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Forte Apache

Do IVA da restauração.

jfd, 13.07.12

A Associação da Hotelaria e Restauração de Portugal (AHRESP) elogiou a decisão do Governo espanhol de subir o IVA de 8 para 10 por cento, ao contrário de Portugal, que “insiste num insuportável IVA de 23 por cento.

Para esta Associação corporativista e negativista de nada servem os dados e respostas apresentadas em sede própria pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. E com um argumento que é extraordinário; o aumento dessa mesma receita não deveria ser na ordem dos +100% mas sim o dobro - o Governo engana!

Valha-nos o bom senso dos fascistas espanhóis. A realidade é que a receita é necessária, e não vinda dali, algum outro sector será o sacrificado pelos malvados governantes que querem certamente asfixiar e matar a economia espanhola.

 

O fecho no comercio é inevitável. Infelizmente o desemprego que o acompanha também o é. Há que pensar na realidade de quem tem estabelecimentos abertos cumpridores de todas as regras; desde licenças ao programa de facturação certificado e, em contraste, quem tem o seu café, restaurante ou similar, há anos, no mesmo local, não investindo e sem sequer ter de levar em conta a renda como grande parte dos custos fixos. E nem vou mencionar facturas e recibos. Impostos e inspecções.

É duro retratar; mas se há dois, três ou quatro na mesma rua, tal não poderá acontecer. Assim como aqui, acontecerá nas farmácias, aconteceu nos balcões dos bancos e etc..

 

A economia tem de se reinventar e não de se perpetuar numa fotografia que nada augura para o futuro.

Um ano de Governo

Fernando Moreira de Sá, 24.06.12

Em Outubro escrevi sobre um receio: a possibilidade do doente morrer da cura.

 

Agora que passou o primeiro ano de Governo, repito o receio. O caminho para a desejada recuperação da nossa economia só pode, na minha opinião e de forma simplista, passar por um verdadeiro "choque fiscal": descida para metade do IRC, descida do IVA (com apenas duas taxas de 5% e 15% respectivamente), fim da dupla tributação no imposto automóvel. Num prazo de dois anos, a implementação de uma verdadeira harmonização fiscal em toda a UE.

 

Além disso, renegociação total das parcerias público-privadas (e publicitação integral do conteúdo dos contratos existentes); continuar as reformas já iniciadas e finalizar, rapidamente, as privatizações em carteira. Sobretudo nos transportes (TAP, CP, STCP, Metro, Carris, etc). Indústria, Turismo e Formação Profissional devem ser as principais apostas da revisão do QREN e na negociação do próximo quadro comunitário - acautelando, na revisão, as expectativas jurídicas em face dos contratos existentes.

 

Só assim se pode salvar o doente sem o matar com a cura.

Curva de Laffer

Maurício Barra, 22.06.12

«O ministro das Finanças admitiu esta quinta-feira no Luxemburgo que o cumprimento da meta fixada para o défice orçamental deste ano poderá estar em risco devido às receitas fiscais inferiores ao previsto. O ministro, que falava no final de uma reunião dos seus pares da zona euro, explicou que o comportamento das receitas fiscais "não é positivo" e que os valores estão abaixo do esperado". Em concreto, referiu-se às receitas do IRC que registaram "uma evolução menos favorável do que se esperava em resultado dos menores lucros das empresas neste contexto de recessão prolongada".» in Publico                                                                                                                                                  

Pois é, isto estuda-se, chama-se curva de Laffer.                                                                                                                                                   

O ponto a partir do qual o aumento da tributação diminui a receita tributada.                                                                                                  

Senhor Ministro: é na despesa que tem de encontrar solução.                                                                                                                                                                                 

 

A imprensa maldosa

José Meireles Graça, 19.06.12

Creio que vai por uma grande precipitação: aquela treta dos 4% que tem sido atribuída ao Dr. Miguel Cadilhe por alguma imprensa maldosa é na realidade uma sugestão do Dr. Carvalho da Silva, presente na mesma Conferência, que mesmo assim já está a edulcorar a opinião do seu Partido, que acha que deveriam ser 40% - para começar.

Mãos ao alto!

