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Forte Apache

soltem as amarras

Rodrigo Saraiva, 06.03.12

Foi ontem anunciado um acordo entre o Ministério da Educação e seis organizações sindicais sobre o novo regulamento de recrutamento de docentes. Uma boa notícia num Ministério que muitos apontavam como um dos mais difíceis de implementar mudanças, executar reformas e conseguir acordos. Em tempos politica, social e economicamente complexos o Ministro Nuno Crato apresenta mais um bom resultado. Mas em tempos onde se deve evitar perder temporadas infindáveis em torno das mesas de reuniões lá surge a fenprof para nos recordar o conservadorismo de quem não larga as amarras da Soeiro Pereira Gomes.

Educação, entre fantasmas de direita e preconceitos de esquerda

José Adelino Maltez, 15.02.12

 

As regras do jogo do ensino, incluindo do superior, estão totalmente viciadas pelos frustrados da educacionologia, da avaliologia e do planeamentismo. Educativamente falando, somos todos bastardos da síntese de uma vérmica “newspeak” que o colectivo de educacionólogos, ditos de Veiga Simão, lançou no concentracionismo da Cinco de outubro, semeando o capitaleirismo da “révolution d’en haut” pela paisagem da província. Por isso, ficámos entalados entre o Professor Pardal, do positivismo do século XIX, e o Professor Manitu, da falsa metafísica do pós-guerra, tudo com traduções em calão!

 

O caldo de cultura positivista que nos enreda, de tanto ser anticatólico, até acabou por volver-se também em antimaçónico, isto é, continuou a secar o essencial das raízes do humanismo cristão e do humanismo laico, perdendo tempo em proibir a metafísica, Deus e os deuses, em nome da falsidade das revoluções, das utopias e do sucedâneo dos esquemas construtivistas dos pós-revolucionários frustrados...

 

Ora, o principal aliado do positivismo é sempre o egoísmo dos que perdem a humildade do mistério, julgando que atingiram o promontório dos séculos, na ideologia, na ciência ou no bem--estar...

 

Acabou de sair, pela editorial Estampa, com coordenação de João Carlos Alvim, o "Reinventar Portugal", "uma viagem aprazível pelos caminhos da reinvenção de Portugal. Várias personalidades foram convidadas a reflectir sobre Portugal como um mundo essencialmente dúplice, preso por um lado nas malhas de uma pretensa e férrea necessidade, votado por a reinventar-se a caminho do seu futuro". Sou um dos colaboradores, com "Educação, entre fantasmas de direita e preconceitos de esquerda" e nos três primeiros parágrafos deixo pedaços do texto.

Prémio "Fraude da Década" Atribuído ao Partido Socialista

Ricardo Vicente, 26.10.11

A propósito deste excelente post de Alexandre Homem Cristo, cuja leitura recomendo na íntegra e sem pressas, devagar para bem perceber...

 

Moral da história: o maior campeão das fraudes em toda a OCDE chama-se Partido Socialista, indo o prémio "Fraude da Década" para o Novas Oportunidades.

 

"Os governos Sócrates fizeram do sucesso escolar um dos seus triunfos. Como em todos os outros, a verdade não coincide com a propaganda. O número de alunos que termina o 9º e o 12º anos pela via tradicional é, geralmente, o mesmo. Ou seja, a melhoria do sucesso escolar não se fez nas escolas tradicionais, mas nos programas Novas Oportunidades e similares, transformando-se uma boa ideia numa via rápida para a certificação escolar. É o sucesso estatístico, em detrimento do sucesso real. Se isto não é facilitismo, não sei o que será" (de outro post do mesmo autor).

Livros Escolares: Estónia e Portugal

Ricardo Vicente, 19.10.11

A propósito deste post de Marta Elias...

Na Estónia, os livros são emprestados pela escola aos alunos, a custo zero, durante um ano. Desde a primeira classe até ao décimo segundo ano. Não gosto da ideia de que um aluno não possa apropriar-se dos seus livros de estudo. Para estudar bem, essa apropriação parece-me importante: poder escrever, sublinhar, marcar, anotar à margem, etc.. Penso também que a apropriação de um livro tem um efeito emocional que beneficia o estudo. De qualquer forma, a verdade é que a Estónia é sempre um dos países europeus mais bem qualificados nos estudos PISA da OCDE. Talvez que a apropriação dos livros não seja tão importante assim.

Já uma coisa que não me causa quaisquer dúvidas é o efeito no orçamento das famílias (e do Estado) daquela política: receber os livros emprestados (em vez de os comprar) e utilizar os mesmos livros por um número razoável de anos (em vez de comprar livros novos todos os anos) representa uma poupança para todos, sobretudo para as famílias. Mas, é claro, Portugal é um país rico, riquíssimo: pode dar-se ao luxo de mudar as formas e os conteúdos dos manuais todos os anos, pode dar-se ao luxo de reformas educativas ano sim, ano não e pode ainda dar-se ao luxo de exigir que as famílias comprem a cada ano dez livros novos ou mais por aluno.

1910 vs. 2011

Ricardo Vicente, 05.10.11

É importante tornar o regime mais neutro em termos ideológicos. Não me refiro a coisas como, por exemplo, o endeusamento do socialismo patente na Constituição da República Portuguesa. Esse endeusamento, ainda que tenha razão de ser atendendo ao contexto histórico da CRP, é hoje completamente ridículo e ultrapassado. Mas é também irrelevante: daquelas palavras inscritas na Constituição já não vem mal nenhum ao mundo, nem bem, nem nada.

 

Igualmente irrelevante é a questão da forma de Estado, república ou monarquia. Não se trata apenas de um debate já esgotado em que os argumentos são sempre os mesmos, tal como aponta João Gomes de Almeida neste post. É a própria essencialidade do assunto que já não é significativa.

 

O que é significativo para a vida das pessoas é a presença de "ideologias de Estado" em áreas, essas sim, verdadeiramente importantes. Por exemplo, a educação.

 

Gostaria pois que o Cinco de Outubro de Dois Mil e Onze não fosse mais uma perda de tempo em fantochadas pró-república ou pró-monarquia mas sim um dia para debater o seguinte: não seria bom tornar o ensino público mais neutro? E, para tal objectivo, não seria importante aumentar a liberdade efectiva das pessoas escolherem a escola dos filhos? Liberdade de ensinar e de aprender: aí está uma coisa verdadeiramente útil que pode ser debatida num dia que se quer relevante.

 

Seria pois desejável que o país se deixasse de irrelevâncias e pensasse em coisas sérias. Por exemplo, na liberdade educativa.