Folclore
Está instalado o folclore. Os media nacionais já vivem em modo de campanha eleitoral. António José Seguro saiu do armário, conjugou o verbo negociar, visitou Hollande e puf!, fez-se um programa político e, de caminho, eleitoral.
O governo português não é patrótico porque vai às reuniões do conselho europeu e não rasga as vestes nem se atira ao chão a chorar. É inaceitável que o primeiro-ministro português, representante da nossa miséria colectiva, não se humilhe perante os pares dando voz ao nosso desespero.
Entretanto já esquecemos, em Portugal, o que nos conduziu a esta crise. Já esquecemos a década de estagnação económica aliada aos sucessivos défices que potenciaram uma dívida insustentável. O problema é, agora, a austeridade imposta pela Europa e o FMI. E, portanto, a solução para os nossos problemas é negociar. É impor na agenda europeia o diálogo sobre as medidas de austeridade e as saídas alternativas para a crise. Pressupõe-se, portanto, que António José Seguro participará nas eleições para o Bundestag em 2013. O PS, o grande partido da construção europeia como apregoava José Sócrates nas últimas eleições europeias, está absolutamente disponível para trazer a Europa ao debate interno. Assumir a austeridade como causa (e não consequência) da actual crise financeira e imputar a resolução desta crise à negociação com os parceiros europeus é convidar ao populismo anti-europa.