Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Forte Apache

Da Madeira com amor... #2

Rodrigo Saraiva, 09.10.11

...ficaram vários recados políticos do eleitorado. (diz e bem o Fernando)

 

A cada acto eleitoral, muitos dos que não gostam dos resultados eleitorais desatam a ofender os eleitores. E normalmente são aqueles que se auguram em arautos da democracia. Ficam sempre naquela situação algo esquizofrénica a pensar “a democracia é uma chatice”.

 

Pelas bandas do PS, que até teve direito a uma participação dedicada, motivada e entusiasta de Tozé Seguro, conseguindo assim a sua primeira derrota, foram despachados para o terceiro lugar, atrás do CDS. Depois de Jacinto Serrão agora foi Maximiano a fazer o lugar de candidato, enquanto Bernardo Trindade continua escondidinho a ver se decide se chega o seu dia ou não. Espera-se que pelo menos haja gratidão no PS para com os seus candidatos.

 

Mas o grande derrotado destas Regionais é o BE, que fica sem representação parlamentar. E a derrota é de uma dimensão histórica, pois não se pode esquecer que se a nível nacional o BE é a soma de várias forças políticas, na Madeira é praticamente a herança de uma UDP que durante muitos anos foi uma face bem visível da oposição, através do casal Paulo e Guida.

 

Não tive oportunidade de acompanhar a “noite eleitoral” nas televisões, fui seguindo opiniões pelo twitter e vi algo que me parece um erro de leitura, uma simplista comparação entre os resultados destas eleições com as últimas. Se é certo que as de hoje decorreram, devido à situação financeira, num cenário único, não se deve esquecer que as últimas tinham ocorrido igualmente num cenário excepcional, com uma demissão de Alberto João Jardim a antecipar eleições, tendo, nessas sim, obtido um resultado histórico. E, se não estou em erro, foram as primeiras com círculo único, pois caso contrário teria tido bem mais deputados e alguns partidos não teriam alcançado representação parlamentar.  

 

Independentemente das comparações, é um dado objectivo que, mesmo em maioria, é o resultado mais baixo que Jardim alcança. E espera-se que mesmo do alto das 45 vitórias consiga ler os resultados e os sinais que os seus conterrâneos lhe deram.

 

No post abaixo o Fernando já refere um detalhe a ter em conta nas análises eleitorais da Madeira, a existência de dois eleitorados distintos, o do Funchal e o da restante ilha. Algo que qualquer partido deve ter em conta nas suas decisões futuras.

O pós-jardinismo já começou

Pedro Correia, 09.10.11

Alberto João Jardim vence, ainda com maioria absoluta de mandatos mas já sem maioria absoluta no voto popular. Perde oito deputados, recua 16 pontos percentuais. Ao contrário do que pretendia, o Governo de Lisboa não levou sova alguma dos eleitores da Madeira. Pelo contrário, Pedro Passos Coelho viu reforçado o seu capital politico ao ter sido o primeiro chefe do Governo português a enfrentar directamente o senhor do Funchal. Com firmeza e sem rodeios.

Hoje ainda, Jardim pode fazer estalar algum fogo de artifício. Mas prepara-se já amanhã para o inevitável choque com a realidade. De alguma forma, o pós-jardinismo já começou.

Da Madeira com amor...

Fernando Moreira de Sá, 09.10.11

...ficaram vários recados políticos do eleitorado.

 

O primeiro, que ninguém parece querer assumir, é o divórcio entre a população madeirense e os diferentes partidos da oposição. Nunca antes, em especial o PS e a CDU, tiveram semelhante cenário favorável. Nunca antes umas eleições na Madeira foram tão mediaticas. Abertura de telejornais, capas de jornais e, cereja no topo do bolo, reportagens internacionais. Para ajudar à festa, um Alberto João Jardim debilitado fisicamente.

 

Em segundo lugar, o CDS teve um excelente resultado. Surpreendente? Não. Uma liderança regional estável e bem conhecida da população, acrescida de um facto que deve ser sublinhado e servir de aviso ao PSD: ao longo destes 100 dias de governo temos os Ministros do CDS a brilhar nos diferentes meios de comunicação social - desde a reportagem do Expresso com Paulo Portas nas Nações Unidas, passando pela Ministra Assunção Cristas nas televisões (ainda ontem no programa do Herman José) e terminando no Ministro Pedro Mota Soares a saber escolher muito bem como e quando deve aparecer. Para acalmar alguns amigos do CDS, quero salientar que isto são elogios e não críticas. O CDS está a saber comunicar e a conseguir passar entre os pingos da chuva.

 

O terceiro recado foi dado a Alberto João Jardim. Independentemente das dificuldades destas eleições, boa parte delas criadas por si, o que fica para a história é o pior resultado de sempre. Mais, um afastamento gradual e sucessivo do eleitorado urbano, algo que deveria fazer pensar o PSD Madeira - até por ter um Presidente da Câmara do Funchal que, em contrapartida, é bem visto por esse mesmo eleitorado.

 

O quarto recado foi direitinho para o Bloco de Esquerda. Boa parte do seu eleitorado deriva do voto de protesto social puro e duro. A outra parte é devida ao eleitorado intelectual de esquerda. Se estes ainda continuam a votar no BE, os primeiros preferem os Coelhos. E amanhã vão preferir os "Partidos Pirata" e quejandos. O Bloco está em queda acentuada no continente e desapareceu na Madeira. A noite das facas longas já está em marcha.

