O Plano B (1)
PRÓLOGO
Foi profusamente relatado na imprensa de então que, quando Sócrates concorreu a secretário-geral do PS, estabeleceu um acordo com António Costa para não transformar a sua eleição numa luta fratricida idêntica às que anteriormente tinham dilacerado o partido socialista ( Guerres, Constâncio, Sampaio, Gama ): agora era a vez dele, mais tarde, noutra ocasião, seria a vez do Costa. O objectivo era primeiro conquistar o poder dentro do PS, depois tomar o poder em Portugal.
RECUSAR A REALIDADE
Desde que o PS, depois de perder rotundamente as eleições, está na oposição, lançou-se numa fuga para a frente que não foi mais do que uma recusa da realidade. Recusava a responsabilidade de ter conduzido Portugal à bancarrota, recusou assumir o acordo de ajustamento que assinou com a “troika”, recusou enfrentar a impossibilidade de continuar a haver um Estado sobredimensionado insustentável para a realidade económica portuguesa. Preferiu colocar-se na situação irresponsável de não participar na solução dos problemas que tinha causado, deixando para o Governo o ónus de arcar sozinho com a impopularidade das mediadas que tinha de accionar para reconduzir Portugal a uma situação económica estável.
Preferiu participar na onda ideológica da agenda da esquerda não democrática. Esta agenda, fartamente acolhida na imprensa onde a esquerda à esquerda do PS está bem implantada, traduziu-se numa concepção putchista da democracia, criando uns argumentos atrás de outros para justificar a queda do Governo.
DEZOITO MESES
Dezoito meses foi o tempo que levou ao Governo demonstrar que os sacrifícios pedidos aos portugueses permitiriam ver a luz ao fundo do túnel, no qual o anterior governo nos colocou.
Dezoito meses que confirmaram o essencial do discurso do Presidente da República deste Ano Novo, no qual se recusava a criar uma crise política em cima de uma crise económica. Por outras palavras, não esperassem que ele, o Presidente, derrubasse o Governo.
De repente o PS percebeu que a linha putchista, tão ao gosto de Mário Soares, iria resultar em . . . . nada. O Governo vai cumprir a legislatura, os indicadores económicos vão começar a estabilizar no positivo, a probabilidade da coligação PSD/CDS ganhar as próximas eleições legislativas é forte, devido ao reconhecimento que os portuguese terão em 2015 para aqueles que os tiraram da bancarrota.
O antigo acordo de Costa com Sócrates foi imediatamente accionado, agora com o presidente da CML ao comando. A linha de Sócrates, que de Paris continua a querer manobrar a política interna do PS e a “agilizar” os “bobbys e tarecos” amigos que permanecem instalados na imprensa, não pode permitir que Seguro fique com o partido nos braços depois da mais que previsível vitória do PS nas eleições autárquicas deste ano. Seria o fim de uma estratégia tecida durante mais de seis anos.
A primeira parte do plano B está em curso: tomar o poder dentro do PS. Mas o objectivo político é outro e superior: um projecto de poder de um grupo que usa o PS para reconquistar o Estado para o colocar ao serviço dos seus objectivos políticos.