José Meireles Graça, 17.06.12

Tem-se vindo a agravar em Portugal um generalizado sentimento de desprezo pela autoridade, que urge combater. O Inspector Amândio, da Divisão de Processos Fiscais, oportuno e sem papas na língua, não está pelos ajustes deste deslizar para uma sociedade anárquica e entende que os fiscais das finanças devem poder dar ordens de prisão, competência que não se compreende ainda não faça parte do limitado elenco de ferramentas que aqueles funcionários têm à sua disposição para cumprimento da sua importante missão. Os fiscais não podem dar ordens de prisão? Pois é um escândalo.


Acho muitíssimo bem o desassombro do Inspector Amândio. Creio mesmo que este assunto deveria ser visitado com interesse pelo Governo, alargando-se a competência para dar ordens de prisão também a outros agentes de autoridade que se deparam com dificuldades para o cabal desempenho das suas missões. As Polícias Municipais, por exemplo, são com frequência vítimas de entraves colocados por Munícipes que restauram os seus imóveis sem autorização, lançam à socapa chapadas de cimento em barracos não licenciados, inclusive em dias destinados a descanso, e que nem sempre usam de urbanidade quando são confrontados com as consequências dos seus actos. E os Inspectores do Trabalho são com frequência vítimas de atitudes arrogantes por parte de patrões grunhos (com perdão da redundância), que têm dificuldade em perceber a importância dos corrimões nos lanços de escadas, ousam discutir a interpretação das leis e dos contratos colectivos de trabalho por parte de quem tem obrigação de os fazer respeitar, e de modo geral não adoptam a atitude colaborante que lhes é exigível.


De resto, nem sequer se entende que, alargando-se desejavelmente o número de agentes do Estado com direito a prender cidadãos, se hesite em adoptar práticas mais restritivas do direito à inviolabilidade dos domicílios: é intolerável que aquele direito sirva de capa para a prática de crimes, que, sem o direito de visita por parte de quem tem por obrigação combatê-los, ficam impunes. Se a autoridade não pode prevenir a criminalidade por assim dizer no ovo, que muitas vezes é o recesso dos lares, como pode exigir-se-lhe depois que a combata nas ruas, quando ela já está entranhada nos costumes e os transgressores atolados no vício da ilegalidade?


Os governantes têm vindo a dar alguns sinais de não serem alheios a estas preocupações, tímidos embora. Já se admite que a ASAE se inteire da forma como as crianças menores de quatro anos são criadas, através de inspecções, por haver pais que, com incompreensível descaso, ignoram as normas da UE sobre segurança eléctrica, altura do armário dos medicamentos e outras relevantes matérias; e dão-se os primeiros passos na repressão dos hábitos tabágicos também ao volante, não obstante o movimento de cidadãos refractários que, invocando erroneamente um suposto direito de propriedade, consideram ser o interior dos automóveis o espaço privado que evidentemente não é.


Vamos portanto, aparentemente, na boa direcção, e seria injusto não referir aqui o trabalho pioneiro do Senhor Secretário da Saúde, Dr. Leal, em cuja determinação o seu colega da Fazenda bem se poderia inspirar. Pode acontecer, como efeito perverso, um aumento da população prisional, circunstância difícil de casar com a actual superlotação das cadeias.


Nada porém que não se resolva com alguma flexibilidade e imaginação, lançando mão, por exemplo, de um aumento das saídas em liberdade condicional. Seria uma generosa benesse para os bem comportados e de nenhum impacto negativo na sociedade: não estamos todos a ficar, progressivamente, em - liberdade condicional?

A boa notícia e a notícia boa que tarda:

Fernando Moreira de Sá, 01.06.12

O Governo está a preparar uma descida da TSU para as empresas que recrutem trabalhadores jovens e com salários baixos. É uma medida que pode ser importante no combate ao desemprego. Uma boa notícia.

Porém, continua adiada uma outra medida que tinha, também ela, sido uma excelente notícia: o regime de caixa para as micro e PME. Ou seja, as empresas passarem a pagar o IVA ao Estado apenas quando receberem dos clientes. Não tenho qualquer dúvida que esta medida seria bem mais importante e crucial no combate ao desemprego e na promoção do crescimento económico. 

