A democracia regressou à Itália
Alguns gostam de interrupções da democracia para pôr os países em ordem e depois retomá-la já de casa arrumada à sua maneira, nem que para isso tenham de manter a fachada de democracia e impôr Primeiros-ministros não eleitos que sejam da sua confiança estratégica. Fantoches manobrados de políticas impostas.
Por vezes esses mesmos amantes da democracia condicionada têm a sorte de um Estado eleger democraticamente um Primeiro-ministro da sua confiança e então corre-se o risco de até esse Governo pensar que tem legitimidade para governar apenas pela cartilha desses amantes de democracia com interruptores, que ora ligam, ora desligam.
Em democracia pode-se governar com medidas impopulares bem fundamentadas e com uma equipa técnica e moralmente credível, pois estas por vezes são até necessárias, mas não se pode governar sempre contra o povo apenas em benefício de uma credibilidade externa. Tanto num caso, como no outro, a curto ou médio-prazo a democracia tende a rejeitar aqueles amados só pelos que não os elegeram e, por norma, com grande ruído apostam no oposto da via que se seguia. O Cinco estrelas na Itália de hoje e o Syriza na Grécia de ontem são exemplos disto e deixam esta Europa atordoada, só espero que esta perceba antes que seja demasiado tarde.
A democracia regressou à Itália e como em democracia a política é o espelho do povo, os italianos votaram romaticamente no caos, contra uns sisudos e rijamente arrumados que lhe interromperam a democracia, só espero que estes sejam capazes de se adaptar à realidade e diversidade da Europa e permitam soluções equilibradas para todos, para bem de toda uma União Europeia e de todo o Velho Continente.