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Forte Apache

Segundo mandato de Obama: mais incógnitas que surpresas

Filipe Miranda Ferreira, 20.01.13

A recente reeleição de Barack Obama como Presidente dos EUA, por valores inesperadamente elevados, veio caucionar o rumo empreendido pelos democratas na administração Obama 1. Neste primeiro mandato não pode deixar de se destacar a aprovação de legislação sobre cuidados de saúde, a famosa «Obamacare». A aprovação desta legislação foi um grande ponto de fricção com os republicanos e fez com que os democratas fossem copiosamente derrotados nas midterms de 2010.

Com a vitória de Novembro de 2012, Obama está neste momento com níveis muito bons de aceitação pública, embora ainda muitas dúvidas subsistam acerca do seu desempenho nas questões económicas. As notícias mais recentes mostram que o seu executivo vai ser profundamente remodelado. Irão sair personalidades tão marcantes como Hillary Clinton, Leon Panetta, Timothy Geithner e Ken Salazar, sendo substituídos por personalidades mais próximos do inner circle do Obama, como Jack Lew e mesmo John Kerry.

Obama claramente aprendeu a lição do primeiro mandato e está a formar uma equipa com menos star power mas mais coesa e acima de tudo mais preparada politicamente para aguentar os expectáveis ataques de um partido republicano que ainda está em estado de choque com os resultados eleitorais.

Embora mediaticamente a questão mais premente seja a da limitação de venda de armas, exacerbada pelo recente massacre numa escola de Newtown, a verdadeira interrogação estratégica para este segundo mandato será a resolução das questões relacionadas com o já famoso fiscal cliff. O acordo firmado à última hora apenas adiou o assunto para Março e prevê-se mais uns meses de duras negociações e de violentos ataques políticos. Esta questão é particularmente pertinente porque, para lá dos efeitos na economia americana, as repercussões mundiais podem ser gigantescas.

Internacionalmente, esta segunda administração Obama vai ser a da viragem definitiva para o Pacífico, sendo a Europa relegada de facto a uma condição de parceiro secundário. O hiato de uma década em que o centro das atenções americanas esteve no médio oriente vai ser encerrado com a saída do grosso das forças americanas do Afeganistão, podendo assim existir uma concentração de recursos no Pacífico, contendo assim as expectáveis ambições chinesas. Como aplicar esta nova enfase nas questões asiáticas sem que os chineses se sintam ameaçados é a grande incógnita com que Obama se vai deparar.

A grande interrogação para este segundo mandato é saber se os EUA vão ser arrastados por Israel para um conflito no Médio Oriente com o intuito de conter as ambições nucleares de Teerão. Esta interrogação pode ser um fator de desestabilização estratégica dos objetivos elencados por Obama.
Nas vésperas da tomada de posse para o seu segundo mandato, Obama depara-se com formidáveis desafios e com mais incógnitas que certezas. Esperam-nos tempos interessantes...

 

(Texto publicado em TVI24)

Leftist way of vote

José Meireles Graça, 06.11.12

O processo eleitoral nos EUA e no Reino Unido é arcaico e anti-democrático, sem dúvida porque os locais não se inspiram na Venezuela; hoje eleger-se-á "o último imperador que se curvará perante um chinês escolhido com igual mestria"; "Aliás, em matéria de comparações se somarmos os votos dos dois únicos partidos de alterne, somada a impossibilidade de um não milionário se meter de permeio, também temos a Coreia do Norte".

 

Isto é forte, é muito forte - um paisano fica emudecido perante tanta lucidez. E atenção: convém não se deixar embevecer com estes espectáculos mediáticos do Primeiro Mundo, que é para não ser tachado de "mentiroso, pobre de espírito e idiota."

Empate técnico entre Obama e Romney

Filipe Miranda Ferreira, 05.11.12

As previsões de Karl Rove

Filipe Miranda Ferreira, 02.11.12

 

Karl Rove é uma das personagens mais polémicas da política norte-americana. O arquitecto da vitória de George W. Bush em 2004 e um dos seus principais conselheiros políticos, é na actualidade um verdadeiro king maker. A sua capacidade de angariação de fundos e de mobilização política tornam Rove numa peça essencial de qualquer campanha republicana.
Na sua coluna no WSJ, Rove afirma que Romney terá pelo menos 51% dos votos e no mínimo 279 votos eleitorais. Mais, afirma ainda que ao contrário do que tem sido noticiado pelos media, o voto antecipado não tem sido favorável ao Obama, ao contráro do que tinha acontecido em 2008, onde Obama esmagou McCain.
Vai ser curioso confrontar Rove no dia das eleições...
 
