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Forte Apache

A radicalidade já não é o que era

Pedro Correia, 15.10.11

 

A radicalidade já não é o que era. Foi nisto que pensei ao ouvir há pouco um dos mestres pensadores da democracia "alternativa", Boaventura Sousa Santos, num dos seis canais da RTP. Na aparência, o discurso era muito radical. O professor coimbrão foi categórico: "Os partidos que temos já não são suficientes para representar a voz dos cidadãos porque representam a voz dos mercados." Contestou, como já se esperava, as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, considerando-as "ilegais". Defendeu o confisco de 15% das fortunas "dos ricos" e nem hesitou em advogar a designação de "uma nova assembleia legislativa" que dite outra arquitectura política em Portugal.

Até aqui, tudo muito fracturante. O problema foi quando o jornalista lhe perguntou se estava de acordo com a criminalização dos políticos por gestão danosa. Foi quanto bastou para Boaventura Sousa Santos pôr o pé no travão, considerando "muito difícil" concretizar este objectivo antes de passar rapidamente a outro tema menos escaldante. Nem parecia a mesma figura que produzira as categóricas declarações anteriores.

Enquanto o escutava, ia pensando que a RTP custa um milhão de euros diários ao contribuinte português. Se eu fosse tão radical como o professor Boaventura talvez começasse por defender ali mesmo uma televisão pública mais barata. E com menos canais.

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