Indirecta de Insurgente
Há coisas que nunca entendi na blogosfera portuguesa e este exemplo ilustra essa minha perplexidade.
André Azevedo Alves quer criticar o meu texto, mas faz isso de forma indirecta, citando Miguel Noronha (com quem dialoguei na caixa de comentários), isto apesar do meu post original incluir uma crítica a texto de Insurgente, cujo autor, Filipe Faria, não me respondeu. O texto de Azevedo alves mais parece mensagem da estratosfera, de alguém que não se digna baixar ao nível de um qualquer borra-botas como eu.
Vamos à questão em causa. A polémica era sobre a concorrência fiscal na Europa. No meu texto, afirmo que o caso da mudança de domicílio fiscal dos accionistas da JM é "um pesadelo" para os liberais, pois confirma perante a opinião pública o problema de existir concorrência fiscal no interior de uma zona monetária, de um mercado único e na ausência de orçamento federal.
Neste contexto, um país que recorra a concorrência fiscal terá vantagens na atracção de capitais e emprego, produzirá de forma mais barata, será mais competitivo por essa via, introduzindo uma distorção no mercado único que outros países tenderão a contrariar, já que isso não pode ser compensado através de orçamento federal. Há, pois, tendência para a harmonização fiscal, isto sendo ainda mais óbvio num contexto de aperto de orçamentos. Não falo em equivalência fiscal, mas em harmonização, ideia pacífica nas opiniões públicas.
A minha crítica aos liberais nacionais, que gostam de dar exemplos americanos e de vergastar a UE por dá cá aquela palha (Insurgente é um excelente exemplo), é sobretudo a de não compreenderem que, a nível europeu, a melhor notícia dos últimos 50 anos para as teses liberais dá pelo nome de União Europeia. O sucesso do mercado único e do euro constituem o melhor argumento, a nível mundial, em defesa das teses que costumo ler em Insurgente. Esta foi a maior liberalização jamais tentada (superior à chinesa em valor), criou um mercado gigantesco de 500 milhões de consumidores e que inclui países que nem pertencem à UE, sendo além disso um exemplo para outras regiões do mundo.
Apesar disso, aquele blogue é um dos mais eurocépticos na blogosfera nacional e quando leio as suas críticas à UE fico na dúvida se os autores são assim tão liberais como afirmam.
Acabo com o início. Não tenho o nível intelectual de Insurgente e compreendo que não respondam ao que consideram ser provocações de autores menores. Há outras razões, eu sei, a minha assinatura tornou-se politicamente incorrecta aí há uns três anos.
O que não posso deixar de lamentar é o método indirecto de resposta. Sinceramente, teria preferido o silêncio...