IRS

José Adelino Maltez, 21.04.12

 

Sempre que me submeto ao chamado dever cívico de preencher os papéis, mesmo electrónicos, da impostagem, sinto a antiquíssima revolta de rurícolas origens. Sou um simples indivíduo, feito solidão de número fiscal, diante da máquina violentista desse aparelho abstracto que se chama Estado e vai usurpando a República. Sinto saudades da vizinhança, a falta de concelho e o vazio de solidariedades institucionais, como as dos sindicatos, dos partidos e da própria universidade. E confirmo que a revolta pode ser mais enérgica que a revolução. É preciso evitar a Maria da Fonte, saltando já para uma Patuleia que não seja controlada pela Convenção do Gramido.

Os in-shores do Estado predador

José Meireles Graça, 19.04.12

IMI e IMT: fim do agravamento para pessoas em offshore*

 

Quando se lêem coisas destas, pessoas como eu dizem para os lados uma série de palavrões: sou malcriado, e a estupidez, o abuso e a impunidade tiram-me do sério.


Depois, tropeça-se nesta notícia: "PSD e CDS vão propor o fim do agravamento na tributação de IMI e IMT dos particulares residentes em offshore. Este agravamento passa a aplicar-se exclusivamente a 'entidades que realizam operações em offshore', deixando de se aplicar a pessoas singulares."


Óptimo, vão corrigir o torto, e faço votos para que não se esqueçam de apresentar públicas desculpas a quem já foi prejudicado, e acompanhar as  restituições oficiosas com juros.


Porque se for necessário requerer restituições (e "requerer" não é o verbo recomendável para a situação - deveria ser "exigir") pode bem acontecer que o "requerimento" vá parar às mãos do mesmo tipo de funcionário que redigiu a lei celerada cuja revisão se propõe.


E, infelizmente, como a história vai acabar com a mera aprovação, mas a culpa morrerá solteira, o funcionário em questão sentir-se-á autorizado a entender que ele, quem subscreveu os diplomas, e quem os aprovou, gozam de uma espécie de estatuto de inimputabilidade que faz com que o desprezo pelo cidadão contribuinte seja da ordem natural das coisas.


E é que é mesmo assim. Razão por que, felizmente, me encontro só; senão, quem estivesse nas redondezas ficaria escandalizado com o que estou a dizer alto.


* O texto do post estava escrito antes do desenlace em título, e antes deste post de um blogger que apropriada, tenaz e consistentemente, tem seguido esta questão. Não o publiquei por não gostar de publicar mais do que um texto por dia, não vá despedirem-me por, sobre a má qualidade, acrescentar a quantidade.

O Governo ultra-liberal

José Meireles Graça, 02.03.12

Todo o burro come palha, a questão é sabê-la dar.

Esta notícia vai dar um grande sururu - os honorários são escandalosamente baixos, não pode ser, os arquitectos, famélicos, não terão sequer forças para subir escadas, a Ordem esfarrapa as vestes, indignada, quer um cafezinho, ó Senhora Arquitecta, e já agora uma sandezinhas de queijo que está muito amarelinha, hum?

Entretanto, as câmaras municipais, encalacradas até ao pescoço com o pessoal que admitiram para pagar favores, engrandecer o Município, comprar votos e dependentes; com empréstimos para pavilhões de multi-desusos, esculturas muitíssimo moderníssimas a ornar rotundas e avenidas e para subsidiar eventos culturais - esfregam as mãos.

Lá isso dos arquitectos resolve-se, ao fim de muito barulho - faz-se uma aumento de 100% e a percentagem impressiona, além de que sempre passa a ser o preço de quase três maços de tabaco.

No meio da confusão, mais um agravamento de impostos para quem investiu; e pior ainda se conservou adequadamente o imóvel ou o melhorou - que é para isso que serve a avaliação, para penalizar quem poupou e deixou de aforrar ou consumir.

Parece que com estas e outras se vai construindo uma sociedade estranha, que o 5dias e o Dr. Mário Soares acham ultra-liberal.