 

O quinto recado foi para o PS. E foi de tal forma esmagador e humilhante que nem vale a pena dizer mais nada. Os resultados falam por si.

 

Por último, um recado directo ao PSD nacional. A coragem assumida em criticar o governo da Madeira e em colocar os interesses nacionais acima dos interesses partidários foi louvada e, na minha opinião, já está a ser recompensada. Nunca antes, nem com Cavaco Silva, uma liderança nacional foi tão longe a enfrentar Jardim. Os superiores interesses de Portugal assim o exigiam e assim foi feito. No passado? Assobiar para o lado foi a regra.

Madeira: CDS ultrapassa socialistas

Pedro Correia, 09.10.11

Numa parcela do território nacional, o PS deixou de ser o principal partido da oposição. Hoje, na Madeira, o CDS ultrapassou claramente os socialistas, conquistando 17,6% dos votos e fazendo eleger nove deputados regionais, subindo da quarta para a segunda posição no quadro político madeirense. Qualquer cientista político estará aqui perante um fascinante caso de estudo: é possível ser um sólido parceiro de coligação com os sociais-democratas em Lisboa e um opositor reforçado ao PSD no Funchal.

Isto pode vir a ter repercussões mais vastas? Ninguém duvida que sim.

Bloco: dois fracassos em quatro meses

Pedro Correia, 09.10.11

"Nós não nos disfarçamos com retórica." Esta foi a frase mais frouxa da noite eleitoral de hoje. Uma frase proferida pelo maior frasista da política portuguesa, Francisco Louçã. Nem ele era capaz de disfarçar o estrondoso desaire do seu partido confirmado há poucas horas, na sequência da queda eleitoral registada nas legislativas de 5 de Junho.

Na Madeira, que noutros tempos foi um dos seus territórios eleitorais mais promissores, desta vez o Bloco, com apenas 1,7%, ficou atrás não só do CDS e da CDU mas também do Partido Trabalhista, da Nova Democracia, do Movimento Partido da Terra e (pasme-se!) até do Partido dos Animais. Ficando sem qualquer representante, nos próximos anos, na Assembleia Legislativa Regional.

Dois fracassos eleitorais em quatro meses. É tempo de os militantes bloquistas questionarem seriamente e sem tabus a direcção do partido, que parece não saber o que quer nem para onde vai.

Madeira: um salto de Coelho

Pedro Correia, 09.10.11

José Manuel Coelho, sozinho, mostrou ao PS, ao BE e à CDU como se faz oposição pela esquerda a Alberto João Jardim na Madeira. Bem pode Jerónimo de Sousa insurgir-se -- como disse há pouco, sem o desassombro de mencionar expressamente o antigo candidato presidencial -- contra "candidaturas inconsequentes, e até provocatórias", que na opinião do secretário-geral comunista mereceram os favores da comunicação social. São palavras de mau perder. Coelho, com 6,9% dos votos, fez eleger três deputados no Parlamento madeirense para o quase virtual Partido Trabalhista Português. Enquanto a CDU baixava de dois para um o número dos seus eleitos e o Bloco era riscado do mapa político da região.

Aprendam com o Coelho, camaradas.

Madeira: a primeira derrota de Seguro

Pedro Correia, 09.10.11

 

António José Seguro cometeu um clamoroso erro estratégico: participou, com grande protagonismo mediático, na campanha eleitoral da Madeira. Fica, portanto, directamente ligado ao catastrófico resultado obtido pelo seu partido nas urnas: apenas 11,5%. O pior resultado de sempre do PS na região autónoma.

É a vida, como diria um conhecido político português - por acaso também filiado no Partido Socialista.

Que nos sirva de lição

João Gomes de Almeida, 04.10.11

A dívida da Madeira é fruto da estupidez de Alberto João Jardim e da sua sede de poder e protagonismo. É verdade. Mas acima de tudo, é fruto de uma geração de políticos com medo de tocarem na ferida. Que nos sirva de lição e que aprendamos de uma vez por todas a olhar de lado para os ditadores, por mais votos que eles valham.

Enquanto estes broncos se mantiverem no poder, teremos inevitavelmente que pagar todos.

Marques Mendes

Ricardo Vicente, 01.10.11

Enquanto assistimos enojados à telenovela Isaltino Morais à tarde e à telenovela Alberto João Jardim de manhã e enquanto pensamos que o primeiro mantém-se presidente de câmara municipal e o segundo mantém-se e prepara-se para ser reeleito presidente do governo regional da Madeira em nome do PSD, há uma figura desse mesmo partido que vem à mente: Marques Mendes.

 

Marques Mendes teve um acto de coragem histórica ao dissociar Isaltino Morais e Valentim Loureiro do PSD. Essa enorme coragem e sentido de decência poderia, porém, ter ido ainda um pouco mais longe. Mas acabou por não chegar à Madeira.

 

Parece que Passos Coelho não irá à dita ilha apoiar Alberto João Jardim. Não apoiar, não ir, não fazer: é pouco. Pouco por omissão.