em diagonal, a ver se percebo como pode justificar-se que um juiz se ache competente para suspender uma decisão política sob pretexto de que
"com a transferência para a Estefânia os utentes ficariam pior servidos, uma vez que os blocos operatórios e cuidados intensivos neonatais neste hospital, mesmo com obras, apresentam lacunas técnicas e de espaço. 'A reiterada expressão - divulgada nos meios de comunicação social - de que a MAC não cabe no HDE, refutada pelas requeridas, deixou de ser mera frase, pois o que se apura é que a transferência da MAC implica a redução de prestação de serviços, de que modo e em que circunstâncias, não se sabe', diz a sentença".
Vamos admitir que é assim, que há uma efectiva redução de serviços. Ainda que mal pergunte, o Governo não pode reduzir a prestação de serviços públicos, de Saúde ou outros, quando entenda que essa redução é necessária para assegurar a realização de outros bens - equilíbrio de contas públicas, afectação de recursos a outros fins que, erradamente embora, se estimem preferenciais, gestão mais criteriosa de meios e de espaços...nada? Se, por exemplo, o Ministério da Justiça entender amanhã que o tribunal xis deve mudar para instalações menos cómodas, ou mais longínquas, ou menos eficientes, os juízes não saem porque a oferta de Justiça, a que os cidadãos têm direito, pode piorar?
Não é isto uma mera decisão política? E, se é, precisamos da AR e do PR para quê? E do voto, e da opinião pública? Bastar-nos-iam os juízes, que não elegemos, para, em havendo interesses públicos ofendidos, segundo a opinião de alguns queixosos, decidirem quem está e não está no torto.
Entendamo-nos: eu acho que o cidadão precisa de quem o defenda do Estado e dos poderes de facto. E a única verdadeira garantia dessa defesa é a independência e irresponsabilidade dos juízes. O cidadão, não a colectividade. Que a vida desta é regulada pelo Poder Legislativo e Executivo, segundo regras que resultam de um complicado jogo de interesses, opiniões contraditórias sobre o que é o Bem Público, poderes e contra-poderes - chamamos a isso Política.
Que os juízes não deviam fazer.