Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Forte Apache

Die Kanzlerin schlägt wieder zu*

José Meireles Graça, 08.02.12

Ângela, querida, eu até acho que tens razão.

E entendo também que os teus estimados bancos devem ser reembolsados do que não deviam ter emprestado a quem não devia ter pedido. E, vê lá, percebo o teu eleitorado - dava uma de formiga enquanto outros (nós) davam uma de cigarra.

Mas, sabes, loirinha assim a puxar para o cheiinho, as botas altas e o capacete com lança ficam-te mal.

Faz um favor aqui aos do extremo ocidental (corre nas nossa veias algum sangue Suevo e Visigodo, não sei se estás ao corrente) e fecha-me essa matraca. Que do gerente do banco que nos mete a faca ao peito espera-se que ao menos seja cortês, sobretudo quando, enquanto nos emprestava, aproveitou para vender máquinas de café e estojos de canetas.

Quando te reformares, hás-de querer o Sol que não tens na tua escura terra; e divertires-te um pouco para além da triste borracheira regulamentar que apanhas aos sábados; e talvez venhas para o Allgarve ou vás para a Madeira.

Convir-te-ia que os locais não te reconhecessem.

 

*O título foi traduzido por uma amiga minha que sabe Alemão. Já não me lembro do que quer dizer.

Hipocrisia Italiana, Hipocrisia Europeia

Ricardo Vicente, 13.11.11

Berlusconi foi eleito pelos italianos. Eleito. E por mais do que uma vez. Há uma grande, grande onda de hipocrisia a perpassar toda a Itália nestas horas em que se celebra a saída de Berlusconi. Li no Facebook que Berlusconi era um jogador. Pois era e é mas está muito longe de ser o maior gambler ou o que mais determina, neste momento, o destino da União Europeia.

 

Esta onda anti-Berlusconi que se estende e se faz celebrar em tantos outros países da Europa lembra-me o quanto os europeus adoram odiar os políticos americanos [em especial os da direita (?)] ao mesmo tempo que poupam e protegem olimpicamente os líderes em que eles próprios votam e que elegem.

 

Neste momento, os big gamblers da Europa não são nem Berlusconi, nem os mercados, nem o Obama, nem os chineses (que já começam a ser uma espécie de novos judeus: não há dia em que não oiça um europeu criticá-los). Os verdadeiros big gamblers da Europa são Sarkozy e Merkel.

 

Soluções verdadeiras para a crise têm sido e continuarão a ser adiadas até depois das eleições na França e na Alemanha tudo porque aqueles dois têm medo de que, se implementarem agora as medidas necessárias para travar a crise, não consigam ser reeleitos.

 

Mas okay, em vez de se falar em Sarkozy e Merkel (e, já agora, Putin/Medvedev e Medvedev/Putin), embora lá continuar a dizer que o Berluconi era um jogador e que o povo italiano nunca teve nada a ver com o assunto Berlusconi.

 

P.S.: A propósito do tópico italiano, ler e compreender este excelente post do melhor blogger português (que, por acaso, não escreve em nenhum blog mas sim em papel).

Berlusconi was elected by Italians. ELECTED. More than one time. There's a big, big hipocrisy going on in Italy these days. As for gambling, Berlusconi is far from being the one who gambles the most. This Berlusconi thing reminds me how Europeans love to hate American leaders while sparing the leaders they themselves (Europeans) vote for and elect. At present, the big gamblers in Europe are Sarkozy and Merkel. True solutions to the crisis are being postponed until after the elections in France and Germany because those two are afraid that, in case they implement the necessary measures, they won't be reelected. But okay, instead of talking about Sarkozy and Merkel let's keep saying that (1) Berlusconi is a gambler and (2) Italian people itself has nothing to do with him.

Heil Merkel?! -Clop!

Ricardo Vicente, 29.09.11

A propósito destes dois excelentes posts, um de Daniel Oliveira, o outro de Luís Menezes Leitão, republico um post meu de 1 de Maio de 2010 que, evidentemente, mantém toda a sua actualidade.

 

A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu sanções mais severas contra os países que não respeitem as regras do pacto de estabilidade do euro, incluindo a suspensão dos seus direitos de voto, numa entrevista ao Bild am Sonntag publicada hoje.

Isto ainda é mais bizarro do que defender que os criminosos devem perder os seus direitos políticos. A proposta da chanceler alemã é qualquer coisa como isto: quem não cumpre com as regras da moeda única, perde soberania política. Tal doutrina levada ao extremo, ou levada (quem sabe) apenas à verdadeira intenção de Merkel, pode formular-se assim: país que não respeita as regras do Reich, é anexado pelo Reich.

O interessante é que sanções para países que violam o pacto de estabilidade do euro já existem desde antes ainda do euro começar a circular! E porque é que essas sanções nunca foram aplicadas? Porque a própria Alemanha (também a França e outros) fez parte do conjunto de primeiros países desrespeitadores do pacto.

O problema de Merkel não é apenas o de ter dificuldade em compreender o que significa o conceito de soberania quando aplicado a outro país que não a Alemanha. O problema de Merkel é não se aperceber da hipocrisia e inutilidade de falar em regras e agravamento de sanções quando essas regras já existem e todos os países sabem que tais sanções nunca serão aplicadas à Alemanha no caso deste país desrespeitar aquelas regras.