O Clint do Nuno e o Eastwood do Sá
As eleições americanas (USA). Sempre elas. Depois da convenção dos Republicanos, a dos Democratas. Mesmo sem ainda se conhecer o discurso de Obama, uma coisa é certa, pelo menos em termos de "comunicação política": o discurso de Michelle arrasou e o de Bill Clinton esmagou. No meio, uma surpresa chamada Clint Eastwood.
O realizador e o actor Clint Eastwood - confesso não conseguir escolher qual o melhor tal a grandeza de um e outro - consegue estar em dois momentos tão diferentes que marcam estas eleições. Um assumidamente comercial, outro absolutamente comercial. Ambos excepcionais e absolutamente contraditórios. Ele é, a exemplo de tantas outras coisas, uma das inúmeras razões pela minha paixão pelos EUA.
Obviamente, sou suspeito. Entre o Clint que o Nuno Gouveia adora e o Eastwood que eu admiro, vai uma grande distância. Eu prefiro o Eastwood assumidamente comercial que deu a voz e a cara por um dos anúncios publicitários mais fantásticos dos últimos anos e que, surpresa, representa um dos principais sucessos da política económica da presidência Obama: a salvação da indústria automóvel americana, a mesma que me acompanha apaixonadamente desde 2000. O Eastwood realizador de filmes tremendos, do bom gosto musical. Este é o Eastwood que eu gosto.
O Clint é outro. Até lhe acho piada na forma como defende o indefensável (a livre venda de armas). Confesso que me fez sorrir naquele momento de actor na convenção democrática a falar para uma cadeira (genial). Só que, entre o achar piada e o admirar vai uma grande diferença. A mesma que distingue o Clint apoiante do aprendiz de Bush júnior do Eastwood que empresta o seu talento à publicidade da indústria automóvel americana.
O Nuno, eu sei, adora o Clint e aquilo que ele politicamente defende. Eu, não sei se por força da minha paixão pela Jeep, prefiro de longe este Eastwood: