Angola/China
Não gosto de ver governantes portugueses a actuarem como lambe-botas dos governantes angolanos. Não gostava da diplomacia socrática junto a Chávez, também não gosto quando membros deste Governo a imitam junto a outros governantes (lembro-me, por exemplo, do programa vergonhoso da RTP sobre Angola). Mas esta coisa de imaginar que desta ocidental praia lusitana podemos ambicionar ir longe virando as nossas atenções única e exclusivamente para o espaço europeu, é pura ilusão. E isto tanto vale com ou sem Merkel, com mais ou menos crise. E se, por um lado, gostamos de ter empresas nacionais a ganhar dinheiro em Angola ou queremos aproveitar eventuais oportunidades de negócios na China, temos de aceitar que as relações não são em sentido único. Não podemos criar uma barreira protectora que afaste esses povos de virem investir cá. Não podemos, nem devemos. Aliás, face às circunstâncias, incentivá-los não será de todo má ideia. E não deixo de achar curioso que é de quem anda sempre com o crescimento económico na boca que vieram alguns elogios e compreensão para com as palavras de Schulz. Decidam-se: ou a criação de riqueza e o dinheiro não é o mais relevante, ou se é mesmo crescimento económico que querem não podem ser tão picuinhas em relação aos povos com quem estabelecemos relações.