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Forte Apache

Da necessidade da inquietação

jfd, 10.06.12

Fico incomodado com a forma como se está subtilmente a querer fazer parecer que há uma revolta no lume, de um cozinhado que não passando das mãos de chefs de franjas agarradas ao passado não têm nem reflexo nas massas nem olhos naquilo que é presente nem futuro.

O pior é que esta gente, a bem ou mal, vai tendo espaço de antena para os seus pratos. Haja liberdade de expressão, dizem eles. Muito bem, concordo eu. Mas e que tal aquela liberdade da maioria de pessoas que se estão cagando para apelos velados de revolta e que querem apenas que o que agora sofremos valha de algo e passe depressa?

 

Nos jugulares é com os brandos costumes.

No cinco dias são surrealismos.

No arrastão, e aproveitando a legitimidade de outros que se dizem apartidários, apela-se à retirada do conforto ao Governo...

A excitação dos vaidosos e a correcção presidencial

Sérgio Azevedo, 06.06.12

Sempre tive António Borges como um excitado da política. E um excitado da política, que é manifestamente diferente de um excitado da vida, é normalmente um ser vaidoso de pseudo superioridade intelectual, normalmente com um pensamento estruturado de forma a que poucos  entendam (e por isso alguns os têm como  brilhantes - a ininteligibilidade também tem destas coisas...) mas que sempre que lhes é metido, passo expressão, um microfone à frente descontrolam-se de tal forma que a intelectualidade arrumadinha dá rapidamente lugar à verborreia.

 

A declaração sobre a necessidade de baixar salários não foge à regra. 

 

Mas por isso, falando de coisas sérias e que realmente contam, é que gosto do Presidente Cavaco. Nestas declarações Cavaco corrige o incidente. E nós agradecemos.

 

Primeiro porque tranquiliza os cépticos nas políticas do Governo que, diga-se, nunca indiciou caminhar nesse sentido. Depois porque, e com algum gozo mesquinho, corrige a asneira e a vaidosice do seu amigo Borges.

Hábitos antigos...

CAA, 28.03.12

O presidente da República escolheu a cidade de Lisboa para palco das comemorações do 10 de Junho. Escolha natural, obviamente. Provavelmente, o palco propício, sugiro eu, será o Terreiro do Paço! E, a partir dessa sede tão adequada, existirão fortes proclamações sobre a coesão territorial e as assimetrias regionais que a Democracia, lamentavelmente, acentuou. Enfim, Portugal, no que tange a algumas enfermidades já endémicas, continua cada vez mais igual a si próprio...

O Grande Inútil

Miguel Félix António, 12.03.12

Não consigo encontrar uma réstea de utilidade em parte do conteúdo do prefácio mais comentado nos últimos dias. Como pode o Chefe do Estado admitir que há uma deslealdade institucional, sem precedentes, da parte do Chefe do Governo e ainda assim mantê-lo em funções? Como pode vir dizer isso mesmo largos meses depois, assumindo que nada fez numa situação que ele próprio considera gravíssima? Qual é a utilidade de ter um Presidente da República que sustenta a sua impotência para lidar com este tipo de problemas? Não estou desiludido, simplesmente, porque nunca me iludi!  

É uma tentação

João Espinho, 09.03.12

E poucos são aqueles que têm sabido resistir-lhe: ajustar contas com o passado (ou com os adversários) escrevendo autobiografias que só servem para alimentar o ego e relatar episódios que, em princípio, são desconhecidos do grande público. 

Há também esta moda dos presidentes compilarem discursos e, moda mais recente, de tentarem fazer um balanço autobiográfico das suas viagens, passeios ou "roteiros". Aquilo que deveria ser o tronco essencial das "memórias" reparte-se assim por vários volumes, de consulta e efeito rápidos.

O caso de Cavaco Silva torna-se mais grave, pois decidiu-se a "fazer história" num prefácio de  duvidosa oportunidade. Para quem acompanhou o "casamento" entre o actual Presidente e o anterior Primeiro-Ministro, o azedume vindo agora a lume não faz sentido e só pode indiciar que Cavaco Silva se prepara para fazer política dura, ele que se se diz pouco talhado para a política. Aguardemos  pelos próximos capítulos dos roteiros de Cavaco Silva onde ficaremos a conhecer melhor os contornos desta coabitação com Passos Coelho. E espera-se que o Volume 7 de Roteiros não tenha prefácio. Para bem de todos nós.

