Crescimento Económico ou Protecção dos Monopólios
« A protecção do sector não transaccionável continua praticamente intocada.
Sectores não sujeitos à concorrência continuam protegidos. "Se dúvidas houver, vejam-se os aumentos salariais aí praticados quando a economia está em profunda recessão e o desemprego em 15%".
A cura de emagrecimento e racionalização exigida à economia portuguesa está a incidir apenas nos sectores sujeitos à concorrência, designadamente nos exportadores que tem de comprimir custos e margens e recorrer a despedimentos, ao passo que a protecção de que dispõe o sector não transaccionável (onde se encaixam, por exemplo, a energia, as comunicações e a distribuição), “continua praticamente intocada”. “Se dúvidas houver, vejam-se os aumentos salariais aí praticados quando a economia está em profunda recessão e o desemprego em 15%”.
É por isso que “este é o sector que continua a atrair investimento estrangeiro” que, sendo “importante na situação de carência em que o país vive”, é investimento apenas financeiro “certamente não desinteressado das rendas do sector", "sem impacto no stock de capital ou na criação de emprego”, o que pode vir a revelar-se "contraproducente”.
Restaurar a competitividade da economia “implica favorecer a rentabilidade do sector transaccionável em detrimento do não transaccionável”. Sem ela, não haverá crescimento sustentado e não será possível atrair o investimento necessário para ampliar a capacidade produtiva e expandir o emprego. “E, sem crescimento, não haverá sustentabilidade financeira” - ou seja, o ciclo vicioso de que Portugal está a tentar livrar-se não será quebrado. »
Vítor Bento in Diário Económico