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Forte Apache

"Freeride" e "downhill" em grande estilo num pequeno filme "made in" Portugal

Alexandre Guerra, 02.08.13
"Freeride" e "downhill" num vídeo totalmente "made in" Portugal", o primeiro do género filmado por Federico Ramalho.
 

A televisão por cabo e a Internet, enquanto plataformas de comunicação de massas ou de nichos, estão cada vez melhores e com mais qualidade. No fundo, está a verificar-se uma adaptação aos novos paradigmas do mercado, em que se começam a delinear estratégias de comunicação e de marketing com o objectivo de direccionar determinados “produtos” para determinados públicos.

Esta segmentação de “produto” e de público é a principal virtude da “cabo” e dos vários canais na Internet. Aquilo que cada um quer ver é aquilo que cada um vê. É verdade que há plataformas com mais e menos qualidade, mas é inegável que a oferta é variada e contínua.

Para quem é entusiasta de desportos “extreme”, como é o caso do autor destas linhas, tem hoje à sua disposição uma variedade de canais e plataformas on line internacionais, nas quais encontrará todo o tipo de vídeos e filmes profissionais, abordando modalidades como BTT (cross country, enduro, downhill), BMX, surf, skate, snowboard, entre muitas outras. É todo um mundo que faz as delícias de quem gosta de praticar e ver modalidades que vão para além dos desportos “mainstream”.  

Infelizmente, neste campo, a produção nacional ainda é escassa, quando comparada com aquilo que se faz nos Estados Unidos e nalguns países europeus. É assim de salutar a estreia de Frederico Ramalho, um “rider” de “freeride” e de “downhill”, nas lides da realização de filmes dedicados àquelas modalidades “extreme”. Trata-se de um pequeno vídeo, filmado quase todo na Serra de Sintra, que tem como protagonista um outro “rider”, Francisco Rocha, e que já apresenta uma qualidade muito interessante.

Frederico Ramalho, estudante de marketing e publicidade no IADE, desde há algum tempo que se tem dedicado ao aprofundamento da técnica de filmagem e realização, concretizando agora esse processo, dando o primeiro passo numa área que tem margem para crescer em Portugal, até porque começam a surgir algumas plataformas nacionais a necessitarem de conteúdos mais “extreme”.

 

Texto publicado originalmente no PiaR.

José Sócrates na RTP

jfd, 21.03.13

Corre uma petição contra a presença de José Sócrates na RTP.

Um autêntico disparate no meu entendimento.

O senhor que venha comunicar. Tem esse direito. E assim como pedi respeito ao ex-PM Santana Lopes, também o faço para o ex-PM Sócrates.

Agora, que não se misture respeito com direito à crítica e ataque político.

É muito interessante assistir aos editoriais, opiniões e pseudo-opiniões. O twitter então está um festim.

 

 

Será que Seguro vai interromper a primeira entrevista a José Sócrates?

 

E o BPI, aguenta?

Fernando Moreira de Sá, 03.02.13

 

 

O presidente do BPI, Fernando Ulrich até pode estar a ser mal interpretado. Pode.

 

O presidente do BPI não pode, pelo cargo de enorme responsabilidade que ocupa, dar-se ao luxo de comunicar mal. Pior, não aprendeu com o primeiro erro de comunicação e teima em repetir. Eu posso fazer um esforço e procurar compreender o que Ulrich pretendeu dizer. Até posso. O que não posso é deixar de censurar estes constantes erros de comunicação do presidente do BPI. O problema de Ulrich é ainda não ter compreendido que cada vez que abre a boca, é o banco a que preside que fica na fotografia.

 

O Banco BPI deve ter, de certeza, contrato com uma empresa de comunicação. Como estou no ramo e sei como estas coisas são, acredito que a empresa seja alheia a estes disparates. O mais certo é terem aconselhado o presidente do BPI a evitar este tipo de situações. As empresas de comunicação não servem apenas para enviar "notas informativas" e convocar/avisar os OCS para estas conferências de imprensa. O problema é outro. A maioria das pessoas está convencida que sabe comunicar, que sabe lidar com os jornalistas e, pior, que sabe expressar correctamente as suas opiniões e ideias. Não sabe. É para isso, entre outras coisas, que servem as empresas de comunicação. Não dar uso aos serviços que se contrata é deitar dinheiro fora.

