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Forte Apache

Estado de sítio

Rui C Pinto, 30.01.13

A política não está para fígados fracos e os últimos dias têm sido de antologia.

 

António Costa, possivelmente inspirado em Jorge Sampaio, lançou ultimato a António José Seguro. Devo confessar que tenho muita dificuldade em perceber como é que um líder partidário, que se pretende líder da oposição, se expõe a tal precariedade política. António José Seguro tinha como única solução viável precipitar eleições para enfrentar os opositores internos. António Costa não teve a coragem necessária para responder às exigências do momento e, de caminho, cometeu um erro básico que lhe poderá sair caro

 

Longe da capital e das urgências partidárias, o já celebre candidato à CM de Matosinhos, que o Fernando apresentou, já debate soluções para o país:

 

Como ninguém poderá adivinhar as ambições políticas de Parada e dada a fragilidade da liderança de António José Seguro, julgo que todos nos devemos preocupar... 

Quem tudo quer...

Filipe Miranda Ferreira, 29.01.13

 

Lembra-se da candidatura de Elisa Ferreira à Câmara Municipal do Porto? Aquilo que o PS esperava que fosse um nome forte para bater Rui Rio acabou por ser um flop, resultado de uma inultrapassável contradição. Os portuenses castigaram quem não se dedicou por inteiro à sua cidade, mandando Elisa Ferreira para Bruxelas.

Será possível que um político experimentado como António Costa duvida que os lisboetas lhe confiram o mesmo tratamento que o Porto deu a Elisa Ferreira?

Lisboa não gosta de ser a "muleta" de ninguém. Quem tudo quer, tudo perde.

a crónica dos entalados

Rodrigo Saraiva, 25.01.13

 

António José Seguro está entalado desde que assumiu a liderança do PS. Começou entalado entre a escolha de cumprir o memorando e a pressão das tropas ditas socráticas que desde inicio não lhe facilitaram a vida. Ao invés de fazer um caminho de ruptura com estes, decidiu a ruptura com o memorando. E Seguro chega ao final de Janeiro de 2013, lá está, entalado. Mas desta vez entalado entre notícias positivas para o Governo, que não fez rupturas com quem nos emprestou dinheiro, e as tais tropas (ditas) socráticas que na verdade nunca fizeram um período de nojo, passaram meses a afiar garras e facas e agora aí estão eles prontos para o ataque.

 

Mas analisemos bem o cenário actual e tentemos perceber se pelas bandas socialistas é só Seguro que está entalado. Vamos directos ao assunto, directos a quem se fala: António Costa.

O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa tem que decidir, se já não o fez, várias coisas rapidamente. E estão todas interligadas.

Será recandidato a Lisboa? Será candidato ao PS? Há quem pergunte se será candidato a Belém …

António Costa deixou condicionar-se pela sua ambição. Tem pouca margem de manobra para sair bem no cenário, pois é tanta a encenação. Se havia dúvidas que nunca se sentiu confortável no papel de autarca e apenas olhava para a autarquia lisboeta como um trampolim, mesmo que assuma recandidatura, fica claro que assim foi e é.

A somar à ambição está o facto de António Costa não conseguir esconder que não gosta de Seguro (e percebe-se que o sentimento é recíproco) e não lhe reconhece capacidades. Sente-se melhor que Seguro, sente que é ele o “escolhido”. E uma turba de saudosistas dá-lhe gás, que se confunde com nevoeiro, criando um ambiente de sebastianismo.

 

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Cama feita

Francisco Castelo Branco, 24.01.13

António Costa garante que vai ao congresso. A reunião magna não está marcada mas o actual Presidente da Câmara de Lisboa já disse que vai estar presente. Na qualidade de Presidente da maior Câmara do pais ou como futuro candidato a secretário-geral do PS? E o que pensa o actual secretário-geral do PS de uma eventual recandidatura de António Costa a Lisboa? Dará o seu apoio?

Seguro já não tem margem para fugir à realidade. Se conseguir vencer os adversários internos pode ser que ainda tenha uma esperança de vir a ser Primeiro-Ministro, no entanto eu duvido porque a cama há muito que está feita. 

Em política não há coincidências

Pedro Correia, 23.01.13

Os primeiros sinais positivos das finanças portuguesas desde o pedido de intervenção externa (regresso aos mercados após 30 meses, com juros abaixo dos 5%, garantindo as necessidades de financiamento de Portugal para este ano; execução orçamental abaixo do limite do défice para 2012 previsto no memorando de entendimento; seis avaliações positivas ao cumprimento das metas de consolidação orçamental impostas pelos nossos credores do FMI, do BCE e da Comissão Europeia; primeira balança comercial positiva desde 1943) estão a acelerar algumas pulsações nas fileiras do Partido Socialista. A economia é o melhor barómetro para entendermos certas movimentações políticas.

António José Seguro bem tentou reclamar para si os louros da dilatação dos prazos previstos para o pagamento da nossa dívida, mas não consegue convencer ilustres socialistas, que lhe vão apertando o cerco, conscientes que a recuperação da economia portuguesa daqui a um ano já será realidade, de acordo com as previsões do Banco de Portugal: aguardar pacientemente um longo processo de desgaste dos rivais internos deixou de ser a palavra de ordem.

