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Forte Apache

"Construsons" do lixo ao luxo poético

José Meireles Graça, 29.08.12

Confesso: sou admirador de João Ricardo de Barros Oliveira. A primeira obra (Vi:Ela Sentada) que tive o privilégio de conhecer deste escultor sonoro foi uma epifania, e delas (da obra e da epifania) dei pávido testemunho aqui.

 

No meu post acima referido já se anunciava a 5ª Sound. E ela aqui está, gloriosa, "um galinheiro amplificado, na Horta Pedagógica, em Guimarães, composto por um teclado musical suspenso e coberto de milho. O esgravatar das galinhas e dos galos e o som que produzem ao comer o milho nas teclas do piano, dão forma ao laboratório vivo de sonoridades."

 

Fallait y penser. Nas palavras imorredoiras do artista: "...apesar da muita 'inspirasom', durante a criação, há sempre uma 'insatisfasom' no processo criativo." E acrescenta: "Estou sempre à procura do som perdido que ainda não encontrei e espero não encontrar"; e "Há todo o levantamento e canalização para o som, a canalizasom."

 

Também esperamos - eu espero - que não encontre. De modo a que continuemos a ser brindados com obras que elevam as almas nestes tempos deprimentes que estamos a viver.

 

Estas coisas custam muito dinheiro ao contribuinte europeu, e portanto também a nós. Mas a Cultura, não é verdade? - não tem preço.