 

No dia em que o BPI apresentou excelentes resultados, o seu presidente resolveu explicar o tiro anteriormente dado. Foi pior a emenda. Por manifesta falta, quero crer, de capacidade para o domínio da língua portuguesa e da comunicação. Certamente, o presidente do BPI é entendido em gestão bancária. Em comunicação, como mais uma vez se viu, é um desastre. É caso para perguntar: não existe um porta-voz mais adequado no banco?

 

Não falta muito e quem não aguenta é a imagem institucional do BPI.

Alargamento de prazos para pagamento à troika: dúvidas

Carlos Faria, 22.01.13

Habituei-me a que este Governo quando dá uma notícia, fá-lo por norma com escassas informações de enquadramento que logo permitem alimentar todo o género de especulações contra a estratégia do Executivo. O Governo sempre disse que mais tempo representava mais dinheiro.

Assim, com a justificação de que Portugal sempre tem cumprido com os seus compromissos (isto inclui aguentar no tempo de Passos com as imposições do memorando assinado no tempo de Sócrates) será viável que este alargamento do prazo pedido por Vítor Gaspar para reembolso do dinheiro da troika seja sem mais juros?

Se implicar mais juros, Vítor Gaspar mantém o pedido ou este fica sem efeito?

É que num cenário de aumentar os prazos sem mais juros face ao que os Portugueses já passaram, é um argumento de que os sacrifícios têm valido a pena, pois aumentaram a nossa credibilidade e dão-nos agora a capacidade de negociar a nosso favor, se não for assim, é uma mera aproximação encapuçada ao discurso de Seguro e uma derrota parcial da estratégia do Governo.

Já agora, nesta oportunidade de pedido cabal esclarecimento, embora eu perceba a ideia de cortar definitivamente 4 mil milhões de euros de forma permanente nas despesas do Estado, aproveito para dizer que seria igualmente correto, em termos de estratégia comunicacional política, que o Governo deixasse bem claro de onde vem este montante e explicasse aos Portugueses as razões de tal redução, em vez de deixar campo aberto aos seus opositores para minarem a implementação deste objetivo.

Não lembra a ninguém...

Fernando Moreira de Sá, 28.06.12

 

Por vezes somos levados a pensar que Portugal é um país de terceiro mundo. Que só aqui acontecem coisas inacreditáveis. É preciso estar com terceiros, com não portugueses e a nossa alma fica um pouco mais...alegre.

 

Um velho amigo de outras paragens esteve, por estes dias, de visita a Portugal. Entre algumas valentes patuscadas e a folia própria do S. João, contou-me uma história de bradar aos céus que lhe aconteceu no seu país.

 

Este meu amigo trabalha como Consultor de Comunicação. Nos finais da década de noventa, depois de muitos anos a virar frangos, criou uma empresa. Recentemente, um cliente seu, no final de uma palestra onde foi orador um importante administrador (ou director, não percebi bem) da televisão pública do seu país, virou-se para quem o convidou, o tal cliente do meu amigo, tecendo críticas ao facto da escolha de media partner ter recaído num concorrente privado de TV. Não satisfeito, atirou-lhe:

 

“Eu bem lhe disse para escolher outra empresa de consultoria, a que escolheu é uma merda. Devia ter escolhido a que lhe indiquei e sempre garantia um forte apoio da minha televisão”.

 

O inacreditável é que a tal empresa de comunicação a que se referia esse administrador (ou director) era...da mulher (ou amante, ainda ninguém percebeu bem).

 

O meu bom amigo estava “passado”. Fiquei sem palavras.

 

No final só tive tempo para lhe explicar que, em Portugal, era impossível um administrador/director da RTP fazer coisa semelhante. Impossível, repeti. Onde já se viu semelhante? Imaginem um Administrador/Director da RTP criticar a um organizador de um determinado evento por ele escolher a SIC em detrimento da RTP e logo a seguir aproveitar para tentar vender os serviços de consultoria da sua mulher (ou amante) garantindo, pelo caminho, os seus bons ofícios no canal que administra/dirige. Nem consigo imaginar.