Os sinais são evidentes. Pedro Silva Pereira, ex-ministro da Presidência, afirma em entrevista à Rádio Renascença que a principal força política da oposição ainda não se apresenta como uma "alternativa credível" ao Governo PSD-CDS, enquanto reclama a antecipação do congresso do partido - cenário já rejeitado pelo dirigente socialista José Junqueiro. Outro deputado do PS, José Lello, defende também um congresso "o mais breve possível", pressionando Seguro. O ex-ministro da Defesa e dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, no seu habitual espaço de comentário na TVI 24, diz sem papas na língua que a recente trapalhada no PS em torno da ADSE resultou de "um erro de liderança".

E - superando em acutilância os seus camaradas de partido - António Costa aproveitou também a sua tribuna de comentário televisivo semanal, na SIC Notícias, para acusar Seguro de partir para as próximas batalhas políticas "diminuído, sem autenticidade, sem convicção, sem capacidade de confrontação, sem capacidade de formulação de uma alternativa sustentada". Isto enquanto tarda em confirmar a sua recandidatura à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa.

Terminou o tempo de esperar para ver: estas vozes não se levantam agora por acaso. Em política, nunca há coincidências.

Também aqui

Importa-se de repetir? (XXIV)

Sérgio Azevedo, 23.01.13

No regresso de Portugal aos mercados, oito meses antes do previsto, o PS vira-se para dentro. Pedro Silva Pereira, neste mesmo dia que assinala um novo começo embora não constituindo a libertação absoluta da dependência económico-financeira nem do difícil caminho de austeridade, entende "que o PS precisa de fazer mais para se apresentar como uma alternativa credível" defendendo que o congresso do PS, para a eleição do secretário-geral, deve realizar-se "o mais rápido possível".

 

Pedro Silva Pereira entendeu bem o significado da importância de Portugal em regressar mais cedo que o previsto aos mercados. Assim como também entendeu bem que o PS perdeu em toda a linha. Porque nunca defendeu estes pressupostos e porque nunca, o PS, soube estar ao lado do governo em todos estes momentos para que, com legitimidade, reclamasse vitória.

 

O PS tem sido isto. António José Seguro ainda não percebeu. Pedro Silva Pereira e os portugueses em geral já!

Relações PSD-Açores/PSD - Caminhos autónomos numa relação difícil

Carlos Faria, 13.01.13

Acabou há momentos o XX congresso do PSD-Açores, na sequência do qual foi eleito pela primeira vez em eleições regionais e ratificado em congresso, o projeto de um líder do partido sem ser das duas principais ilhas do Arquipélago: Duarte Freitas, natural e residente na ilha do Pico.

Duarte Freitas entra com uma vontade de uma renovação profunda e de tal modo que nenhum elemento eleito na nova Comissão Politica Regional é repetente. Aprovou uma moção global estratégica "Reestruturar, Reformar e Renovar" e promoveu a uma alteração dos estatutos que não só diminui o peso das inerências como reduz o número de elementos nos órgãos do PSD-Açores. Embora assuma não cortar com os históricos.

No discurso final do congresso foi evidente que as relações partidárias regional e nacional não vão ser fáceis. Sendo o PSD-Açores uma estrutura autónoma e, como tal, com uma estratégia própria, as diferenças não são de estranhar. Contudo, sendo os Açores uma região pequena e arquipelágica o papel interventivo do governo sempre foi muito significativo na economia regional, o que tornou desde o início o PSD-Açores muito menos liberal do que no Continente e estando há mais de 16 anos seguidos na oposição, área onde em Portugal se tende a ser muito mais à esquerda do que no poder, é normal que nos Açores as simpatias na família laranja sejam mais próximas da social-democracia pensada em 1974 do que na atual estrutura liderada por Passos Coelho.

No encerramento as diferenças ideológicas nos discursos de Duarte Freitas e do líder nacional ficaram bem patentes. Mais: embora o líder regional tenha deixado claro que muito pelo que estamos a passar resulte dos erros socialistas em Lisboa e no Arquipélago e de ter assumido a necessidade de se respeitar o compromisso com a troika, assinado no governo de Sócrates, também não deixou de salientar que apesar do memorando entre o Governo dos Açores e o da República reforçar compromisso internacional de redução do diferencial de impostos de 30 para 20% entre a Região e o Continente, ele, líder do PSD-Açores, discorda.

Passos Coelho, tentou rebater alguns mitos sobre as vias alternativas e os insucessos da sua política e deixou claro que não se deixa demover na sua estratégia, apesar das vontades insulares. A nova Lei de Finanças Regionais será o primeiro combate com Duarte Freitas, ficando por definir qual a margem entre a solidariedade interna do PSD-Açores com a estrutura nacional e a autonomia das decisões para defender os interesses regionais, sabendo-se ainda que o PS-Açores, por dificuldades financeiras, assinou de cruz e sem discutir na Região a aceitação das imposições de Lisboa, mas inunda a comunicação social com discursos contrários ao acordado e culpa sempre o Continente de todos os seus erros e compromissos impopulares.