Confesso que sempre nutri uma simpatia por movimentos de cidadania, cívicos e afins sobre a intervenção dos cidadãos na política. Sempre olhei para estes como uma forma das pessoas se organizarem para aprofundarem a democracia, melhorarem os modelos políticos e incentivarem a participação dos cidadãos na vida ativa do País.
Tal como sempre reconheci que a limitação de mandatos em democracia é um sinal de fraqueza no sistema democrático, é um instrumento que procura substituir-se ao voto popular (o fundamento da democracia), um reconhecimento de que o modelo político coletivo tem fragilidades perante determinados vícios individuais. Aceito a existência desta restrição, mas o objetivo seria caminhar para uma estrutura que não necessitasse desta condicionante legal
Aos movimentos cívicos e de cidadania o princípio seria reduzir os instrumentos de fraqueza, pelo caminho do aumento da transparência e da participação dos cidadãos.
Infelizmente, em autárquicas anteriores assisti a movimentos de cidadãos que mais não foram que ferramentas para permitir a candidatura de políticos a braços com problemas na justiça, não por problemas burocráticos da legislação, mas sim de desempenho de atividades eticamente reprováveis e por isso expurgados dos seus partidos.
A caminho das próximas autárquicas o que vejo são movimentos cívicos de cidadãos que em vez de contribuírem para melhorar os defeitos da democracia, se servem de ferramentas de redução dos direitos cívicos para não permitirem o voto das pessoas, impedindo políticos sem problemas com a justiça de participarem em atos eleitorais como cidadãos.
Nunca pensei que um dia poderia questionar-me se os partidos democráticos não são um maior garante da democracia do que os movimento cívicos de cidadãos... mas esse dia chegou.