 

Realmente, não lembra a ninguém, pois não? 

"What we've got here is (a) failure to communicate"

Alexandre Guerra, 18.05.12

Embora cansado e já sem a gravata que tinha levado para o Conselho de Ministros, foi num registo informal e de boa disposição que Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia, recebeu alguns bloguers para um jantar num restaurante em Lisboa, ontem à noite, depois de um dia que o próprio considerou de “histórico”, por causa das medidas aprovadas que visam cortes de 1.800 milhões de euros até 2020 nas rendas excessivas pagas às produtoras de electricidade.

Mais uma medida que Álvaro Santos Pereira considera inédita e que nenhum outro Governo tinha ousado até agora adoptar. Aliás, foi interessante ver o ministro liberto das amarras protocolares que a sua função o obriga, para assumir um registo mais desafiante face à Endesa, empresa que ontem reagiu criticamente às medidas anunciadas pelo Governo.

Álvaro Santos Pereira acredita que as medidas anunciadas ontem representam um abanão no “status quo” que estava instalado, sobretudo entre o Estado e as eléctricas, nomeadamente a EDP.

António Costa, no Diário Económico desta Sexta-feira, parece partilhar, de algum modo, essa ideia: “Tudo somado, o Governo fez o que nenhum outro tinha feito. Cortar 1.800 milhões de euros de apoios às produtoras eléctricas até 2020 corresponde a poupar às famílias e às empresas o pagamento de 1.800 milhões de euros na factura de electricidade.” 

O problema é que apesar dos bons propósitos de Álvaro Santos Pereira e da sua eventual vontade de enfrentar interesses instalados, o ministro da Economia reconhece que não está a conseguir chegar às pessoas. A mensagem simplesmente não passa. E não passa porquê? Perguntou Álvaro Santos Pereira aos bloguers.

A verdade é que as razões são várias, mas, acima de tudo, o ministro da Economia terá que perceber que se, por um lado, os portugueses têm uma grande capacidade de resiliência para encaixar as mais duras medidas e encontrar formas de responder à “crise”, por outro lado, as pessoas precisam de se sentir confortadas pelos seus líderes e ouvir da sua boca palavras inspiradoras.

Quando se trata de chegar à mente e ao coração das pessoas, por vezes, é preferível dar menos enfoque nas “medidas” e nos “indicadores” e ser-se mais emotivo, de modo e envolver a comunidade.

Até porque nalguns casos, mais do que as medidas impostas, os portugueses ficam é revoltados com o silêncio absoluto do Governo perante situações que enfrentam no seu quotidiano, tais como as greves e as chantagens infindáveis das empresas do subsector dos transportes, quase todas falidas, que prejudicam milhares de pessoas. Este é apenas um exemplo entre muitos.

Os portugueses esperam que os seus políticos dêem um “murro na mesa” e partilhem com eles a sua indignação perante situações objectivamente condenáveis e injustas. Mas nada disso acontece.

Pelo contrário, a maioria dos membros do Governo, independentemente das medidas tomadas, limita-se a palavras de circunstância, refugiando-se no enquadramento legal e jurídico, não fazendo qualquer ruptura com o discurso tradicional (neste campo, muito há a aprender com a forma de se fazer política nos Estados Unidos e em Inglaterra).

Perante isto, as pessoas sentem-se revoltadas e desinteressam-se de tudo o resto, das "medidas anunciadas", por mais meritórias que sejam. É por isso importante que o ministro Álvaro Santos Pereira compreenda que uma coisa é demonstrar a sua vontade reformadora num jantar com alguns bloguers, outra coisa é exteriorizar essa sua determinação e emoção para os milhões de portugueses. 

 

Texto publicado originalmente no PiaR.

Crioestaminal: Persistir no erro

Fernando Moreira de Sá, 16.05.12

 

 

A Crioestaminal foi a empresa pioneira em Portugal no processamento e criopreservação de células estaminais. Quando a minha mulher engravidou, mesmo com enormes dúvidas sobre o real benefício futuro, decidimos optar pelo serviço. Foi mais por descargo de consciência, confesso.

