O Livro Único
Que os meus amigos liberais e libertários me perdoem - não sou a favor da liberdade didáctica nas escolas. Pelo contrário: sou a favor de programas únicos para os ensinos primário e secundário, exames nacionais cegos (o professor nem é o mesmo nem sequer é necessariamente da mesma escola, e não sabe de quem é a prova que está a corrigir) e livros únicos.
É que o diploma de cada grau de ensino deveria ser um certificado que o Estado dá de que o graduado pode ser burro como uma porta; mas tem um certo número de conhecimentos expectáveis. Que esses conhecimentos tenham sido obtidos numa escola privada ou pública só interessa por causa do que cada uma custa ao contribuinte, razão entre outras por que é necessário fomentar a concorrência entre estabelecimentos, o que, aliás, só é possível se se reforçar a possibilidade dos Pais escolherem, via cheque-ensino ou uma combinação de processos, para onde vão os educandos.
Mas isso são outros quinhentos. Agora, atestados que o não são, sêlos de garantia que não garantem nada - não.
O livro único que ninguém defende (a esquerda porque lhe lembra o salazarismo, alguma direita porque lhe cheira a unanimismo e estatismo, quem decide porque não quer comprar uma guerra, além de esquerdas e direitas, com editores de lixo pedagógico) tinha a virtude de sair barato aos Pais e não penalizar ainda mais as famílias numerosas, de que o País desesperadamente precisa. E por isso sempre o defendi.
Agora tenho second thoughts. Por causa disto. É de ensino universitário que aí se fala, e não é disso que eu falo, mas quem sabe se não virá a ser útil ir recuperar Magalhães à Feira da Ladra?