Texto disponível em http://eua12.blogspot.pt/

O Leal Conselheiro

José Meireles Graça, 13.10.12

"As most of you know our company, Westgate Resorts, has continued to succeed in spite of a very dismal economy. There is no question that the economy has changed for the worse and we have not seen any improvement over the past four years. In spite of all of the challenges we have faced, the good news is this: The economy doesn’t currently pose a threat to your job. What does threaten your job however, is another 4 years of the same Presidential administration. Of course, as your employer, I can’t tell you whom to vote for, and I certainly wouldn’t interfere with your right to vote for whomever you choose. In fact, I encourage you to vote for whomever you think will serve your interests the best."

Este tipo acha que mais quatro anos de Obama não darão saúde à economia em geral e à empresa dele em particular. E di-lo num e-mail a todos os trabalhadores da empresa.

 

Escândalo: o título da notícia é "Multimilionário ameaça despedimentos se Obama ganhar". No texto, entre outros detalhes, informa-se que David Seagal vive numa casa com quase 3 hectares, inspirada em Versalhes (vê-se pela fotografia que Versalhes fica realmente muito longe da Florida, a casa nem com Vaux-le-Vicomte compete). Mas a informação é útil: um tipo que vive numa casa deste tamanho só pode ser um patife. E o patife leva o desplante a pontos de tentar influenciar o voto dos seus trabalhadores - maldito cacique.

 

Sucede que acho que Obama é, no Olimpo da política mundial, uma espécie de casamento gay entre Hermes, deus dos oradores, e Éolo, deus dos ventos. Falas bem mas fazes tudo o resto mal, Obama. E mesmo que o outro candidato já tenha o seu pé de meia de deslizes, se eu fosse Americano não hesitava.

 

E ainda que não me passasse pela cabeça escrever aos trabalhadores a confiar-lhes as minhas opiniões políticas, confesso não perceber por que razão é moralmente censurável fazê-lo: o voto não é secreto? os trabalhadores têm uma cabecinha tão fraquinha que a opinião do patrão, do padre, do polícia e do presidente da câmara - conta muito? tentar influenciar não é o que todos fazemos, até este ignoto escriba?

 

Histórias de gringos, é o que é. Nós cá não temos disso; nem casas à moda de Versalhes.

 

Debate Ryan/Biden: 11 de Outubro - Algumas notas

Filipe Miranda Ferreira, 12.10.12

 

Os debates vice-presidenciais não costumam ter um grande peso no resultado final das campanhas dos EUA. Ainda não me parece claro a importância deste, mas julgo que podemos tirar uma ou duas conclusões. Neste caso as expectativas funcionaram contra o candidato republicano, pois recentes sondagens afirmavam que os americanos esperavam que este batesse Biden. O histórico do candidato democrata de gaffes e declarações erróneas não augurava uma grande noite para ele, mas o simples facto de superar as expectativas pode ser considerado como uma vitória. A forma aguerrida e combativa de Biden, quase o inverso da de Obama no último debate, surpreendeu Ryan e colocou o candidato republicano na defensiva. As sondagens e mesmo muitos comentadores subestimaram a experiência e capacidade de interação de Biden. Este só pecou por ser muito excessivo na forma das suas intervenções, facto este que embora possa revitalizar o entusiasmo dos eleitores democratas, não creio que tenha grande saída com eleitores independentes. Ao contrário do que seria expectável, considerei Ryan muito melhor na parte de polítca externa e Biden melhor na economia e nas políticas sociais. O tom do debate foi quase sempre muito duro e directo, mas foi sem dúvida um debate com substância, onde os assuntos foram debatidos com detalhe, parecendo a dada altura existir uma verdadeira guerra de números. No fim da linha, julgo que este debate foi mais importante para os democratas porque pode ter quebrado o momentum dos republicanos e Biden, com a sua prestação, tirou a campanha democrata do estado de depressão em que se encontrava.

Temos campanha!

 

Texto disponível em http://eua12.blogspot.pt/

Tudo em aberto

Filipe Miranda Ferreira, 09.10.12

 

 
Ainda está para provar que os debates televisivos sejam decisivos na escolha que cada cidadão tem de fazer ao escolher o seu candidato a uma respectiva eleição, mas é inegável que o primeiro debate Romney/Obama de 3 de Outubro virou por completo a dinâmica da campanha.
Depois de um mês de Setembro absolutamente desastroso para Romney, este debate era crucial para a sobrevivência da sua campanha. Não foi por acaso que a sua preparação foi prolongada e minuciosa, granjeando mesmo algumas críticas por parte de elementos do partido republicano por estar a ter poucas aparições públicas, dado o seu empenho no debate.
Já Obama, no alto dos seus números e das suas sondagens muito positivas, não perdeu quase tempo algum na preparação do debate, menosprezando o seu impacto junto dos americanos. Como se viu...uma má decisão.
Esta semana começam a sair as sondagens pós-debate ao nível dos estados, essenciais para confirmarmos o efeito game changer do debate. Neste momento...está tudo em aberto.
(Texto disponível em EUA 2012)