 

Quando penso na Crioestaminal recordo alguns seguros que faço: servem de alívio e sempre na esperança de nunca os ter de usar. Ao longo destes anos fui espectador atento da evolução da criopreservação de células estaminais do sangue e tecido do cordão umbilical e reconheço a importância da investigação e todo o potencial no combate futuro a determinadas doenças. Entretanto, o núcleo fundador da Crioestaminal decidiu vender a empresa a investidores espanhóis. Quando soube, fiquei duplamente satisfeito: os empreendedores nacionais que arriscaram neste negócio foram vencedores e a internacionalização da empresa portuguesa era, pensava eu, um bom sinal para o futuro da mesma.

 

Porém, hoje fui abordado por um amigo da comunicação social sobre a campanha publicitária da Crioestaminal. Confessei a minha ignorância sobre a mesma e fui ver de que falava ele.

 

“O futuro guarda muitos milagres”, uma campanha, segundo a Meios e Publicidade, criada pela 2034 e que teve João Wengorovius e Pedro Bidarra como consultores.

 

A reacção nas redes sociais foi e está a ser implacável. Muitos clientes e outros tantos não clientes criticam fortemente a mesma. As justificações da empresa e dos “criadores” da campanha demonstram algo estranho: não perceberam.

 

Não perceberam que comunicar em “Saúde” não é o mesmo que comunicar (ou criar um campanha de) uma qualquer cervejeira e a selecção nacional de futebol. Não perceberam que a Crioestaminal não vende, pelo menos com os antigos proprietários não vendia, detergentes ou automóveis. A actual Crioestaminal e os seus responsáveis de comunicação e marketing ainda não perceberam que cometeram um erro de palmatória e como errar é humano, a lógica seria retirar as devidas ilações e seguir caminho. Acontece.

 

Contudo, para meu espanto, a Crioestaminal e os seus responsáveis, preferem teimar no equívoco e, de forma absolutamente estranha – no facebook, face aos inúmeros comentários críticos, entre os raros comentários favoráveis surgem personagens de duvidosa existência real, que coisinha amadora, senhores – respondem com a continuidade da campanha. Realmente não perceberam.

 

O que a Crioestaminal e os seus responsáveis de comunicação não perceberam é que não podem vender o seu produto, sobretudo em algo tão sensível como a saúde, atirando à cara de quem o não adquiriu um falso labéu moralista.

 

 

Reparem no texto publicitário reduzido:

 

Há uma hipótese em 200 de um dia ser diagnosticado ao seu filho uma doença cujo tratamento pode encontrar-se nas suas células estaminais (...) uma doença como a Leucemia (...), nesse dia está preparado para responder a esta pergunta: Mãe, Pai, guardaram as minhas células? Crioestaminal, o futuro guarda muitos milagres”.

 

Realmente, o futuro guarda muitos milagres e um deles é a forma como, através desta campanha, todos os agentes privados na área da saúde podem aprender a como não fazer uma campanha publicitária e terem bom exemplo prático de uma péssima estratégia de comunicação.

 

O problema de fundo não está tanto na mensagem da campanha. Seria minimamente adequada, com algumas nuances, se fosse lançada por uma associação/instituição não privada e sem publicidade a um produto de uma marca específica. Seria lógica se todas as empresas que actuam neste campo o tivessem feito em conjunto e nesse caso, seria uma campanha de sensibilização. Desta maneira é, isso sim, uma campanha insensível e que aparenta desespero como se a Crioestaminal estivesse financeiramente tão mal, o que não acredito, que se desse ao luxo de enveredar pelos caminhos do “vale tudo” para vender.

 

Que esta campanha verdadeiramente desastrosa possa servir de exemplo a quem, sobretudo no sector privado, investiu na saúde e possa, de uma vez por todas, perceber que comunicar em saúde só pode ser realizado com elevado profissionalismo e enorme sentido das responsabilidades.

 

A campanha da Crioestaminal é vergonhosa e perturbadora. Será que não percebem algo tão simples: até boa parte dos seus clientes, por pudor e respeito por todos aqueles que não podem, financeiramente, adquirir este serviço evitam falar sobre a compra do mesmo em público, excepto se questionados sobre o mesmo. Eu, estou a fazê-lo pela primeira vez e por um motivo simples: a revolta que senti ao ver semelhante falta de bom senso.