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Forte Apache

O Irão e as sanções do Ocidente (2)

Alexandre Guerra, 24.08.12

Iraniano a ouvir música na sua loja, em Janeiro último, na cidade de Chabahar, perto do estreito de Ormuz/Foto: EPA/Abedin Taherkenareh

 

“Por que razão a administração americana não endurece o regime de ‘sanções’ contra o Irão?” Foi com esta pergunta que o autor destas linhas terminou o seu primeiro texto sobre a problemática das sanções impostas pelo Ocidente, sobretudo pelos Estados Unidos e pela União Europeia, ao Irão.

A “moeda iraniana caiu 10 por cento depois da UE ter implementado o embargo às importações de petróleo no início de 2012 e as sanções americanas terão custado ao Irão mais de 60 mil milhões em investimentos perdidos na área da energia”, segundo uma reportagem da Al Jazeera desta semana sobre, precisamente, o impacto daquelas medidas na Repúplica dos ayatollahs.

Também ao nível das exportações de petróleo, o Irão está a sentir um decréscimo em relação aos seus dois principais clientes, a China e a Índia, mas o “ouro negro” continua a fluir para aqueles países asiáticos, visto que um dos problemas se deve mais à questão do transporte por causa dos seguros das embarcações do que propriamente à proibição para a venda e compra daquele recurso.

Apesar desta evidência e da administração americana ter aprovado este mês um outro pacote de sanções, a verdade é que muito mais poderia ser feito no que diz respeito à implementação de medidas duras com vista a pressionar a República Islâmica do Irão.

As mais recentes sanções aprovadas por Barack Obama pretendem-se que sejam “smart” e dirigidas a algumas instituições, empresas e entidades bancárias iranianas que estão de alguma forma relacionadas com a indústria da defesa, com o sector da tecnologia e com o programa nuclear.

Obama, tal como os líderes em Bruxelas, quer sanções cirúrgicas, por modo a minimizar, na medida do possível, o impacto na população. Sem dúvida que é um argumento válido, mas como escrevia Erin Burnett, jornalista da CNN, na Fortune, Washington é “duro” com Teerão, mas só às vezes.

Efectivamente, os Estados Unidos têm revelado alguma inconsistência na forma como têm abordado a política de sanções contra o Irão quando comparada com situações semelhantes envolvendo outros Estados em diferentes períodos da sua história. E para se perceber, em parte, esta realidade é preciso compreender o paradigma do actual sistema internacional, dominado por uma interdependência complexa muito acentuada, na qual os Estados Unidos estão totalmente emaranhados, tal e qual uma mosca numa teia de aranha. Uma análise que fica para um terceiro e último texto.