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Forte Apache

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Maurício Barra, 01.11.12

 

 

ESTRATÉGIA DO ABISMO

 

A recusa do PS em associar-se ao PSD e CDS para negociar o Programa de Ajustamento, agora que Portugal começa a ter condições objectivas para impor essa renegociação sem pôr em causa o apoio financeiro que continuamos a necessitar, revela a predominância táctica da ala esquerda do PS ( Mário Soares, Ferro Rodrigues, João Cravinho, Paulo Pedroso, etc ), a qual, com o apoio dos apoiantes de Sócrates que ainda subsistem, prefere colocar os socialistas num processo de ruptura em vez de enveredar por um caminho negocial com a EU e o BCE.

O processo de ruptura tem duas etapas.

A primeira é a de provocar eleições antecipadas, pressionando o Presidente da República para o efeito (na qual a projecção futurológica do não cumprimento dos indicadores económicos no fim do primeiro trimestre de 2013 ocupa agora a tese central de derrube do Governo). Entretanto, no terreno, desempenhará a função de evitar que os objectivos traçados sejam cumpridos.

A segunda é fazer uma aliança pós eleitoral com o BE e coordenação de objectivos com a CGTP (que, recordemos, era a linha política de Ferro Rodrigues enquanto foi secretário geral do PS), libertando assim o PC para continuar com a defesa formal das suas teses comunistas. Esta etapa seria a consumação da “grande aliança da esquerda “. Esta etapa confirmaria ter sido “ usado e deitado fora” o Presidente da República como o idiota útil que estava convencido que teria um governo PSD/PS, esta etapa também seria o triunfo estratégico dos partidos não democráticos que preferem o confronto com a Europa.

Esta etapa obviamente significaria o regresso de Portugal ao abismo da bancarrota, com os credores a recusarem continuar a financiar um país que, após dois anos de negociação e consolidação orçamental, prefere retroceder para o confronto e o caos, pondo em causa a continuidade no espaço do euro.

Contudo, este processo de ruptura é também uma grande oportunidade para a maioria que suporta o actual Governo.

Continuando a forçar a necessidade de negociar o programa de ajustamento em curso, por forma a que conduza Portugal para a criação de medidas que suscitem o investimento (externo e interno), a criação de emprego e permitam libertar os portugueses da asfixia taxativa que actualmente sofrem, e se, e isto é importante, incorporarem nessa negociação as mediadas aceites e sugeridas pelos socialistas e social-democratas europeus, a maioria política de suporte ao actual Governo reforçar-se-á, abrangendo parte dos socialistas democráticos que não se revêem em alianças com o BE e o PCP.

Este processo de ruptura do PS é, a médio prazo, uma estratégia de estertor. O estertor final antes do fim do ciclo político da coacção ideológica dos partidos antidemocráticos, o fim do Portugal que obriga os portugueses, na Constituição, a ir “ a caminho do socialismo “. 

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