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Forte Apache

A Semana que Passou: Lembram-se dos Eurobonds?

Ricardo Vicente, 22.01.12

A 13 de Julho de 2010 colocava no Albergue Espanhol a seguinte perguntazinha ao nosso amigo Wolfgang Münchau:

 

A minha perguntazinha é esta: mas quem é que garante que os eurobonds terão rating triple A??? É a senhora Viviane Reding que irá encostar uma arma à cabeça da Moody's e obrigá-la a dizer que os eurobonds são excelentes e credíveis e valem a pena? Pois...

 

A 14 de Julho de 2010 repetia a pergunta e previa que a crise das dívidas soberanas chegaria à França, como acabou por acontecer com o downgrading há pouco mais de uma semana.

 

Como o Münchau não me respondesse, a realidade veio a dar-me razão mais uma vez: na Segunda-feira passada as obrigações do Fundo Europeu de Estabilização Financeira sofreram um downgrade às mãos da Standard & Poor's.

 

Aquelas obrigações não são exactamente a mesma coisa que os eurobonds mas as suas garantias de solvência são aproximadamente as mesmas: os países da zona euro partilham responsabilidades em função do seu capital junto do Banco Central Europeu.

 

Ora se na sequência do downgrade francês, o FEEF também perde o triple A é pois evidente que os eurobonds nunca poderiam ter necessariamente tal rating. Os triple As não dependem de wishful thinking e os eurobonds, tal como quase tudo na União Europeia, gozavam de um excesso de optimismo por parte dos seus defensores - tal como escrevi:

 

Os eurobonds têm toda a aparência de serem um plano pelo menos tão bom como as alternativas para levar a cabo um default parcial e selectivo (...). Mas isso só por si não garante credibilidade nem triple A, talvez garanta que o rating dos eurobonds seja superior ao das dívidas nacionais, o que já não é mau; e

 

se os problemas chegarem à Espanha e/ou à Itália (...) nem em sonhos azuis com estrelinhas amarelas irão os eurobonds ter triple A.

 

Como em muitos outros aspectos da construção europeia, existe já um excesso de optimismo em relação aos eurobonds. Parece-me, apesar de tudo, que os eurobonds são um paliativo pelo menos tão bom como outro qualquer, o que já não é nada mau (aqui).

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