Henrique Raposo não diz, mas digo eu, que se a cidade mais a Sul de Portugal fosse Coimbra boa parte dos nossos problemas, a começar pela dívida externa, estariam a caminho de desaparecer.
E o segredo mora no trabalho, na criatividade e na imaginação de uma colecção de inapresentáveis grunhos, incapazes pela maior parte de articular convincentemente as razões do seu próprio sucesso, falhos de diplomas e de teorias profundas, distantes de Lisboa, das elites que pensam, dos que comem à mesa do Orçamento, dos monopólios e dos oligopólios.
Se andassem atentos, papagueariam e ouviriam coisas como estas:
"Ou Portugal muda o seu modelo de desenvolvimento, apostando na inovação, na ciência e nas tecnologias do futuro, ou nunca sairá da cepa torta"; "Como aconteceu em Oulu e um pouco em toda a Finlândia, o futuro de sucesso está na existência de sólidas ligações entre as universidades e as empresas".
"Portugal não planeia, sendo por isso um país sem futuro e que serve de alavancagem para que países como a China entrem no mundo".
"... assinala ainda o que considera ser alguma falta de empenho dos empresários no sentido de exportar mais".
Apostas no futuro, desafios assim e assado, planificações, modelos de desenvolvimento, ligações entre isto e aquilo, alavancagens, Presidentes à míngua de dizer coisas, empresários do discurso desenvolvimentista à sombra do Estado, e visionários com ideias argutas sobre a melhor forma de gastar o dinheiro do contribuinte - temos há décadas.
Agora que o dinheiro dos outros acabou, e o nosso também, talvez esteja aberta (como é que eles dizem?), ah, uma janela de oportunidade.
Isto se, e apenas se, os nossos dirigentes forem um pouco básicos, bastante teimosos e de ideias fixas; ou se a realidade fizer as escolhas por eles. Será?