Keep calm - está tudo fodido
Na cadeira do dentista, hoje, enquanto o moço se desculpava de cada vez que tinha que fazer alguma coisa nova - mudar de broca ("esta é capaz de lhe fazer alguma impressão"), soprar um ar frio, ajeitar o aspirador numa nova posição - e lembrava, pela quinta vez, "se lhe doer alguma coisa faça-me sinal", a cabeça vagueava por encomendas, prazos, reclamações, bancos, o comunista simpático (uma contradição nos termos) que ontem foi à Quadratura. E encalhou nisto, que lera ao começar o dia.
O País está doente, e a doença parece crescentemente crónica - alguém tem que fazer alguma coisa.
Depois, dei comigo a pensar que há mais humanidade na moderna cadeira do dentista que em todos os sistemas filosóficos ou políticos passados e presentes. E como a chuva se foi, está por estes lados um dia esplendoroso e parece que há caldo verde ao almoço, confio-vos esta prosa animada porque amanhã é Sábado.