 

O Prefácio da nossa perplexidade

José Meireles Graça, 09.03.12

Sobre a chateza do discurso, o recurso a chavões, o economês, o politiquês, pouco digo  - cada um dá o que pode, e o que Cavaco pode ajudou, como o próprio recorda com justiça, a ganhar recorrentemente eleições. Os "desafios do futuro", a "responsabilidade histórica", as "linhas de rumo" e toda a parafernália de frases pedantes e estafadas, sempre serviram para Cavaco fazer passar a imagem da fluência com que a Providência não o dotou, do voluntarismo que não tem, da coragem que lhe falta, da competência técnica que, num político, é acessória, e da profundidade de pensamento que, nele, é um transparente véu sobre a mediania.


Agora, como estratega, Cavaco é brilhante: nunca aceitou um debate que pudesse evitar e, nunca, num debate, se afastou da cassette da resposta estudada para a pergunta óbvia e o argumento previsível; nunca, como decisor, se afastou do mainstream do pensamento económico, em particular na relação com a CEE e depois com a UE e o Euro; nunca, como magistrado ("o mais alto magistrado da Nação", aposto que terá dito, é o género de coisa que gosta de dizer) foi claro para o cidadão, excepto na generalidade dos sentimentos e das preocupações pias que quase ninguém contesta; e sempre teve o cuidado de, suspeitando dos riscos da política A ou B, evidenciá-los, para poder dizer no futuro que alertou, avisou e preveniu.


Cavaco ajudou a derrotar um Sócrates moribundo, depois de ter andado de braço dado com ele quando Sócrates era um menino de ouro, benquisto por uma maioria por cima da qual espargiu o dinheiro que pediu emprestado, as aldrabices várias em que foi mestre e as promessas e iniciativas loucas com que engrupiu o eleitorado e os crentes da sua seita.


Cavaco, diga o que disser, foi cúmplice: não há dois Sócrates, o de antes e o de depois da crise, há apenas um, e esse não se recomenda. Na melhor das hipóteses, deixou-se iludir - como já antes lhe acontecera com demasiados outros.


Estratega brilhante, disse acima. Tão brilhante, ou eu tão medíocre, que o propósito do exercício me escapa: i) É um testemunho histórico? Mas Cavaco tem anos de actividade política pela frente, e quase nunca o futuro foi tão incerto - o tempo de publicar memórias seria mais à frente; ii) É um ajuste de contas? Mas quais contas, se as que Sócrates terá que prestar são porventura de ordem judicial, que as políticas já estão feitas?; iii) É um apoio ao Governo? Mas como, se por estes dias o Presidente tem feito bastas críticas, no seu estilo bate-e-foge?


Não percebo. Não devo ser o único, bora lá todos ler o Abrupto, logo que saia a leitura das entranhas - as tendas querem-se com quem as entenda.

Ainda que mal pergunte... (II)

Fernando Moreira de Sá, 27.02.12

... o Senhor Presidente da República fez um roteiro pela Juventude, certo? Andou pelo Norte do país, certo? Falou sobre empreendedorismo, certo? Visitou exemplos de jovens empreendedores, certo? A iniciativa não teve nada a ver com aquela coisa dos jovens numa escola, certo? Aliás, a Presidência fez saber que já estavam a preparar o dito roteiro e que não foi uma coisa à pressão, certo?

 

Então, como se explica que estando o Presidente no Norte, dedicando uns dias à Juventude, não visitou a Capital Europeia da Juventude? Não sendo coisa organizada à pressão, caso contrário até se aceitava o esquecimento, o lapso, podemos ser levados a concluir que foi propositado. Sendo-o, qual o motivo? É que olha-se para o roteiro e compara-se com a Capital Europeia da Juventude e está lá tudo: empreendedores, empreendedorismo, debate de ideias sobre o futuro, casos de sucesso, incubadoras de empresas de e para jovens, Universidades, etc.

 

Eu não quero acreditar. Por isso, só estou a perguntar...