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Forte Apache

O peso das minorias

João Espinho, 22.03.12

Hoje é um dia particularmente feliz para as minorias.  Com os seus 8% (expressão eleitoral do PCP/CGTP) impõem ao país os devaneios e as consequências daquilo a que chamam justa luta. Pouco interessados em tirar o País do buraco, tudo farão para que o desemprego aumente pois só assim  sobreviverão para apregoar a cartilha  da luta de classes e de outras coisas que, felizmente, não criram muitas raízes nas sociedades livres e democráticas.
À noite estaremos atentos à divulgação dos números e do peso das minorias. E do pesadelo para uma larga maioria  de portugueses.

(também aqui )

O motivo para o falhanço da Greve Geral

Fernando Moreira de Sá, 22.03.12

Independentemente de cores partidárias, de se ser pró ou contra o governo, é um facto que esta greve geral está a ser um valente fiasco.

O motivo não é, a meu ver, a satisfação ou insatisfação dos trabalhadores com esta ou aquela política governamental. A questão é outra. A esmagadora maioria dos trabalhadores percebeu a verdadeira motivação desta greve: a luta do actual Secretário Geral da CGTP-IN em mostrar serviço. O problema é a sombra que Carvalho da Silva lhe faz. Amanhã, após a ressaca, haverá um silêncio ensurdecedor nas hostes desta central sindical e gigantescos suspiros de saudade. 

Última hora

jfd, 22.03.12

Grevistas decidem não abdicar de um dia de trabalho!

 

O secretário-geral da CGTP reconheceu dificuldades na mobilização de trabalhadores para a greve geral desta quinta-feira, uma vez que nem todos podem abdicar de um dia de trabalho ...

 

CGTP pondera voltar às greves às sextas-feiras mobilizando excursões para piqueniques no Parque Eduardo VII e passeios à residência oficial do Primeiro-Ministro. Está neste momento no mercado procurando novo patrocinador tendo fechado conta com o Partido Comunista Português.

é que até pode fazer sentido

Rodrigo Saraiva, 31.01.12

o último congresso da CGTP decorreu no centro de congressos de Lisboa, mais conhecido como "antiga FIL", propriedade da AIP. AIP que é parte integrante da CIP. CIP que na semântica "sindicalista comunista" é o braço armado do patronato. Patronato que é a face, sempre na semântica "sindicalista comunista", do grande capital.

 

Ora, houve uma permuta ou a CGTP deu dinheiro ao grande capital?

O homem duplicado

Pedro Correia, 30.01.12

 

Há oito anos, escrevi no Diário de Notícias que Arménio Carlos seria o sucessor de Manuel Carvalho da Silva na CGTP. Lembro-me de que na altura não foi fácil encontrar fotografia do obscuro coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa, então totalmente desconhecido da opinião pública. Sabia-se, isso sim, que a cúpula comunista estava irritada com as contínuas fugas à ortodoxia de Carvalho da Silva e pretendia substituí-lo por um homem aparentemente mais duro mas afinal muito mais dócil no cumprimento das directivas partidárias. Por um motivo fácil de explicar: a CGTP é o mais poderoso instrumento de acção estratégica do Partido Comunista, que após ter perdido os seus bastiões operários e autárquicos recuou com a tenacidade de sempre -- um passo atrás, dois passos à frente, recomendava Lenine -- para o seu derradeiro reduto, o do sindicalismo nas áreas da administração pública e das empresas públicas, designadamente na área dos transportes. Quanto mais Estado, tanto mais a CGTP se robustece. E quem diz CGTP diz PCP. Não faz qualquer sentido a actual correlação de forças -- firmada durante os anos do "processo revolucionário" -- na cúpula da central sindical onde os comunistas estão em larga maioria, remetendo independentes, socialistas, católicos e bloquistas para posições minoritárias. Algo sem paralelo na sociedade portuguesa.

Essa foi talvez a cacha mais fácil da minha carreira jornalística, à semelhança de outra -- que escrevi com meses de antecedência -- em que garantia, também no DN, que Jerónimo de Sousa seria o sucessor de Carlos Carvalhas como secretário-geral dos comunistas. Porque não há nada mais previsível do que o ritmo "lento" e "vertical" -- sem qualquer traço revolucionário -- em que ocorre o processo de tomada de decisão no PCP. E se a ascensão de Arménio Carlos acabou por ficar quase uma década no congelador isso deveu-se apenas à fortíssima popularidade de Carvalho da Silva na sociedade portuguesa, alcançada não por causa da sua ligação enquanto militante de base aos comunistas mas apesar dela.

 

Virada a página, reforça-se a ligação orgânica da central ao partido com a promoção a dirigente máximo de um membro (desde 1988) do Comité Central do PCP, vinculado às rígidas normas de disciplina interna impostas pelo "centralismo democrático". Esta subordinação -- que Carvalho da Silva nunca aceitou na integridade -- torna agora mais nítido o controlo comunista da CGTP, onde o direito de tendência é rigorosamente interdito e as "minorias" (largamente maioritárias na sociedade) servem apenas para conferir um vago verniz pluralista a uma organização que o PCP passa a tutelar de forma ainda mais inflexível.

Era isto que eu gostaria de ter visto dissecado e debatido nos dias que precederam a entronização de Arménio Carlos, o homem que se prepara para duplicar sem deslizes o discurso sindical de Jerónimo de Sousa em todos os telejornais, tal como o PEV duplica a retórica comunista na frente parlamentar. Mas isso seria talvez exigir demasiado de um certo jornalismo e de uma certa "opinião" que se esgotam na poeira do instantâneo sem repararem no essencial.

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