Seguro adotou o tom de Calimero
Ontem Seguro foi o único líder político a remar contra a maré. Inesperadamente, nem o BE, nem o PCP pareciam tão descontentes com o regresso de Portugal aos mercados como o PS.
Seguro ontem só tentou apagar a possibilidade de sucesso deste regresso aos mercados, como parece estar a acontecer no terreno neste momento, ao esforçar-se por transformar em derrota a estratégia do Governo com o pedido de alargamento do prazo de pagamentos à troika.
Sempre se soube que para Portugal superar os problemas da bancarrota a que nos levou o Governo de Sócrates a via não era fácil, mas Seguro, depois de uma contenção populista inicial, procurou cavalgar o descontentamento popular, não só aceitando os conselhos da via socrática do partido que nunca reconheceu os erros das suas opções políticas, mas também esperando uma rotura dentro da coligação e, sobretudo, apostando num falhanço deste governo ao nível das finanças.
É cedo para cantar vitória, até por que muitas coisas difíceis são ainda precisas de ser implementadas, mas já começaram a ser evidentes a todos os portugueses alguns sinais altamente promissores de que Passos e a sua equipa poderão ter mais sucesso do que previa Seguro.
Agora internamente no PS, com um António Costa que matreiramente não se pôs ao fogo da frente da luta política durante a crise, enquanto espreitava a estratégia do líder do PS a desmoronar-se na sua aposta externa, Seguro ontem só tinha motivos para se sentir infeliz e daí aquele tom de Calimero que adotou, mas não tem razões para dizer "è un'ingiustizia però".