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Forte Apache

Dois sucessos não asseguram a vitória final da batalha de Portugal

Carlos Faria, 24.01.13

Esta semana o Governo de Passos Coelho teve duas boas notícias: a venda de dívida nos mercados a juros baixos (ou pelo menos bem inferiores à última antes da troika ainda no tempo de Sócrates) e o défice público de caixa inferior aos 5% acordados com a troika (muito inferior aos mais de 10% herdados do tempo de Sócrates e que nos aceleraram para a bancarrota).

Gosto de receber boas notícias e depois de uma série de más, sobretudo, de um conjunto de previsões pessimistas, marteladas pelos opositores até à exaustão e replicadas com toda a força pelos OCS, sabe bem respirar um pouco casos de sucesso.

Todavia nada de euforias!

Nunca escondi que sou mais defensor de reformas nas despesas do Estado do que pela austeridade, mas nunca exclui a necessidade desta última. Na minha opinião, o Governo não só se atrasou demasiado nas primeiras, como exagerou na segunda. Apesar de tudo, reformar o Estado vai merecer a mesma intensa oposição que mereceu a austeridade, vinda de interesses instalados, das sanguessugas do setor público, dos oportunistas políticos e das esquerdas mais radicais. Hoje viu-se como procuram, sem qualquer benefício para Portugal, retirar méritos ao Executivo, desvalorizar e desacreditar os sucessos desta semana, como se não precisássemos destes para conforto psicológico e, sobretudo, para criar um clima e perspetivas económicas favoráveis ao investimento. Eles que se diziam pelo crescimento, tudo têm feito para ver se desmoralizam a sociedade e, consequentemente, o investidor

O Governo agora tem dois casos de sucesso para argumentar que não está tão errado na sua estratégia quanto muitos diziam, espero que os saiba utilizar a favor do País, mas ainda acontecerão coisas menos boas, veremos mais previsões pessimistas e ainda há um risco de uma entidade a não aceitar determinados valores do défice por critérios estatísticos que não são saldos de caixa e o risco de falhanço não desapareceu.

Acendeu-se uma luz no fundo do túnel, mas ainda muitos vão tentar abater o teto deste para que não haja sucesso para Portugal, pois há, uns por ideologia e outros por interesses pessoais, quem queira mesmo que Portugal não se reforme neste sentido ou faça força para que tudo fique na mesma e o País não ultrapasse os problemas que está a atravessar.

O brinde

José Meireles Graça, 23.01.13

Hoje foi um bom dia: o regresso aos mercados tem sido denunciado, desacreditado, desmontado com mais ou menos eficiência e convicção por toda a esquerda, sem uma única voz dissonante. É portanto uma coisa boa, e digo-o sem ironia.

 

Lendo os especialistas fica-se com uma grande dor de cabeça por causa dos prazos, dos spreads, dos yelds, do mercado primário, do secundário, das taxas, da tomada firme, dos hedge funds e dos outros funds que não são hedge. Não interessa: o céu de chumbo teve uma aberta e passou por ela um raio de Sol. E como a economia também vive de expectativas e de confiança, chapeau Gaspar! - bem jogado.

 

Claro que uma taxa de juro superior à da troika, cujo empréstimo tem um prazo de 11 ou 12 anos, e às taxas a que se financiam economias que não estão em recessão, só parece aliciante pelo contraste com o passado recente e o sinal de inversão de tendência; e que nada faz sentido sem o regresso do crescimento e a diminuição da dívida pública, sobre a qual as novidades são descoroçoantes. Mas, num dia de festa, abrir a boca faz sobretudo sentido para por ela despejar o champanhe.

 

E mais ainda quando esta não foi a única boa notícia do dia: o anúncio de Cameron, se não derrama pelos corações dos Portugueses que ligam a estas coisas nenhuma particular alegria, e pelo contrário é fonte de alguma consternação, é para este Português motivo reforçado para, hoje, não poder conduzir: pode ser o princípio do fim do pesadelo concentracionário que pacientemente vem sendo construído desde Maastricht e o Euro. E que isto não é apenas uma possibilidade teórica é confirmado pela reacção desta personagem ilustre.

 

Sai mais uma taça.

O mundo está do avesso

Judite França, 22.05.12

O líder do Syriza, Alexis Tsipras, veio avisar que não negoceia com o inferno, mas o inferno já mandou dizer que negoceia com qualquer partido eleito na Grécia. Mesmo que seja contra o programa de assistência.

 

Ou seja, o devedor falido recusa-se a negociar com o «inferno». O credor, o tipo que emprestou o guito e que tem os salários dos funcionários públicos gregos nas mãos [desde polícias a enfermeiros], está disposto a sentar-se às mesas das negociações, mesmo se o governo eleito quiser rasgar de alto a baixo o contrato assinado.

Parece que alguma coisa está do avesso. Deve ser o mundo.