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Forte Apache

Do neofeudalismo confuciano

José Adelino Maltez, 31.12.11

Ninguém duvide: o que é bom para as três gargantas, é bom para o partido comunista chinês, embora o inverso da Ilusitânia possa não corresponder ao bem comum. Isto é, para além do preto e do branco, do capitalismo e do comunismo, do fascismo e da democracia, há quem seja especialista no "tertium genus". Um belo conjunto, participado por ex-governantes, para os quais, quando alguém lhes fala em inteligência, eles puxam logo do livro de cheques e subsídios. As corporações, as companhias e as fundações são entidades civilizadíssimas. Entre nós, assistidas por várias comadres e compadres do país da empregomania e da subsidiocracia, financiam instituições de solidariedade para os pobrezinhos, academias culturais para os ineptos e universidades da terceira e da quarta idade, bem como laboratórios de investigação farmoprotectora para o comprimido azul do elixir da vida eterna. Em Portugal, quem está no poder são os mesmos de sempre: os antigos feitores e capatazes que a cenoura e o chicote salazarentos nos legaram, entre as malhas que o império teceu e entreteceu e os partidos que a pós-democracia pariu, com a rede neofeudal de patronos e encomendados, ditos curadores, conselhos gerais e comissões de honra, entre júris, prémios de carreira e personalidades do ano da casa dos segredos, os que vão gerindo a teia que alguns inocentes úteis, muitos medalhados e outros tantos prebendados vão qualificando com os velhos estigmas inquisitoriais das novas teorias da conspiração. Porque anda meio mundo ao serviço do outro, os que andam de pé atrás enredam-se com os que andam em bicos de pés e quem se lixa é o remediadinho, que é o nome portuguesinho para o pobre do impostado, quando é manifesto que o rei do estadão vai nuzinho e em pelota, com suas vergonhas naturais já sem a parra protectora.

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